Após lesões, Felipão precisa usar a imaginação e ser criativo. Conseguirá?

Felipe Pires
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A lesão de Felipe Pires, constatada pouco depois de Gustavo Scarpa também ter um entorse confirmado, deixa Felipão com ainda menos opções para montar o time para a sequência do campeonato paulista.

Com Deyverson suspenso até a penúltima rodada da fase de classificação, Felipão precisará a recorrer a Borja em todos os jogos, desgastando fisicamente o colombiano – a não ser que improvise alguém na função.

Dudu é outro que vem sendo escalado constantemente, e parece pouco provável que Felipão resolva abrir mão de seu futebol para poupá-lo justo agora.

Veja abaixo o mapa da situação atual do elenco do Palmeiras:

As opções disponíveis

Ricardo Goulart
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Felipão tem neste momento apenas sete jogadores para escolher quem serão os quatro da linha ofensiva. Sua preferência notória por um jogador de velocidade aponta para Carlos Eduardo, que assim pode ganhar novas chances de se redimir perante a torcida. Por outro lado, novas atuações melancólicas, a esta altura bem mais prováveis diante de sua evidente falta de confiança, podem encurtar sua passagem pelo clube e gerar um enorme problema para Alexandre Mattos.

Dudu pode ser esse jogador veloz, liberando o flanco oposto para outro jogador com mais cadência – pode ser Zé Rafael, Raphael Veiga ou mesmo Ricardo Goulart. Dois deles podem ser escalados ao mesmo tempo: alguém pode jogar por dentro se Lucas Lima for sacado do time. Goulart pode até jogar como nove.

Felizmente, mesmo com várias baixas, as opções restantes são de alta qualidade e Felipão pode, com alguma criatividade, imaginar um Palmeiras mais agressivo no ataque, com posse de bola e envolvendo o adversário.

Resta saber se o general está disposto a exercitar essa criatividade ou se seguirá preso a conceitos simples e previsíveis. O recado ele já deu: quem manda é ele.

O papel da torcida

Ferroviária 0x0 Palmeiras
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Vamos seguir torcendo para que nosso treinador repita o sucesso de 2018 – mas vai precisar de algo mais que uma defesa (muito) bem armada e ligações rápidas na vertical, como foi o segundo turno do Brasileirão do ano passado e vem sendo neste início de ano.

Apoiar quem entra em campo, independentemente das preferências pessoais, também parece ser mais inteligente do que mandar nosso jogador TNC com a bola rolando, como lamentavelmente aconteceu ontem em Araraquara.

Borja não é o centroavante dos sonhos de ninguém e vive uma inegável má fase. Perdeu um gol feito no Pacaembu, na semana passada, e voltou a perder chances claras ontem, no interior – o que explica a falta de paciência da torcida, mas não a justifica.

Centroavante vive de gols, diz o chavão. Borja terá várias chances de fazer as pazes com as redes e com o grosso da torcida. Com a bola entrando, 90% da torcida esquecerá destas chances perdidas e a vida vai seguir.

Precisamos de Borja inteiro e confiante, ao menos nesta fase do campeonato, enquanto Arthur Cabral, que de repente virou o melhor centroavante do mundo mesmo sem jogar, não puder ser escalado pela limitação imposta pelo regulamento. Vamos Miguel! VAMOS PALMEIRAS!


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Borja perdeu um gol e começou a III Guerra Mundial

Borja
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O gol perdido por Borja, aos 2 minutos do segundo tempo da partida contra o Bragantino na última segunda-feira, não poderia ter vindo em pior hora. Depois do chute de Dudu, a bola desviou na zaga e o goleiro Alex Alves rebateu com o pé para o meio da área, onde estava o colombiano. Borja só precisava escorar a bola, mas acabou batendo forte demais e ela encobriu o travessão.

Pouco antes, aos 27 do primeiro tempo, Borja conquistou um pênalti ao perceber que o goleiro do Bragantino saiu com muita velocidade para fechar o ângulo, após ótimo passe de Dudu para o camisa 9 dentro da área – Borja puxou de lado e apenas esperou o inevitável contato, numa jogada inteligente.

Durante todo o jogo, o colombiano teve boa atuação, fazendo bem as funções táticas, posicionando-se bem, segurando os zagueiros, abrindo espaço para a chegada dos companheiros. Mas a oportunidade perdida grita mais alto. No futebol, é assim.

O camisa 9 perdeu um gol feito e passou em branco. A sensação do torcedor ao sair das arquibancadas do Municipal é de decepção e revolta com o centroavante – mesmo após uma vitória.

