Roger não resiste à máquina de moer e deixa o comando do Palmeiras

Roger Machado
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Roger Machado foi demitido no início da madrugada desta quinta-feira, após a derrota para o Fluminense no Maracanã. Após um primeiro tempo muito bom, o time caiu inexplicavelmente de rendimento e o treinador queimou a terceira substituição de forma totalmente equivocada, deixando o time estéril aos 25 minutos do segundo tempo. Foi a gota d’água para que a direção do Palmeiras o dispensasse.

A medida é desesperada e tem cheiro político. Em ano eleitoral, seria um desastre para o presidente Mauricio Galiotte fechar o primeiro mandato, tendo herdado um time campeão e completamente sanado financeiramente, sem um título.

Nosso elenco mostrou extrema lealdade ao treinador, cumprindo suas determinações e correndo até a última gota de suor, mas a falta de confiança em suas decisões possivelmente determinava a apatia que dominava o time em campo. Isso é um sinal de alerta que não pode ser simplesmente desprezado, tanto quanto sua questionável capacidade de leitura de jogo.

Cobrar evolução e corrigir os erros, acompanhando o dia-a-dia do time de perto seria a atitude que se espera de uma diretoria. Mas entre respeitar o próprio planejamento e tentar ganhar um título na base do vamo-que-vamo, o desespero falou mais alto.

A decisão, aliás, escancara que o comando palmeirense já não fala a mesma língua. Na terça-feira à noite, Alexandre Mattos saiu-se com esta declaração em entrevista à FOX Sports: “É dando calma para ele, blindando ele. Temos confiança total no trabalho, os números são bons”.

“Máquina de moer treinadores”

Roger Machado foi mais uma vítima da máquina de moer treinadores que é o Palmeiras. Montou um plano de jogo, cuja assimilação ainda estava em curso pelos jogadores. Perdeu jogadores importantes e não teve tempo para readaptar o sistema.

A direção, que o deixou sem um centroavante reserva desde o início do ano, fez o que reza a cartilha do cartola brasileiro: demitiu o treinador, que tinha 68% de aproveitamento.

Desta forma, o clube segue sem emplacar um treinador com uma sequência maior que 53 jogos desde que Gilson Kleina, com 106 partidas, foi demitido em maio de 2014.

Treinador Período J %
Gilson Kleina Gilson Kleina set/12 a mai/14 106 60,06%
Ricardo Gareca Ricardo Gareca jul/14 a ago/14 13 33,33%
Dorival Júnior Dorival Júnior set/14 a dez/14 20 38,33%
Oswaldo de Oliveira jan/15 a jun/15 31 62,37%
Marcelo Oliveira Marcelo Oliveira jun/15 a mar/16 52 53,21%
Cuca Cuca mar/16 a dez/16 53* 63,52%
Eduardo Baptista Eduardo Baptista jan/17 a mai/17 23 66,67%
Cuca Cuca mai/17 a out/17 34 53,92%
Alberto Valentim Alberto Valentim out/17 a dez/17 11** 57,58%
Roger Machado Roger Machado jan/18 a jul/18 44 68,18%
*contando duas partidas em que Valentim e Cuquinha comandaram o time
**contando apenas o período como técnico efetivado

E agora?

Alexandre Mattos e Mauricio GaliotteA chance do próximo treinador do Palmeiras, seja quem ele for, de ser campeão este ano, existe, já que o elenco segue sendo muito bom, apesar de algumas lacunas que seguem sem reposição. No futebol brasileiro, dá para ser campeão aos trancos e barrancos.

Roger também tinha chances de reverter o panorama, afinal, deveria receber Borja de volta em alguns dias e ainda estava reconstruindo o modelo ofensivo após a perda fundamental de Keno, mas perdeu a corrida contra o calendário eleitoral. O novo treinador chegará sem ter a presença de Keno na cabeça. Vai herdar um trabalho de mais de 68% de aproveitamento e deve adaptá-lo a seu estilo pessoal, o que resultará, pelo menos este ano, num time sem qualquer identidade que reza por um bom encaixe.

No mercado, técnicos consagrados e amados pela torcida como Vanderlei Luxemburgo e Felipão disputam o espaço com Abel Braga e os emergentes Zé Ricardo e Jair Ventura. Outros técnicos do mercado sul-americano correm por fora e podem surpreender. A diretoria, perdida, provavelmente não tem a menor ideia do que fazer com o projeto técnico em curso. Pelo andar da carruagem, nosso próximo treinador tende a ser demitido no máximo em abril, execrado pela torcida.


