O caminho para o deca e os cuidados para que 2009 não se repita

Mauricio RamosEm 2009, o Palmeiras tinha o Brasileirão nas mãos, mas uma série de fatores convergiram para que nosso time naufragasse na reta final e ficasse fora até do G4 – e consequentemente sem a vaga para a Libertadores. O desastre começou na rodada 28, quando empatamos em casa contra o Avaí – mesmo assim, mantivemos a margem de cinco pontos para o vice-líder. Mas daí para a frente, uma sucessão de problemas nos tirou do prumo – um jogo desastroso no Recife, com mais de meio time lesionado ou suspenso, determinou uma derrota por 3 a 0 para o Náutico. Uma derrota dura para o Flamengo de Petkovic no Palestra aumentou o problema: a vantagem caiu para 4 pontos para o segundo colocado, e o próprio Flamengo se aproximou, ficando a seis pontos.

Na rodada 31, perdemos para o Santo André quando Cleiton Xavier sentiu lesão no primeiro tempo. O time já havia perdido Pierre cinco rodadas antes e o meio-campo sentiu muito mais essa perda. A margem de liderança caiu para apenas um ponto. A vitória sobre o Goiás no Palestra, na rodada 32, renovou os ânimos e subimos a diferença para dois pontos, mas em seguida veio um empate por 2 a 2 no Derby em Presidente Prudente. A esta altura, estávamos empatados na liderança com o SPFC, ganhando só nos critérios de desempate.

A partida seguinte, no entanto, foi quase uma pá de cal. A arbitragem criminosa de Carlos Simon na partida contra o Fluminense destruiu o moral do time, que perdeu a liderança após 15 rodadas na ponta. O trauma se refletiu na rodada seguinte, quando ficamos apenas no empate com o Sport em casa, 2 a 2, e vimos o SPFC abrir 3 de frente, com o Flamengo em segundo.

Na antepenúltima rodada, com os nervos em frangalhos, não conseguimos um bom resultado em Porto Alegre, perdendo para o Grêmio por 2 a 0 e vendo dois jogadores nossos sendo expulsos no intervalo por saírem na mão entre si. A vitória contra o Galo no Palestra, com um gol antológico de Diego Souza, foi capaz de nos recolocar em condições matemáticas de chegar ao título na rodada final, mas o Flamengo venceu o sub-13 do Grêmio na rodada derradeira e chegou ao título, enquanto perdíamos melancolicamente para o Botafogo e acabamos o campeonato em quinto lugar.

De volta ao presente: quatro vitórias e um empate

Palmeiras 3x2 SantosApós mais um bom resultado no Brasileirão, o Palmeiras ficou bem mais próximo da conquista do decacampeonato. A vitória sobre o Santos, num dos jogos mais memoráveis do ano, deixou o Verdão a quatro vitórias e um empate da conquista, com seis rodadas para o fim. É uma situação bem diferente, para melhor, da vivida em 2009 no mesmo ponto da disputa.

Com quatro vitórias e um empate, chegaremos a 79 pontos. O Flamengo, com seus atuais 60, mesmo que vença todos os seus jogos, só pode alcançar 78. O Inter pode chegar aos 79, mas teria que descontar nove gols no saldo.

Em nossa tradicional projeção de pontos, a conta para se chegar ao título com alguma margem de conforto é 77 pontos. Considerando que tanto Flamengo como Inter ainda podem tropeçar nesta reta final, a conta parece bastante plausível. Mas, para o momento, precisamos trabalhar apenas com a frieza dos números, para não corrermos riscos. Quatro vitórias e um empate, é o que nos separa da conquista.

Considerando que nosso time vem de uma sequência avassaladora de 13 vitórias e 4 empates, com uma tabela razoavelmente tranquila à frente, a meta parece perfeitamente alcançável. Mas não podemos nos esquecer de 2009 e do redemoinho que nos apanhou na reta final. Na rodada 29, tínhamos 5 pontos de frente e acabamos fora até da Libertadores. A atenção tem que ser total.

O que vem pela frente

Atlético-MGSem as disputas paralelas no calendário, a conquista do Brasileirão está de fato bastante próxima. A partida mais difícil, na teoria, é a próxima, diante do Atlético Mineiro, em Belo Horizonte. O time de Levir Culpi vive um péssimo momento, tendo conquistado apenas um ponto nos últimos cinco jogos – mas exatamente por isso pode se tornar um problema, já que tem sua vaga para a Libertadores, bastante tranquila até duas semanas atrás, bastante ameaçada pelo Santos. Temos plenas condições de vencer, mas um tropeço pode acontecer.

FluminenseEnfrentar o Fluminense no Allianz Parque sempre foi sinônimo de vitória: desde a inauguração, foram quatro confrontos com 100% de aproveitamento. Desta vez, o visitante virá sem maiores aspirações – já está a uma distância confortável da zona da confusão e pensa nas semifinais da Sul-Americana. Talvez  nem jogue com força máxima. A vitória é bastante provável.