Uma rápida olhada em volta

Observando o panorama dos homens-gol dos clubes da Série A, percebemos que Borja está entre os melhores. Poucos atletas da lista abaixo satisfariam nossa torcida, que está cada vez mais mimada e exigente por grife.

Palmeiras

Borja, Arthur Cabral e Deyverson

SCCP

Gustavo, Boselli e Vagner Love

SPFC

Pablo e Diego Souza

Santos

Rodrygo e Yuri Alberto

Flamengo

Gabicelha, Ceifador e Uribe

Fluminense

Pedro

Vasco

Maxi Lopes

Botafogo

Kieza e Rodrigo Pimpão

Cruzeiro

Fred, Raniel e Sassá

Atlético-MG

Ricardo Oliveira              

Grêmio

Felipe Vizeu, Diego Tardelli e André

Internacional

Guerrero, Pottker e Alvez

Avaí

Daniel Amorim

Chapecoense

Wellington Paulista

Athletico

Marco Rúben

Goiás

Brenner

Bahia

Gilberto e Fernandão

Fortaleza

Júnior Santos

Ceará

Roger e Ricardo Bueno

CSA

Patrick Fabiano

Um peso que ele não pediu para carregar

Borja
AFP

Borja carrega há dois anos o peso de ter custado muito caro. Artilheiro da Libertadores em 2016 com o Atlético Nacional, chegou como unanimidade, com status de máquina de fazer gols, com direito a recepção de popstar mundial no aeroporto de Guarulhos. E ele não pediu por nada disso.

Ele é apenas o Miguel, um bom centroavante. Artilheiro do Palmeiras em 2018, artilheiro do paulista e da Libertadores, marcou 32 gols em 93 jogos com a camisa do clube. Considerando que dificilmente atua durante os 90 minutos – ou é sacado, ou entra durante os jogos – os números são muito bons.

Todo centroavante perde gols. Se Evair perdia gols feitos, Borja vai perder também, e mais vezes. Romário perdia gols. Careca, Weah, Van Basten, Batistuta, Klinsmann, perdiam gols feitos. Borja, que é de carne e osso e não o centroavante do videogame, parece que não tem esse direito.

Borja não é o melhor centroavante da História do Palmeiras, claro. Nem o melhor deste século. Provavelmente não seja nem o melhor desta década, em que já tivemos, em tempos bicudos, Barcos e Alan Kardec. Mas é um bom centroavante, mete gol. Às vezes bate de canela, mas põe pra dentro.

Mais inteligência, por favor

Borja
Marco Galvão/Estadão Conteúdo

Parece claro que o Palmeiras pode ter um camisa 9 com mais qualidade e que meta tantos ou mais gols quanto o colombiano. Se chegou uma grande proposta por ele, o Palmeiras precisa estudar, principalmente, como irá repor sua eventual saída.

O mercado está aí, cheio de oportunidades, e temos em nossa equipe o executivo mais capacitado para identificá-las e transformá-las em realidade.

Mas enquanto isso não acontece, Borja merece e precisa de nosso apoio. Primeiro, porque ele deve entrar em campo no próximo jogo e dependemos dele para comemorar gols. E segundo porque, caso a negociação avance, quanto mais nossa torcida detoná-lo nas redes sociais, maior o poder de negociação do interessado.

Imagine você tentando vender o seu carro usado no feirão e de repente o seu caçula solta na frente do comprador: “papai, esse moço aí que é o trouxa pra quem você vai empurrar a nossa carroça?

É assim que nossa torcida está se comportando nas redes sociais. Está faltando um pouquinho de inteligência.


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Mesmo com números positivos, Borja segue contestado por sua grossura

Borja e Mayke
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A torcida do Palmeiras vive um carrossel de emoções com Miguel Borja no comando do ataque. O colombiano já marcou dez gols este ano, deu algumas assistências, foi artilheiro do Campeonato Paulista e segue fazendo gols – ontem, em Lima, deixou sua marca mais uma vez e ainda teve participação importante no primeiro gol.

Mesmo com todos esses números, o atacante que custou R$ 35 milhões ao Palmeiras ainda faz boa parte da torcida arrancar os cabelos com sua evidente grossura, comprovada após mais de um ano como jogador do Verdão.