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Mesmo com contratações, Palmeiras enfrentará o Cerro com um jogador a menos entre os inscritos

Copa LibertadoresO Palmeiras volta à disputa da Copa Libertadores o dia 9 de agosto, quando enfrentará o Cerro Porteño, no jogo de ida das oitavas-de-final. Pelo regulamento da competição, o Palmeiras poderá fazer substituições na lista de jogadores que foram inscritos para a disputa da fase de grupos até 72 horas antes do início da partida, ou seja, até o dia 6 de agosto.

Portanto, o Verdão tem 13 dias a partir de hoje para definir os substitutos dos jogadores que entrarão nos lugares dos atletas que já deixaram o clube desde o início da competição: Fabiano (camisa 17), Juninho (4), Emerson Santos (24), Tchê Tchê (8), Michel Bastos (15) e Keno (11).

São seis atletas, como se pode ver, mas a Conmebol permite que apenas cinco trocas sejam feitas nesta fase, o que nos permite concluir que para as partidas contra o Cerro Porteño, Roger Machado poderá contar com no máximo 29 jogadores.

Neste intervalo, o Palmeiras incorporou quatro jogadores ao elenco: Jean e Artur, que recuperaram-se de lesões e haviam ficado de fora da lista da fase de grupos; Nico Freire, que veio do futebol holandês, e Vitinho, que voltou após um ano no Barcelona.

Lacunas no elenco

Keno contra o Cruzeiro
César Greco / Ag.Palmeiras

Quase todas as funções do elenco estão bem cobertas. O ataque, no entanto, ainda tem espaço para dois jogadores.

A função de ponta ofensivo está carente após a saída de Keno. Dudu é um atleta excepcional e claramente é titular. Mas em caso de não podermos contar com nosso camisa 7, a única opção de jogador de velocidade no elenco é Artur, o que pode ser uma temeridade em jogos cascudos como na Libertadores. Jogar sem um atleta veloz para comandar transições ofensivas rápidas torna o time bastante previsível, como vimos no jogo contra o Santos.

O comando do ataque está se virando com Willian, e eventualmente com Deyverson, na falta de Borja. Mas ter um atleta de força na área pode ser muito necessário em jogos mais físicos.

É esperado que Borja esteja em condições de enfrentar o Cerro no Allianz Parque; há até quem acredite em sua volta para o jogo no Paraguai, mas o colombiano, além de servir constantemente à sua seleção, pode voltar a se lesionar como qualquer outro jogador e não temos ninguém no elenco com as mesmas características. Esta deficiência na montagem do elenco vem sendo apontada pelo Verdazzo desde dezembro.

E agora?

Mattos e BorjaTemos quatro jogadores para preencher cinco vagas, e duas necessidades prementes no elenco. Depois de algumas especulações frustradas, a imprensa não foi alimentada por mais nenhuma fonte de boatos e não há a menor pista sobre resultados das andanças de Alexandre Mattos pelo mundo durante a Copa da Rússia.

É altamente desejável que Mattos efetue duas contratações de alto nível para o ataque, conforme descrito acima. Caso ele apareça com apenas um reforço, as cinco trocas estarão definidas: além desse novo jogador, Jean, Nico Freire, Vitinho e Artur completarão a rodada de substituições.

Caso Mattos seja extremamente eficiente, como sempre, e traga os dois reforços desejados,  Vitinho ou Artur devem disputar a quinta vaga, já que Jean e Nico Freire devem ocupar as camisas 17 e 4, respectivamente.

De qualquer forma, quem ficar de fora poderá ser inscrito na fase seguinte caso o Verdão passe pelo Cerro, já que mais duas trocas estão previstas para as quartas-de-final e outras duas para a fase semifinal.


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Planejamento: Palmeiras tem uma lacuna no elenco aparentemente esquecida

Alexandre Mattos
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

O Palmeiras mais uma vez sai na frente dos adversários e está prestes a fechar o elenco para 2018, bem antes do Natal. Algumas indefinições ainda travam o processo, na defesa e no meio-campo.

