Pleno do STJD dobra punição a Abel Ferreira

STJD

Abel havia sido punido com uma partida pelo STJD por expulsão na Supercopa do Brasil

O técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, foi julgado pelo Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva na tarde desta quarta-feira e sua pena inicial, de um jogo de suspensão, foi dobrada.

Na disputa da Supercopa do Brasil entre Palmeiras e Flamengo, que aconteceu no estádio Mané Garrincha, em 11 de abril, o comandante alviverde foi expulso ainda no primeiro tempo após reclamar de um cartão amarelo não aplicado por Leandro Vuaden ao meio-campista Diego, que acertou Breno Lopes com um carrinho.

O STJD suspendeu Abel em primeira instância, mas tanto a defesa quanto a procuradoria recorreram da decisão, o que encaminhou o caso ao Pleno.

No julgamento, o Procurador-geral da Justiça Desportiva, Ronaldo Piacente, justificou a majoração da pena dizendo que “Quando ele [Abel Ferreira] diz o que o árbitro era tendencioso ele quis dizer que o árbitro era parcial, unilateral e está beneficiando um time em detrimento de outro”. Além disso, o Piacente se apoiou no histórico do treinador “Outro ponto que se precisa destacar, o Abel Ferreira tem duas expulsões e seis amarelos em apenas cinco meses. Temos matérias jornalísticas juntadas sobre falas do treinador nessa partida. Ele precisa melhorar seu comportamento inadequado. A Procuradoria está pedindo que seja apenado e majorada a pena”.

Os auditores Luiz Felipe Bulus, Ivo Amaral, Paulo Sérgio Feuz e José Perdiz de Jesus e o relator do processo Sérgio Leal Martinez acompanharam o voto do procurador.

STJD ignorou apelo da defesa

Do lado do Palmeiras, o advogado Alexandre Miranda iniciou a defesa falando que o que foi relatado por Vuaden na súmula foi uma “inverdade” e pediu para que o histórico em outras partidas fosse desconsiderado.

“A defesa pediu a presença do técnico por ser possível revisitar esse depoimento de primeira instância. O que foi relatado pela arbitragem foi uma inverdade. Precisamos desmistificar o caso. Técnico jovem, se adaptando ao futebol brasileiro, primário. A Procuradoria diversas vezes se reporta a expressão infrator contumaz a quem não tem nenhuma condenação nessa corte. Ele cumpriu a automática por um ato que foi absolvido posteriormente. A Procuradoria juntou 34 matérias nos autos e 18 não são relacionadas a essa partida. O Abel criticando o calendário, os amarelos, expulsão contra o Ceará em que foi absolvido. A defesa pede em recurso que sejam desentranhadas essas matérias extra petita”, disse.

“Temos uma conduta simples com um cartão amarelo, seguido de um vermelho e foi enquadrado no artigo 258 entendendo que não era uma ofensa. A Comissão julga no artigo 258 e aplica uma partida de suspensão a um treinador que jamais foi condenado. Ele não criticou a arbitragem. Indagado sobre a arbitragem ele fala que a equipe de arbitragem para a partida deveria ser a melhor do Brasil e ponto. A Procuradoria teve a oportunidade de trazer o Vuaden e o bandeirinha para comprovar e não fez. Com base na primariedade, na baixa gravidade, pelo depoimento do treinador e pela escassez de conteúdo probatório, a defesa pede a absolvição do técnico Abel e, não sendo possível, que se aplique a pena de advertência”, finalizou.

Os auditores do STJD ignoraram completamente os apelos da defesa e optaram por dobrar a pena do treinador do Palmeiras.

Relato de Vuaden na súmula foi refutado por Abel Ferreira

Leandro Vuaden
Cesar Greco

Após a decisão da Supercopa do Brasil, o árbitro Leandro Vuaden escreveu na súmula que ejetou Abel do jogo por “contestar de forma ofensiva as decisões da arbitragem, proferindo as seguintes palavras: ‘você é um tendencioso do caralho’ reiteradas vezes, inclusive saindo de sua área técnica. Informo que o mesmo já havia sido advertido verbalmente e com cartão amarelo por sua conduta inadequada. Relato também que me senti ofendido com as palavras a mim dirigidas. Após a saída do treinador expulso o jogo reiniciou normalmente”.

Esta versão, contudo, foi veemente refutada pelo comandante na coletiva pós-jogo, que afirmou ter dito que “fui expulso por reclamar de um amarelo claro e porque disse isto: duas equipes do mesmo tamanho, na minha opinião, mereciam um árbitro do mesmo nível”.

Por conta desta punição, Abel não poderá comandar o Palmeiras nas partidas contra Santos e Atlético-GO, válidas pela 11ª e 12ª rodada do Brasileirão, respectivamente. João Martins, seu auxiliar, deve aparecer no banco de reservas nestes duelos.