No ano passado, Borja tinha como justo escudo a famosa “barreira do idioma”, além da “personalidade introvertida”. O principal problema, entretanto, era a adaptação ao estilo do futebol brasileiro, bem diferente do que estava acostumado a jogar na Colômbia. Era mais do que justo exercitarmos a paciência.

Hoje, Miguel já aprendeu a marcar, a se posicionar e a se deslocar de forma que participe mais do jogo e renda mais para o grupo. E é exatamente aí que notamos o quanto ele é grosso. A dificuldade para dominar uma bola é gritante. Como ele maltrata a criança!

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra

Comemoração em Lima, pela Libertadores
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Na Colômbia, Borja só tinha que se preocupar em dar um toque na bola – normalmente direto para o gol. No máximo, uma ajeitada para depois soltar a patada. Nessas condições, ficava difícil detectar o quanto ele tem problemas para fazer um domínio, ou para levantar a cabeça e enxergar o que fazer, ou para executar bem um passe.

Encantados com seus canhonaços, nem notamos que ele é péssimo cabeceador e que tê-lo no ataque significa abrir mão de jogadas aéreas como alternativas para buscar o gol.

Mas ele está longe de ser o pior atacante do mundo. Já tivemos centroavantes muito, mas muito mais grossos que Borja, e nem precisamos voltar demais no tempo para lembrar de exemplos claros. A questão é que, mesmo com essa grossura, ele tem números muito bons este ano, além de uma postura profissional irretocável. Há até quem feche os olhos para suas deficiências, satisfeito com os resultados entregues.

Tudo isso nos leva a pensar sobre a posição de quem está insatisfeito: choram de barriga cheia ou têm todo o direito de pensar mais alto ainda, sonhando com um centroavante que seja, ao mesmo tempo, letal nas finalizações mas que também tenha mais intimidade com a bola e participe com mais elegância e principalmente, mais efetividade nas jogadas?

O fator grana

Borja
Marco Galvão/Estadão Conteúdo

Um dia acreditamos que Borja seria o atacante de nossos sonhos. O estilo de jogo na Colômbia mascarou suas deficiências e pagamos nele um valor muito, mas muito acima do que hoje sabemos que ele realmente vale. E é preciso fechar essa conta, sobretudo depois que a Receita Federal mudou a regra do jogo e Borja, assim como outros atletas que vieram com apoio financeiro da Crefisa, passaram a ser dívida do clube e não risco do patrocinador.

Entra também na equação o reserva: Deyverson, este sim, um fracasso completo, um atacante ruim em todos os sentidos que também não custou barato – cerca de R$ 16 milhões. O pior é que ele nem tem as características de um centroavante nato e Borja acaba sendo o único realmente especialista na posição do elenco.  A única forma de recuperar o investimento feito no jogador que veio do Alavés seria na venda de Miguel – é pouco provável que o Palmeiras salve mais que R$ 5 milhões neste equívoco que usa a camisa 16.

Temos três cenários possíveis no superaquecido mercado de julho:

  1. Borja se destaca na Rússia e um time pequeno da Inglaterra paga até mais que a grana nele investida em 2017. No lucro, o Palmeiras traz um centroavante artilheiro e bom de bola, e segue com Deyverson no banco;
    • Uma variação desta possibilidade seria vender também o Deyverson e trazer outro centroavante para o banco – teríamos uma dupla de centroavantes totalmente nova para o segundo semestre e a situação financeira resolvida;
  2. O Palmeiras não consegue nenhuma boa oferta por Borja, que segue no elenco; Mattos mesmo assim traz um atacante de ponta e Miguel vai para o banco; o Palmeiras se livra de Deyverson por uma ninharia e resolve de vez o problema do comando de ataque – mas acaba com as chances de ter sucesso financeiro na operação, amargando um enorme prejuízo;
  3. Nada acontece e o Palmeiras segue com Borja e Deyverson – o colombiano fazendo seus gols, o treinador recorrendo ao camisa 16 quando necessário e o Palmeiras ponteando os campeonatos – sempre sonhando como poderia ser mais fácil se tivéssemos um centroavante que fizesse gols e que ainda chamasse a bola de “meu amor”.

A novela ainda tem chão. A seguir, cenas dos próximos capítulos.


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Borja: é preciso ouvi-lo mais e falar menos

por Douglas Monaco*

Borja
César Greco/Ag.Palmeiras

É fato que o desempenho de Miguel Angel Borja nestes primeiros meses após sua contratação pelo Palmeiras tem frustrado/preocupado a torcida e alimentado dois focos de negatividade contra o jogador: os (maus) profissionais da pretensa imprensa esportiva têm se esbaldado em criticar a contratação e em “profetizar” que Borja será um mico no clube; os políticos do clube têm exercido a habitual pressão contra os dirigentes que trouxeram o jogador, marcadamente o executivo de futebol, Alexandre Mattos.