Na retaguarda, o destino de Mina é o que vai deflagrar ou não uma nova contratação na zaga, tudo depende do que for definido entre Palmeiras e Barcelona – o Dortmund teria também entrado na parada. Da Alemanha também vem outra interrogação – a contratação de Rafinha ainda se arrasta. E do lado esquerdo, Vítor Luís ainda não foi oficializado como opção para a lateral esquerda – um setor que tem apenas Diogo Barbosa e Michel Bastos certos, neste momento.

Ricardo Goulart e Gustavo Scarpa são jogadores que negociam com o Palmeiras, que, no entanto, encara os atletas corretamente como negócios de oportunidade. São jogadores de qualidade indiscutível, mas que não preenchem nenhuma grande lacuna no elenco. O que o Palmeiras precisa mesmo, do meio para a frente, é de um NOVE-NOVE para brigar com Borja.

Para tentar visualizar melhor as opções que Roger Machado pode ter do meio para a frente e justificar essa necessidade, que se não for preenchida pode ser um daqueles erros de planejamento de elenco que cornetamos aos finais das temporadas, é preciso esmaecer o conceito de posição fixa que fomos condicionados a criar assim que começamos a nos afeiçoar a futebol.

Tarja na testa

Borja
Marco Galvão/Estadão Conteúdo

Do meio para a frente, hoje, só parece ser possível colocar tarja na testa de jogador que faz três funções: o volante-destruidor, que desgraçadamente recebeu a pecha de “brucutu”, o CINCO-CINCO; o meia-armador clássico, que joga por dentro e distribui o jogo, o DEZ-DEZ; e o centroavante tradicional, aquele que joga enfiado, segurando os zagueiros, cujo habitat é a área: o NOVE-NOVE.

Quem não se encaixa exatamente nessas definições, orbita em torno de mais de uma função, que podem ou não ser as mencionadas. Para ilustrar melhor esse raciocínio, nada mais adequado que encaixar as peças de nosso elenco atualizado nesse mapa. Os jogadores estão divididos em funções, da menos para a mais ofensiva, de acordo com suas características de jogo:

  • CINCO-CINCO: Felipe Melo e Thiago Santos;
  • Volantes mais leves, com alguma característica de armadores, mais defensivos que ofensivos: Bruno Henrique e Jean;
  • Meias com características de marcação, que compõem bem uma linha defensiva, mais ofensivos que defensivos: Tchê Tchê e Moisés
  • DEZ-DEZ: Lucas Lima e Raphael Veiga
  • Meias que também jogam por dentro, mas com mobilidade e capacidade de jogarem abertos: Guerra, Hyoran e Allione
  • Pontas, jogadores de velocidade que partem para cima do adversário e criam espaços; eventualmente também caindo por dentro: Dudu, Keno, Roger Guedes e Artur
  • Falsos noves, jogadores de definição mas com bastante mobilidade – Willian Bigode e Deyverson
  • NOVE-NOVE: Borja

Com essa variedade de posições e “meias-posições”, qualquer treinador pode idealizar as combinações e assim dispor de um bom leque de esquemas a serem usados conforme os adversários e as situações específicas de cada jogo. Notem que, mesmo sem sem Scarpa e Goulart, estamos com pelo menos duas boas opções em cada uma delas

Como exemplo, numa eventualidade de perdermos Lucas Lima e Raphael Veiga para o mesmo jogo, podemos recorrer sem grandes prejuízos a Guerra, Hyoran ou a Moisés. O mesmo raciocínio se aplica a qualquer outra função – menos uma: se for necessário, pelas características do adversário, jogar com um centroavante enfiado, forte, que aguente os trancos da zaga, só temos um no elenco – Borja. Numa lesão, convocação, ou suspensão, Roger Machado ficará vendido.

E se…?

Borja
César Greco / Ag.Palmeiras

Deyverson, já vimos, pode ser uma boa opção no ataque, mas não faz a função de jogador de força que por vezes pode ser a saída para furar uma defesa. O mesmo podemos dizer de Willian Bigode. Os dois são os que mais se aproximam de um NOVE-NOVE no elenco.

Borja é um jogador que continua merecendo nossa confiança. Passado o período de adaptação ao futebol brasileiro, bem diferente do que ele jogava na Colômbia, existe a expectativa que, bem servido por garçons do nível de Dudu e Lucas Lima, ele finalmente arrebente de fazer gols. Mas… e se não acontecer?

