O maior beneficiado da fervura no mercado de treinadores é o Palmeiras

Cuca foi um dos treinadores mais intensos com passagens pelo Palmeiras neste século.
Cesar Greco

O mercado de treinadores ferve mais que o de jogadores nesta última semana do ano. As últimas notícias dão conta que Cuca pediu demissão do Atlético-MG e que o Flamengo, cujos diretores investiram as últimas semanas em tentativas tresloucadas (e fracassadas) de trazer de volta Dom Sebastião – ops, Jorge Jesus, estaria fechando com Paulo Sousa, treinador de trabalhos medianos.

Para bagunçar ainda mais o cenário, Jorge Jesus amanheceu por detalhes de ser oficialmente dispensado pelo Benfica, horas depois do vice-campeão da Libertadores desistir de sua contratação. Mas isso não quer dizer que o Flamengo não possa “desistir de desistir”, deixando Paulo Sousa na mão e recontratando seu amado “mister” – o que seria uma canalhice com o Sousa, que já se desgastou com a Federação Polonesa ao se demitir para assinar com os cariocas.

O Galo ganhou o Brasileirão e a Copa do Brasil, mas agora paga o preço de ter o instável Cuca como comandante. Sabemos, pelas duas passagens recentes pelo Palmeiras, que seu peculiar sistema de jogo traz resultados – mas o treinador não consegue fincar raízes, mesmo após trabalhos vencedores.

O comandante do ênea não consegue manter o vestiário em harmonia, além de ter questões pessoais – família e/ou saúde – sempre interferindo em sua carreira. Isso acaba por caracterizá-lo como um técnico-bombeiro, para projetos de curto prazo – o que é péssimo para sua imagem num mercado que finalmente começa a compreender que a longevidade do treinador é um fator determinante para o protagonismo.

Além de Atlético e Flamengo

O Palmeiras passou por cima de Atlético e Flamengo na Libertadores e os dois rivais parecem ser os principais adversários também para a próxima temporada. Mas existem ainda os coadjuvantes que têm potencial para incomodar.

Inter, SPFC e SCCP parecem ter projetos mais modestos para 2022. Os gaúchos estavam próximos de acertar com Paulo Sousa quando tomaram um passa-moleque do Flamengo e tiveram que recorrer ao plano B, o uruguaio Alex Medina. Nossos rivais paulistas insistem em técnicos de segundo escalão, com elencos duvidosos.

Já clubes como Athletico-PR, Bragantino e Fortaleza podem repetir ou até melhorar o bom desempenho de 2021, mas ainda não parecem ter peso na camisa para bater de frente em busca de títulos de primeira grandeza. Se tanto, podem almejar uma Copa do Brasil – o que não lhes cairia nada mal.

Alberto Valentim, Mauricio Barbieri e Juan Pablo Vojvoda tendem a seguir em seus promissores projetos, mas é inegável que vão, no mínimo, coçar a cabeça se Flamengo ou Atlético acenarem – e quaisquer eventuais saídas desmontariam os planejamentos de seus atuais clubes.

Por aqui, tudo bem

Abel Ferreira passa o Natal de 2021 com sua família, em Portugal
Reprodução / Instagram

Enquanto as vagas de treinadores nos dois principais adversários do Palmeiras seguem indefinidas, Abel Ferreira segue descansando em Portugal, certamente pensando em como pode aproveitar os reforços já anunciados pelo Verdão e os que, esperamos, estão em negociação.

Iniciar a temporada com o técnico definido tem muitas vantagens. O ciclo de reformulações no elenco obedece ao planejamento do comandante; assim, o Palmeiras tem condições de montar um elenco à feição das lacunas identificadas depois de pouco mais de um ano de trabalho.

Quem troca de treinador em plena janela de contratações perde oportunidades importantes de dar tiros certeiros e obriga o novo chefe a adaptar totalmente seu estilo a um elenco que ele ainda está por conhecer. Não é impossível fazer uma temporada vitoriosa desta forma, mas é bem mais difícil.

É dever da diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras proporcionar a Abel Ferreira, um treinador que tinha a opção de voltar para a Europa mas que escolheu seguir no Palmeiras, um elenco à altura do bicampeão da Libertadores.

Resta saber se a nova diretoria vai, desta vez, deixar o elenco como Abel deseja e não obrigá-lo a tirar leite de pedra, como em 2021. E não podemos nos esquecer que o preço desses milagres foi fraquejar no Brasileiro e na Copa. Se queremos ser de fato dominantes, precisamos de um elenco mais equilibrado e encorpado.