Observando a coisa de fora desde a chegada dele, a impressão que dá que está faltando ouvi-lo mais. Tem muita gente dizendo o que é que ele tem de fazer para render bem. Mas não tenho certeza de que ele tem sido ouvido, de como ele tem recebido essa enxurrada de conselhos e de como ele tem convivido com tanta expectativa.

Mais à frente, explico melhor o que quero dizer, mas antes acho importante descrever o que vi nele desde a sua chegada.

O desempenho visível de Borja

Os primeiros minutos contra a Ferroviária foram apoteóticos, desde o frisson que antecedeu sua entrada no jogo vindo do banco até o golaço num contra-ataque que demonstrou força, velocidade, rapidez de raciocínio e perícia na finalização.

Depois, veio outro golaço numa sexta à noite contra o Red Bull em Campinas, também vindo do banco. Aí veio uma sequência que começou com aquela sensação de “uuuuhh” no jogo contra o Tucuman, lá, em que ele finalizou bem várias vezes, mas em todas, por pouco, a bola não entrou.

Borja
Marco Galvão/Estadão Conteúdo

A sequência seguiu com algumas oscilações de rendimento, pênalti perdido contra o Peñarol no Allianz Parque, reações espalhafatosas a substituições durante os jogos, bons jogos contra o Novorizontino, a debacle contra a Ponte Preta e a declaração um pouco controversa do então treinador sobre “Borja ter vindo a peso de ouro e sentir-se incomodado por não estar rendendo proporcionalmente”.

Tudo isso gerou uma nuvem de dúvida sobre ele: “vale tudo que custou”? “É um Obina gourmetizado”? “Foi contratado com base em pouca observação”? Parece que torcida e “emprensa” acabaram fomentando essas versões.

Trocou-se o treinador e logo na coletiva de apresentação de Cuca – o novo-antigo treinador – este prometeu mantê-lo nos jogos até o fim para ele se sentir à vontade. Na reestreia de Cuca, Borja pôs duas para dentro, foi mantido até o fim do jogo e a coisa parecia solucionada.

Mas com novas oscilações, substituições e até idas para o banco, as dúvidas voltaram; hoje, a grande colocação é que falta a ele assimilar ideias que Cuca requer de seus jogadores, inclusive o centroavante: movimentação, recomposição e bote no homem com a bola.

Suspeitas

Suspeita 1

Parece que o Borja está sem autoconfiança, errando passes e toques simples que um jogador da qualidade dele normalmente não erra. A sensação é que ele tem ouvido tanto sobre coisas em que tem de evoluir que passa por um autoquestionamento generalizado que o está inibindo até de fazer coisas básicas.

E essa inibição o atrapalha em momentos mais cruciais, como a escolha que fez na última quarta-feira na finalização defendida pelo goleiro, após jogada e passe geniais do Alejandro Guerra. Vendo o lance com atenção, percebe-se que havia espaço para ele fintar o goleiro para a direita e finalizar para o gol vazio. Ele tem habilidade e velocidade para isso, conforme demonstram as dezenas de gols feitos em 2016.

A impressão é que, ao invés de optar por um lance com um certo risco, mas que para ele com sua categoria, seria perfeitamente exequível, ele quis resolver logo e “se livrar da pressão”.

Suspeita 2: falta ouvi-lo

Borja
AFP

A impressão é que muito tem se falado com ele, mas pouco se tem ouvido dele. E às vezes, para algumas pessoas, o “ouvir” tem de ir além de perguntar “como vai” ou “vem cá e me conta o que está acontecendo”.

Quero dizer: é fundamental entender a história da pessoa a quem se quer ensinar algo, para que se possa formular o ensino levando em conta as premissas da pessoa, e até palavras a que a pessoa esteja acostumada.

Eu assistiria a muitos jogos dele do tempo pré-Palmeiras, buscaria informações sobre a trajetória da carreira, quais características dele foram valorizadas nos momentos em que ele foi subindo desde a base até ser eleito “Rei da América” em 2016.  Esse conhecimento possibilitaria dizer o que se quer dele hoje em palavras que ele entende e que refletem conceitos e práticas que foram fatores de seu sucesso.