Pensando além das posições tradicionais, focando um pouco mais nas funções que cada atleta pode exercer, é nítida essa lacuna no elenco. Borja precisa de alguém que o substitua nas eventualidades e que lhe faça uma sombra real. E o Palmeiras precisa de um jogador pronto para assumir a titularidade no comando de nosso ataque por toda a temporada caso o colombiano desgraçadamente não engrene.

Temos que confiar e dar moral a Borja, mas no planejamento, não podemos nos basear no que torcemos para acontecer; precisamos nos antecipar às possibilidades para não ter que sair correndo no meio da temporada e contratar um NOVE-NOVE que estiver sobrando no mercado, como aconteceu em 2017. Abre o olho, Mattos!


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Por que o Palmeiras precisa manter Alexandre Mattos

Alexandre Mattos
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

Um dos assuntos mais quentes dos bastidores palmeirenses nas últimas semanas diz respeito ao diretor de futebol Alexandre Mattos.

Muito se contesta sua atuação à frente do Departamento de Futebol Profissional, apegando-se aos valores gastos pelo clube, sobretudo este ano.

Para que este post não vire uma grande conversa de boteco, listaremos a seqüência de fatos e valores envolvidos.

As contratações têm um contexto, necessários para que se analise a atuação do profissional de forma séria.

Ciclo 2014-2015

Elenco 2014Mattos foi contratado e herdou um elenco tenebroso, como veremos mais à frente.

Trabalhou intensamente para reconstruí-lo, considerando todos os jogadores a manter e a dispensar – e realocando todos os que não serviriam.

Nesse período foi-lhe colada na testa a fama de monstro contratador e gastão.

Deem uma rápida olhada nos jogadores que Mattos tinha à disposição em dezembro de 2014 para servir de base para a temporada de 2015. Prepare o antiácido.

GOLEIROS
  • Bruno
  • Deola
  • Fernando Prass
  • Jaílson
  • Raphael Alemão
  • Fábio
LATERAIS
  • Ayrton
  • Fernandinho
  • Juninho Pampers
  • Marcelo Oliveira
  • Paulo Henrique
  • Weldinho
  • Bruno Oliveira
  • João Pedro
  • Victor Luís
ZAGUEIROS
  • Lúcio
  • Tiago Alves
  • Victorino
  • Wellington
  • Luiz Gustavo
  • Nathan
  • Thiago Martins
  • Tobio
VOLANTES
  • Eguren
  • Tinga
  • Washington
  • Wendel
  • Wesley
  • Bruninho
  • Gabriel Dias
  • João Denoni
  • Renato
MEIAS
  • Bernardo
  • Bruno César
  • Felipe Menezes
  • Mazinho
  • Mendieta
  • Valdívia
  • Allione
  • Tiago Real
  • Juninho Silva
  • Patrick Vieira
  • Diego Souza Xavier
ATACANTES
  • Cristaldo
  • Diogo
  • Henrique Ceifador
  • Maikon Leite
  • Leandro
  • Luan Ambicanhoto
  • Mouche
  • Rodolfo
  • Vinishow
  • Gabriel Leite

Destes 53 jogadores, apenas sete permaneceram no elenco de 2015. Dezenove foram imediatamente dispensados e o restante foi sendo emprestado e/ou liberados aos finais dos contratos.

Mattos - apresentaçãoVieram, em princípio: Alan Patrick, Amaral, Andrei Girotto (0,19), Arouca, Dudu (9,94), Gabriel, Jackson, João Paulo, Kelvin, Leandro Pereira (4,88), Lucas, Rafael Marques (3,17), Robinho (3,15), Ryder, Victor Ramos, Vítor Hugo (6) e Zé Roberto. Com o tempo, mais jogadores foram incorporados ao elenco, como Aranha, Cleiton Xavier, Egídio, Alecsandro, Fellype Gabriel, Leandro Almeida (3), Barrios (7,3) e Thiago Santos (0,74). E o time foi campeão da Copa do Brasil.

Os valores entre parênteses são os valores pagos, em milhões de reais; os outros vieram sem custos. O total gasto nas transferências foi de R$ 38,4 milhões.