Como diz o chavão, chegar no topo é complicado, mas se manter lá é mais difícil ainda. Então, é preciso investir – com sabedoria e equilíbrio.

Tudo bem mesmo?

É pouco provável, bem pouco provável mesmo. Praticamente impossível. Mas este artigo seria completamente virado pelo avesso se o Benfica seduzisse Abel Ferreira e o tirasse do Palmeiras.

Talvez a única chance disso acontecer é se ele sentir que a atual diretoria não vai atender a seus pedidos.

Isola! VAMOS PALMEIRAS!


O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Conheça mais clicando aqui: https://www.catarse.me/verdazzo.

O efeito borboleta que culminou na saída de Cuca do Verdão

Maurício Galiotte
Divulgação

A saída de Cuca no início da tarde de sexta-feira marca mais uma ruptura no projeto técnico do Palmeiras. Entretanto, ao contrário das trocas anteriores, desta vez a diretoria acertou no momento.

Uma troca em outubro mantém o planejamento para o ano seguinte intacto. O mercado ainda está se aquecendo e os ajustes a serem feitos no elenco do ano seguinte seguirão o projeto técnico do próximo treinador – resta saber se a diretoria pretende manter Alberto Valentim na função, após um ótimo trabalho ontem em Goiânia, ou se vai recorrer ao mercado para preencher a lacuna.

A segunda passagem de Cuca

Cuca
Divulgação

Como se sabe, Cuca deixou o comando técnico do Palmeiras em dezembro, após a conquista do Brasileirão, para cuidar temporariamente de projetos pessoais, situação previamente acordada com a diretoria antes mesmo de sua contratação. O sucesso do time que contava com Gabriel Jesus voando resultou na criação da Igreja Cuquista em nossa torcida. Seu substituto, Eduardo Baptista, teve que lutar contra seu fantasma – um dos maiores obstáculos enfrentados pelo treinador, que também não se ajudou ao demorar para encontrar um padrão técnico aceitável em meio às disputas do Paulistão e da Libertadores.

O fantasma era real e Cuca acabou sendo recontratado em maio, com uma estreia avassaladora: 4 a 0 no Vasco, na estreia do Brasileirão, deixando a torcida nas nuvens. Mas nas rodadas seguintes a magia se desfez. O elenco não tinha peças importantes do ano anterior e alguns remanescentes já não mostravam a mesma exuberância técnica. Cuca não conseguia extrair a mesma intensidade dos atletas e o Palmeiras, embora tenha se mantido como um dos times mais fortes do país, falhou em todas as competições e tende a encerrar o ano sem nenhuma conquista.

O sistema de marcação de Cuca, que exige que atacantes acompanhem os laterais adversários, não encaixou como no ano passado. O treinador já provou que o sistema é factível, mas exige precisão suíça. Quando se está vencendo, os jogadores acabam se desdobrando para manter o esquema funcionando. Mas quando os resultados não vêm é bem mais difícil extrair a doação extrema, física e mental, dos atletas.

Felipe MeloA situação complica quando se tem no elenco jogadores capazes de bagunçar a harmonia. Roger Guedes ganhou a antipatia de boa parte do grupo com um comportamento por vezes mimado, como no episódio em que reagiu mal a um trote corriqueiro dos companheiros. Como correspondia em campo, ao menos nos números, com ótimos índices de participação em gols, manteve o prestígio com o treinador, o que acabou sendo interpretado por muita gente como “proteção”.

Por outro lado, a chegada de Felipe Melo, que com seu jeito marqueteiro, conquistou boa parte da torcida. Contratado após a saída de Cuca, não se encaixava no estilo de marcação idealizado pelo treinador e acabou perdendo a posição. Inconformado, vazou um áudio explosivo, no qual disse que beberia champanhe com a queda do treinador. Mesmo depois de ser afastado do elenco, seguiu em sua queda de braço pessoal. Venceu e viu sua profecia se concretizar.

Espiral negativa

Barcelona x PalmeirasCuca entrou na espiral negativa que o derrubou por ocasião das eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil. Gols nos minutos finais em partidas contra o Barcelona e Cruzeiro, que foram muito mais frutos de desatenção e inocência dos jogadores do que do sistema tático, tiraram o Palmeiras das disputas, o que minou a confiança dos atletas.

Daí decorreu a queda na intensidade que destruiu as chances de sucesso no Brasileiro. O Palmeiras perdeu pontos inadmissíveis após a eliminação na Libertadores: tropeços contra Vasco, Galo, Chapecoense e Bahia, todos em circunstâncias em que a vitória estava em nossas mãos, nos tiraram pontos que estariam nos deixando pau a pau com o líder do campeonato.