Outro efeito importante dessa iniciativa seria que Borja ganharia mais confiança nos que o comandam, algo que, por sua vez, fortaleceria a sua autoconfiança.

Momentâneo pessimismo

Fiz questão de escrever este texto porque, francamente, neste momento sinto me um pouco pessimista quanto às reais chances de sucesso dele. Nem de longe por desconfiança quanto a ele ou quanto à comissão técnica, que entendo ser da maior competência, principalmente o treinador.

Mas, no contexto de nosso clube – zumbis do conselho, cornetagem da torcida, inveja da “emprensa” etc. -, não consigo enxergar condições de se dar tempo a ele para esse desenvolvimento.

Há algumas semanas, em “¿Qué pasa, Miguelito?”, o Verdazzo pedia à torcida do Palmeiras que tivesse mais paciência com Borja. Corretamente, o texto apontava para as qualidades do jogador como justificador dessa paciência.

Meu temor é que as condições para a concessão de tal paciência estejam se deteriorando.

Por isso é que uma atenção mais integral, mais detida na pessoa dele e em entendê-lo pode ser o fator decisivo – e urgente – em extrair desse grande profissional todo o potencial que ele tem para oferecer.

Que nosso treinador – que parece ser um cara muito humano, além de possuir extrema competência no trabalho – tenha essa sensibilidade e consiga falar com o Borja, “na língua do Borja”.

#ForzaCuca
#ForzaBorja

* Douglas Monaco é leitor e padrinho do Verdazzo.

¿Qué pasa, Miguelito?

Em meio aos bons resultados em campo, um jogador tem decepcionado bastante em 2017: Miguel Borja. O atacante colombiano, que foi uma das transações mais caras da história do futebol brasileiro, ainda não encaixou no Palmeiras. Nem Eduardo Baptista, em quatro meses; nem Cuca, em algumas semanas, conseguiram extrair do colombiano seu enorme potencial.

O desempenho aquém do esperado – “apenas” seis gols em 16 jogos – já faz com que os torcedores mais impacientes comecem um processo de fritura no jogador. O velho problema de confundir uma postura exigente com burrice: perder a paciência com Borja é diminuir ainda mais as chances dele reverter a tendência – e tudo o que mais queremos é que ele corresponda às expectativas.

Borja
César Greco / Ag.Palmeiras

Quando um jogador é fraco tecnicamente e não tem condições de vestir a camisa do Palmeiras, a vaia se justifica. Mais ainda, quando o jogador não se esforça e parece estar em campo nos fazendo um favor. O colombiano não parece ser nenhum dos dois casos.

Pessoalmente, Borja, de 24 anos, parece ser muito retraído. Já passou por rápidas experiências fora da Colômbia – na Argentina e na Itália – e não foi bem sucedido. Para marcar gols, precisa se sentir em casa, e só o tempo pode proporcionar isto a ele no Brasil.

O fato de ter sido objeto de um investimento muito alto e a colossal recepção no aeroporto de Guarulhos também contam na pressão, que vem tanto de torcedores insatisfeitos quanto dele próprio. As demonstrações de irritação do colombiano parecem ser muito mais consigo mesmo do que com outros fatores. Depois de ganhar a garantia de 90 minutos na estreia de Cuca, contra o Vasco, ele voltou a ser sacado nos jogos seguintes, quando teve atuações discretas e obviamente deve ter se sentido muito frustrado.

Para poucos

Não é todo jogador do Palmeiras que merece o luxo de uma dose extra de paciência da torcida. Borja, certamente, é um deles. Seu faro de gol é notável. Seu imenso talento está dentro da área, onde ele ainda não teve tantas chances de atuar – Cuca, assim com Eduardo, está tentando fazê-lo evoluir com deslocamentos para longe do gol. Talvez seja hora de desistir dessa ideia e adaptar um pouco mais o jeito do time a uma arma potencialmente letal – pelo menos neste momento em que a confiança anda em baixa.

Nossa torcida já mostrou que é capaz de relevar uma sequência de más atuações; Dudu é o exemplo mais evidente: campeão pelo clube e ídolo, símbolo da raça que a torcida tanto valoriza, nosso capitão vem fazendo partidas piores que as de Borja e é poupado da ira da torcida – corretamente. E se já nos mostramos capazes de relativizar as más atuações de um jogador que já rendeu muito no passado, podemos também fazer o mesmo com um cara que pode render muito no futuro e que vem dando claras demonstrações de que precisa de apoio e paciência.

VAMOS BORJA! VAMOS PALMEIRAS!