A excepcional partida que Deyverson fez na semifinal da Libertadores, jogando pelo Atlético, acendeu uma polêmica na torcida. Alguns perfis levantaram a questão de como o Palmeiras liberou nosso ex-camisa 16 “para ficar com Breno Lopes” – e, mais tarde, contratar o Flaco López.
O dinamismo do futebol faz com que a memória seja enevoada. Os gols, as grandes jogadas e até as performances circenses de Deyverson na partida de terça-feira, contra o River, fizeram com que as mentes desses jovens torcedores fizessem uma série de confusões.
Primeiro, que a decisão por dispensar Deyverson deu-se em março de 2022 e o atacante em quem se depositava esperanças era Rafael Navarro. É verdade que o ex-atacante do Botafogo não correspondeu, mas até então vinha bem credenciado pela ótima temporada de 2021 e demonstrava alguns predicados nos treinos. Além disso, Abel deixava claro que queria a contratação de outro atacante – aí sim, a vaga no elenco foi preenchida por Flaco López.
Em sua passagem de 144 jogos, 6 expulsões e 31 gols pelo Palmeiras, Deyverson jamais deu a entender que seria o centroavante que o clube precisava. E a torcida, à época, não tinha nenhuma paciência com ele, principalmente após alguns desempenhos desastrosos, quando surgiu o “modo Lacraia”. O auge da maluquice foi em 2018, quando conseguiu ser suspenso de três jogos seguidos, por três competições diferentes.
Em 2019, foi expulso num Derby por cuspir em um adversário no Paulista. No meio daquele ano, em partida contra o Inter pela semifinal da Copa do Brasil, desperdiçou aos 24 do segundo tempo um contra-ataque desenhado, livre, que muitos apontam como o início da derrocada do time naquele ano, em que passamos em branco. Talvez seja uma injustiça, um exagero – mas é fato que Deyverson jamais foi o goleador confiável que desejamos. Seus números estão bem abaixo dos de Borja, que, por muito menos, foi execrado por nossa torcida.
É claro que essa mudança de percepção acerca do jogador está fortemente relacionada com o gol mágico marcado em Montevideo, na final da Libertadores. Deyverson deixou o Palmeiras apenas 6 meses após a marcação do tento redentor. E também é fato que nas passagens pelo Cuiabá, e agora pelo Galo, o atacante vem tendo um desempenho superior ao que mostrou aqui – talvez por amadurecimento, talvez por enfrentar menos cobranças.
No frigir dos ovos, Deyverson assegurou um lugar bacana na História do Palmeiras. Apesar das loucuras, a impressão final é positiva; o gol do título do tri da Libertadores é enorme e ele tem toda nossa gratidão. Mas choramingar sua dispensa, dois anos e meio depois, é algo que não faz o menor sentido – a não ser para quem está em franca campanha para desmerecer o trabalho de nosso treinador, que não serve para o Palmeiras, segundo esses gênios das redes sociais.
Gênios são assim mesmo: poucos os entendem.
Só aplausos para esse texto… 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Acho que o melhor foi o Deyverson ter ido mesmo. Saiu por cima. É um ídolo.
Perfetto Cacace !
E Forza Flaco Lopez !
Avanti Palestra Italia !
Abbraccio de Paris !
_”E também é fato que nas passagens pelo Cuiabá, e agora pelo Galo, o atacante vem tendo um desempenho superior ao que mostrou aqui – talvez por amadurecimento, talvez por enfrentar menos cobranças.”_
Nem de longe, adiro à onda revisionista que parece querer reprovar/retroagir a liberação de Deyverson. (pior até, invalidar o progresso e o valor agregado por José Lopez).
Inclusive, minha frustração foi grande quando a venda de Deyverson pra China foi vetada (12 milhões de Euros no meio de 2019).
Ao mesmo tempo, vejo o sucesso dele posterior à sua saída de nosso time, em parte, como indicador da insanidade com que foi tratado em sua passagem com a gente. Por canais digitais, as pessoas se dirigem aos atletas com veneno, com crueldade, confundindo o personagem (o jogador no campo), com o ator (o atleta, a pessoa que vive fora do campo).
Isso se traduz em cobranças muito desproporcionais e em um clima hostil que é transportado para o campo.
Pra mim, a lição do “caso Deyverson” é que devemos tratar os atores (pessoas) com humanidade, com serenidade, com incentivo fora de campo, pra que isso tudo tenha potencial de se traduzir em desempenho do personagem (jogador) dentro do campo.
Se conseguirmos isso, poderemos evitar a frustração de ver bons potenciais saírem daqui sob xingamentos e maus tratos pra depois florescerem e entregarem resultado em outros lugares.
GENIAL!