Cuca afundou nessa espiral quando não conseguiu manter o elenco 100% motivado e com fé em seu sistema. Bombardeado por situações extra-campo, teve que desviar o foco muitas vezes para os outros problemas já mencionados – situação agravada pela falta de blindagem por que passa a Academia de Futebol. Falharam os jogadores, falhou Cuca, falhou a diretoria.

Efeito Borboleta

Não deixa de ser interessante imaginar que se o Palmeiras não tivesse tomado um gol de fliperama em Guayaquil, e não tivesse tomado um gol de cabeça do lateral-esquerdo no Mineirão a cinco minutos do fim, os jogadores teriam mantido a confiança em alta, a intensidade continuaria sendo máxima e talvez o Palmeiras, mesmo sem o brilho do ano passado, pudesse estar comemorando o quarto título da Copa do Brasil e brigando pelo Brasileiro e pela Libertadores.

Como o “se”, sabemos, não existe no futebol, a corda arrebentou e Cuca perdeu.

Rei morto, rei posto

Alberto Valentim
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O Palmeiras desperdiçou mais uma vez a chance de construir um ciclo longo com o mesmo treinador, definindo um padrão tático e técnico diferenciado do que se pratica no Brasil. Ao demitir o treinador campeão nacional, o clube que se candidata a ser o principal protagonista do futebol no país nivela-se à mediocridade geral num cenário que descarta técnicos em média a cada cinco meses.

Enfim, é hora de olhar para a frente, porque a bola não para. Alberto Valentim assumiu provisoriamente e, como Cuca, fez um primeiro jogo muito bom. Sabemos, entretanto, que um jogo não qualifica ninguém para nada e que se o interino de fato quiser ser efetivado, vai ter que mostrar uma evolução rápida e consistente – e não sabemos nem se ele terá tempo para isso, já que a planificação do ano que vem não pode começar em janeiro.

A diretoria precisa definir logo quem será o treinador de 2018 e desenhar as trocas no elenco de acordo com seu projeto técnico. Seja Valentim, ou outro nome que venha do mercado – os nomes ventilados pela torcida passam por Abel, Roger, Mano, Rueda e até Luxa – o Palmeiras não tem tempo a perder se quiser voltar às glórias desperdiçadas este ano.

Que as lições, mais uma vez, sejam aprendidas.


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Aqui, o link para se tornar um padrinho deste site: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Possível volta de Felipe Melo agita os bastidores

Fernando Prass e Felipe Melo
Cesar Greco / Ag Palmeiras

Um inesperado movimento cresceu na semana que antecedeu ao clássico contra o SPFC: Felipe Melo, afastado por Cuca e pela diretoria nos primeiros dias do mês, deve ser reintegrado ao elenco do Palmeiras que disputa, até o fim do ano, o Campeonato Brasileiro. O jogador tem contrato com o Verdão até o fim de 2019.

O jogador entrou em rota de colisão com Cuca há pouco mais de um mês. Com seu estilo pouco discreto fora de campo, foi pouco a pouco sendo deixado de lado no time titular, sobretudo após a contratação de Bruno Henrique. Insatisfeito, passou a desempenhar por sua própria conta a função de “técnico auxiliar”, orientando e passando instruções aos jogadores à beira do campo.

Depois, deixou vazar um áudio no Whatsapp detonando Cuca, dizendo que “tem sacanagem” no elenco e que não trabalharia mais com o técnico, a quem chamou de mau caráter, entre outras coisas. Obviamente acabou afastado do grupo e desde então treina em horários alternativos.

Neste movimento de apaziguamento, uma trégua foi proposta entre os dois, para que o volante voltasse a ter clima para trabalhar junto ao grupo. Não se sabe como será recebido, nem exatamente por que a pacificação foi deflagrada, mas é provável que tenha sido por recomendação do departamento jurídico, prevendo complicações com os agentes do atleta, que não querem ver seu cliente sendo “depreciado” ao treinar em separado. Ou pode ser por outro motivo qualquer. Mas por carência no setor, que conta com Thiago Santos, Bruno Henrique, Tchê Tchê, Gabriel Furtado e em breve Arouca, é que não foi.

Como fica o Cuca?

Diante do climão criado pelo jogador que culminou em seu afastamento, é bem provável que Cuca tenha exigido algumas garantias para reabrir as conversas. Se quiser manter sua autoridade sobre o grupo, o treinador precisa ter duas cartas em seus bolsos: uma que lhe dê total liberdade para não escalá-lo ou mesmo não relacioná-lo se não desejar, e outra para reafastá-lo em caso de notar qualquer tipo de má influência de Felipe Melo sobre o grupo.