Ciclo 2015-2016

Dois jogadores foram dispensados no segundo semestre de 2015: Alan Patrick e Leandro Pereira, que deixou R$14,21 milhões no caixa, diminuindo sensivelmente o saldo negativo nos investimentos. Seis foram dispensados logo após a conquista da Copa do Brasil: Jackson, João Paulo, Kelvin, Aranha, Andrei Girotto, Ryder e Victor Ramos. Outros quatro foram emprestados nos primeiros meses do ano (Amaral, Lucas, Robinho e Leandro Almeida). Nos livramos de Fellype Gabriel em abril e Cristaldo foi vendido em junho.

Palmeiras Campeão Brasileiro 2016Essas 14 saídas foram repostas pelas chegadas de Edu Dracena, Erik (12,74), Jean (7,7), Moisés (4,25), Régis, Rodrigo, Roger Carvalho, Vágner, Fabrício, Roger Guedes (2,1), Fabiano (2), Mina (12,63) e Tchê Tchê. Leandro Pereira voltou da Bélgica, desta vez emprestado, e fez seus gols na campanha do Brasileirão. O valor investido foi de R$ 41,42 milhões.

Sob o comando de Cuca, o time conquistou o eneacampeonato brasileiro.

Ciclo 2016-2017

Treze jogadores deixaram o Palmeiras entre o fim de 2016 e os primeiros meses do ano: Gabriel Jesus (73,6), Gabriel, Cleiton Xavier, Barrios, Rafael Marques, Vítor Hugo (15,4), Régis, Rodrigo, Roger Carvalho, Vágner, Fabrício, Leandro Pereira e Alecsandro. Para repor suas saídas, nove jogadores chegaram entre dezembro e fevereiro, e aqui o valor investido foi realmente alto: Hyoran (7), Keno (2,99), Raphael Veiga (4,58), Michel Bastos, Antônio Carlos, Felipe Melo, Guerra (11,7), Willian e Borja (32,8).

Vitória 3x1 Palmeiras
Mauricia Mata/ECV

Com o passar do tempo e com a enorme pressão interna e externa por conquistas, mais jogadores reforçaram o elenco: Juninho (10,2), Luan (9,99), Mayke, Bruno Henrique (13) e Deyverson (18). O total investido nesta temporada foi de nada desprezíveis R$ 110,26 milhões.

Como negociador, Mattos é um monstro

Alexandre MattosA seqüência de fatos, do início ao fim, não deixa dúvidas: Alexandre Mattos, como negociador, é de longe o melhor profissional que existe no mercado brasileiro. Não existe ninguém com um radar tão bom e que ao mesmo tempo tenha um tino para fazer negócios.

Seu cartão de visitas foi logo no começo, quando chapelou nossos rivais e trouxe Dudu, que hoje é nosso capitão e artilheiro do Allianz Parque. Conseguiu fazer R$ 10 milhões com o Leandro Pereira e mais de R$ 9 milhões com o Vitor Hugo. Mas a balança comercial de um time não necessariamente precisa ser positiva.

O fluxo financeiro de um clube de futebol envolve entradas e saídas além da compra e venda de jogadores. Como saídas, além das despesas operacionais, temos a folha de pagamento. Como entradas, temos o dinheiro da televisão, do patrocínio, das premiações, do Avanti e das bilheterias, além das receitas geradas pelo marketing.

Clube não é banco e não precisa dar lucro. A soma das receitas deve estar equilibrada com a soma das despesas. E convenhamos, a soma das receitas é muito maior que as despesas operacionais e salários. Logo, não há problema algum se a balança comercial for negativa, desde que as outras receitas compensem o desequilíbrio. É assim que se monta um elenco forte.

Logo, apontar o valor gasto como argumento para depreciar o trabalho do diretor de futebol é um erro grosseiro. O valor gasto para reforçar o time este ano estava dentro do orçamento. Como disse Dudu, “o Palmeiras gastou porque tinha”. O que se pode questionar são os critérios para as contratações.

Contando os três ciclos, Mattos gastou R$ 190,05 milhões, contra R$ 103,21 milhões que entraram em nossos cofres – um saldo negativo de R$ 86,84 milhões. Mas não percam de vista que o atual elenco tem um valor técnico e patrimonial maciçamente maior do que o elenco que ele recebeu quando foi contratado. Se conseguir revender todos os jogadores do elenco atual pelo valor que comprou, R$ 162,36 milhões entrarão em nosso caixa – um lucro extraordinário, sobretudo se verificarmos que as contas do clube estão no azul. Esses jogadores são de qualidade superior, o valor investido neles não virou pó. Eles ainda poderão nos trazer títulos e um excelente valor na revenda.