Paraná ClubeA partida a seguir é contra o lanterna, o Paraná, no Durival de Britto – pelo menos até a presente data, embora haja rumores dando conta que o já rebaixado time de Curitiba quer levar a partida para Londrina, reduto palmeirense. Mas mesmo que o local seja mantido, uma vitória do Palmeiras neste jogo é praticamente uma obrigação.

América-MGO mesmo pode se dizer da partida seguinte, contra o América, no Allianz Parque. O time de Adilson Batista entrou numa espiral negativa e conseguiu apenas oito pontos nos últimos 30 disputados. O que pode complicar é o fato de estarem lutando desesperadamente contra mais um rebaixamento. Mesmo assim, jogando em casa, o Palmeiras deve se impor e vencer.

VascoO penúltimo passo é o Vasco, em São Januário. Até lá, seria ótimo que o time carioca já tenha se livrado do rebaixamento, para tirar da partida qualquer aspecto de decisão. Caso isso não aconteça, a partida se torna bem mais complicada, diante do peso da camisa vascaína. Um tropeço aqui não pode ser descartado.

VitóriaSe chegarmos à última rodada precisando de três pontos, eles devem vir. O adversário é o Vitória, no Allianz Parque. Neste momento é um time que está se salvando do rebaixamento pelos critérios de desempate; depois de mais cinco rodadas pode estar já rebaixado, livre, ou lutando com todas as suas forças. Seja qual for a situação, imaginem um Allianz Parque lotado, com o Palmeiras a um triunfo para ser campeão brasileiro, enfrentando o Vitória. Devem vir mais três pontos.

Teoria x prática

Como vimos, na teoria, temos pela frente quatro vitórias e dois possíveis tropeços – se um deles for um empate, chegamos à conta mágica. Mas podemos perder de Galo e Vasco. E também podemos, claro, tropeçar nos quatro jogos que contamos com a vitória certa.

Nestes casos, ainda temos que contar com a boa possibilidade de Flamengo e Inter não fazerem campanhas perfeitas. O Flamengo vem de dois empates e vive uma crise interna séria. O Inter tem uma tabela bastante tranquila e parece ter feito as pazes com as arbitragens – ganhou dois pontos de graça no fim-de-semana, graças a um pênalti inventado os 48 do segundo tempo contra o time reserva do Atlético-PR. Mas tem um elenco bastante limitado e o fim de temporada costuma ser cruel com as coxas e panturrilhas dos jogadores. Não podemos contar com tropeços dos adversários – mas que eles podem acontecer, podem.

Atenção total

Em 2009, perdemos para o limitado poder de reposição das peças principais. Duas baixas na reta final, Cleiton Xavier e Pierre, prejudicaram demais o rendimento do time. Além disso, Diego Souza teve uma queda brusca de rendimento após ter sido convocado para um jogo na Bolívia pelas Eliminatórias da Copa de 2010 – nosso camisa 10 voltou abalado pela má exibição.

A atuação grotesca de Carlos Simon no Maracanã, na operação que salvou o Fluminense do rebaixamento, foi um golpe duro no moral do time. Os jogadores passaram a se sentir desprotegidos e a confiança foi pelo ralo. A própria torcida sentiu o golpe – este site mesmo entrou em depressão e ficou até o ano seguinte fora de atividade.

Sem controle dos nervos, o time sucumbiu em Porto Alegre na antepenúltima rodada e ficou apenas com chances matemáticas de chegar ao título – algo que, sabemos, passou longe de acontecer no final.

Esse cenário tenebroso está bem longe do atual, a começar pelo fato de que estamos a apenas seis rodadas do fim – em 2009, o problema começou a dez rodadas do encerramento. A tabela de 2018 parece bem mais tranquila que a de nove anos atrás.

Felipão tem peças de reposição muito mais qualificadas que Muricy Ramalho; além de ter o time muito mais na mão – em conversas com jogadores de 2009, os relatos são de que havia insatisfação no elenco em relação à proposta tática de Muricy.

A única coisa que ainda pode ser igual é a ação da arbitragem. A ajuda que o Internacional, clube que assinou com o Grupo Turner a transmissão dos jogos para TV fechada, mas que lidera uma reviravolta em favor da Rede Globo, recebeu ontem no Beira-Rio contra o Atlético-PR foi escandalosa. E a arbitragem de Bráulio Machado no clássico contra o Santos, apesar de nossa vitória, se vista sob a lente adequada, foi escabrosa.

Se nos resguardarmos com relação às arbitragens, é bem pouco provável que 2009 se repita. E é bom que não se repita mesmo, porque os desdobramentos daquele fracasso refletiram no clube por mais três anos e culminaram com o rebaixamento em 2012, numa sequência mais triste até que a que nos levou ao primeiro rebaixamento, em 2002.

O final de 2018 tende a ser muito, muito mais feliz. Abre os olhos e VAMOS, PALMEIRAS!


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