Mas mesmo que tenha essas duas prerrogativas, num primeiro momento, Cuca sai como derrotado na história, ao menos aos olhos da imprensa e do público. É preciso muito desprendimento e pensamento coletivo para aceitar tal sacrifício em nome de uma situação maior.

E o Felipe Melo?

Maravilhas criadas por Deus! #bonitopornatureza #amomeubrasil?? #paistropical #ousadura #nordeste #ousadura #ousadoNoNordeste ?

Uma publicação compartilhada por felipe (@felipemelo) em

Mesmo tendo passado boa parte de seu “castigo” postando belas paisagens no Instagram, Felipe Melo precisa mostrar que aprendeu a lição se ainda quiser contribuir com o Palmeiras. O período afastado tem que servir como Semancol, para que, em caso de sua reintegração ser confirmada, o jogador baixe a bola e se comporte como um atleta a mais, contratado para servir ao clube, e não como uma prima donna. Que tenha humildade para usar sua experiência, sua raça e sua técnica a favor da coletividade, não para sua promoção pessoal.

O movimento tem todo um jeitão de relacionamento com ex-namorada reatado. Uma atração de origens incertas insiste em envolver as duas partes, mesmo com o universo sabendo que é algo fadado a dar errado.

A tendência é que Cuca dê a Felipe Melo a mesma importância no elenco que tem, por exemplo, Fabiano. Vai entrar uma vez a cada oito ou dez jogos – e temos apenas 16 partidas pela frente. Muitas vezes não será nem relacionado. E o temperamento do jogador, mais uma vez, será posto à prova.

Isso só não acontecerá se o jogador mostrar nos treinos e nas partidas que vai jogar como se fosse o César Sampaio. Se reconquistar a confiança de todos e a posição entre os titulares, se tiver um comportamento exemplar dentro e fora do campo, de forma natural e discreta. Se entregar ao Palmeiras aquilo que se espera dele, nem mais, nem menos. Se tudo isso acontecer, Cuca verá seu sacrifício ser não apenas reconhecido, mas recompensado.

Torcemos muito por isso. Mas alguém coloca fichas?


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Aqui, o link para se tornar um padrinho deste site: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Entrevista de Cuca devolve esperança à torcida, mas o relógio está andando

Cuca concedeu ontem uma ótima coletiva. Seu dia habitual de entrevista é sexta-feira; ontem o escalado para enfrentar a imprensa era o lateral Jean, mas diante do mau futebol e da pressão que surgiu de todos os lados, nosso treinador tomou a frente, esclareceu algumas situações e mostrou bastante firmeza, devolvendo um pouco de esperança ao torcedor palmeirense de ver as coisas melhorando ainda este ano.

Entre as principais mensagens passadas, nosso treinador assegurou que não está desmotivado, como parte de nossa torcida garante. O aparelhinho xinguelingue que muitos cornetinhas de internet possuem, capaz de ler mentes de treinadores, está quebrado: Cuca deixou claro que nem pensa em pedir demissão e que neste momento está focado em achar uma saída para o mau momento que o time vive.

O treinador também fez questão de afirmar que o ambiente de trabalho segue bom, frustrando outros cornetinhas que acreditam ter poderes de se transformarem em mosquinhas que voam dentro do vestiário da Academia de Futebol. Juravam, pela milionésima vez, que o grupo estava rachado. Esse pessoal precisa ser mais criativo e mudar a história, tá chato já.

Veja abaixo a íntegra da coletiva, na qual Cuca atribui a má fase principalmente à perda momentânea de confiança após a eliminação da Libertadores.

Clássico fundamental

Cuca esbanjou experiência ao descrever o atual momento do grupo. O Palmeiras tem um elenco muito bom, mas vive uma fase difícil: ruim mesmo seria ter um elenco medíocre e não ter muitas opções para reverter o quadro. Com toda sua bagagem, o treinador sabe que basta vencer um jogo-chave, fazendo uma boa exibição.

A tabela oferece nada menos que um Choque-Rei no Allianz Parque no próximo domingo. É a chance de ouro de iniciar uma boa arrancada, que passa por encerrar o ano de forma digna e, principalmente, por arrumar a casa para a próxima temporada.

Uma vitória convincente no domingo, além de devolver a confiança da torcida e dos próprios jogadores e de diminuir a pressão sobre técnico e diretor de futebol, empurra o inimigo no abismo. Todos na Academia de Futebol entenderam a importância desse clássico.

E se der tudo errado?

Se o Palmeiras não conseguir um bom resultado, a primeira coisa a se fazer, para quem não tem a primazia de manter um site sobre o time, é ficar longe da internet e do celular se quiser manter a mente sã. A não ser que você seja do tipo que precisa “desabafar” e canalizar todas suas frustrações no seu time de futebol, vociferando e inundando redes sociais e áreas de comentários com ódio, afaste-se.

Maurício Galiotte, numa demonstração de firmeza e liderança, declarou categoricamente ontem em entrevista à ESPN que Cuca e Mattos não correm risco, mesmo em caso de derrota no Choque-Rei. O presidente passou confiança ao treinador e ao elenco. Cuca tem condições de corrigir a rota, mas precisa de tempo. Mais tempo.

O relógio está andando

A torcida e a diretoria precisam ser pacientes e compreensivas, mas o relógio está andando e o grupo precisa responder. O calendário de 2018 será espremido pela Copa do Mundo e temos que transformar os objetivos modestos que nos restaram para 2017 em vantagens para pavimentar o caminho do ano que vem.

Cuca precisa mostrar que achou a direção que pretende seguir, no máximo, até meados de outubro. Se até lá o time não der sinais de evolução, uma troca no comando precisará ser seriamente cogitada, a fim de salvar o planejamento para 2018. A janela de contratações de dezembro e janeiro precisa atender ao estilo do treinador que comandará o time durante todo o ano. Não podemos errar nisso de novo.

A ótima fala do treinador na terça-feira não garante nem a vitória no clássico, nem que o bom futebol será retomado rapidamente. Não marcamos três pontos ontem à tarde e não está tudo bem. Mas diante da firmeza e da coragem demonstradas por Cuca, foi possível recuperar um pouco de esperança, que junto com o amor ao escudo do clube, é a essência de qualquer torcedor.

Ressaca moral tem dia e hora para terminar, para começar a salvar 2018

CucaA partida de ontem contra o Vasco foi altamente depressiva para nossa torcida, não apenas pelo fato do time ter deixado a vitória escapar num lance de escanteio a três minutos do fim, mas principalmente pelo estado anímico lamentável com que o time se apresentou durante os 90 minutos. Com as exceções de Thiago Santos, Luan e Keno, nossos jogadores demonstravam explicitamente que ainda estavam vivendo a ressaca moral da eliminação da Libertadores ocorrida na última quarta-feira.

Com dezenove jogos por jogar na temporada, com objetivos pouco desafiadores, seria realmente complicado exigir logo na partida seguinte à maior decepção do ano que os jogadores entrassem em campo como se nada tivesse acontecido. São pessoas, não máquinas, e estão sujeitos a variações de humor e são dependentes de motivação como qualquer um de nós. É possível relevar uma partida com esse cenário.

Mas se essa apatia perdurar, o Palmeiras vai seguir perdendo pontos que teoricamente seriam fáceis de se conquistar e essa sangria pode colocar em risco até a classificação para a Libertadores.

Nossa torcida é exigente e passional. Sinais de desinteresse, como os que vimos em campo ontem, não são tolerados pela maioria – mesmo num cenário de ressaca. Até os mais pacientes entrarão no modo revolta, e tome grito de “time sem vergonha” nas arquibancadas. Pichações, “conversas” na Academia e chutes nos carros serão os episódios seguintes. Os jogadores então se sentirão mais desconfortáveis ainda e naturalmente romperão qualquer compromisso com resultados até o fim do ano. Essa espiral negativa comprometerá toda a preparação para 2018, que é onde já devemos estar pensando.

Bola está com Cuca

Cabe a Cuca reverter essa tendência. Apesar de termos muitos motivos para desejar que a Chapecoense ainda conquiste muitos pontos neste campeonato, não podemos dar chances ao time catarinense na partida do próximo domingo. Ser “campeão do segundo turno”, ideia lançada em coletiva na sexta-feira, não pareceu ser um estímulo que convencesse a alguém. É preciso encontrar desafios mais inteligentes.

A semana livre, tão desejada desde o início de maio, finalmente chegou e nosso treinador terá tempo suficiente para não apenas iniciar a correção dos problemas táticos que o time apresenta, mas também para motivar o grupo a voltar a jogar bola. Passada a ressaca, o ano que vem tem que voltar a ser enxergado como algo glorioso e todos têm que desejar fazer parte desse projeto. Talvez virar a página de 2017 seja o caminho para juntar os cacos e seguir em frente – e isso se aplica também à torcida.

Esta ressaca moral tem dia, hora e local para terminar: dia 20 de agosto, às 19h, no Allianz Parque.