Fazer negócios em futebol envolve risco. Tecnicamente, um Erik aqui é compensado por um Vitor Hugo ali. Um Deyverson cá é compensado por um Mina acolá. Leandro Almeida e Vagner deram errado? OK, mas ninguém dava nada por Moisés e Tchê Tchê. E o saldo segue sendo positivo, com dois títulos nacionais em três anos.

É monstro, mas às vezes exagera no tino comercial e na amizade

Mattos por vezes exagera no tino comercial e arrisca pesado sem que haja um planejamento para a evolução do valor dos ativos. Como diretor de futebol, ele deveria prever esse movimento, mas seus olhos brilham incontrolavelmente quando uma nova oportunidade de compra aparece.

No ano passado, Hyoran e Raphael Veiga eram grandes apostas que deveriam ter crescido em 2017 para estourarem em 2018. Eis que chegamos às portas da virada do ano e as especulações dão conta que o Palmeiras está em tratativas com Lucas Lima, cuja contratação, se confirmada, derrubaria qualquer argumentação em torno do investimento nos garotos, que tendem a ter o mesmo destino de Erik, fruto do ciclo anterior.

Uma nova especulação dá conta que o atacante David, do Vitória, está em vias de ser contratado por R$ 15 milhões. O garoto, de 22 anos, parece ser muito bom, mas ainda não tem cacife para competir com Keno ou Dudu, nem mesmo com Willian Bigode. Viria, no máximo, para ser reserva na posição, desbancando Erik e Roger Guedes. O valor especulado parece muito alto para alguém para ser apenas opção de banco. Parece mais lógico apostar no menino Artur, um ano mais novo, prata-da-casa que está emprestado e brilhando no Londrina.

Por fim, existe a preocupação com a concentração de negócios com um empresário em específico: Eduardo Uram, que usa o Tombense como fachada para seus negócios. É comum em qualquer ramo de negócio que se tenha a preferência por um fornecedor específico e não raro isso é um facilitador. No futebol, às vezes para que um negócio saia, é preciso trazer um “contrapeso” – o caso mais célebre foi a chegada de Jorge Mendonça ao Palmeiras, em 1976, que veio empurrado pelo Náutico num pacote que envolveu a compra do meia-atacante Vasconcelos. Hoje, poucos sabem que houve um Vasconcelos jogando no Palmeiras, mas todos sabem quem foi Jorge Mendonça.

Mesmo assim, a preferência por jogadores agenciados por esse profissional, diante do retorno oferecido, requer no mínimo um pouco mais de atenção. Ao mesmo tempo que essa amizade já rendeu ótimos negócios como Vitor Hugo e Willian Bigode, nos empurrou bombas claríssimas como Roger Carvalho e Andrei Girotto.

O buraco é mais em cima

Cuca conversa com Maurício Galiotte e Alexandre Mattos
César Greco / Ag.Palmeiras

Com o melhor profissional de compra e venda de jogadores à disposição, o Palmeiras fracassou este ano. Com duas mudanças no comando técnico, os jogadores que foram sendo comprados nem sempre foram a melhor opção para o treinador seguinte, e os investimentos acabaram não sendo bem aproveitados. Não é Mattos quem decide pela demissão dos treinadores, e sim o presidente, que parece ter o mesmo problema do antecessor e de todos os presidentes de todos os clubes: a crônica tendência de trocar o treinador, cedendo às pressões de torcedores e conselheiros.

Temos um presidente que este ano se preocupou muito mais com política do que com futebol. Ao preferir despachar do clube social e não da Academia, Mauricio Galiotte deixou o ambiente que envolve o elenco muito mais sujeito a turbulências. Tudo o que pode dar errado, sem a presença do pulso mais firme por perto, tende a acontecer.

Alexandre Mattos, ficou provado, não consegue administrar um ambiente como a Academia ao mesmo tempo que checa seu radar de jogadores e sua agenda de telefones. O episódio entre Felipe Melo e Cuca, provavelmente o fato mais nocivo ao clube no ano, provavelmente não teria acontecido com uma supervisão adequada. Mattos não é esse cara – ele pode até ter tido conhecimento do problema lá no início, mas não soube evitar que crescesse até que a bomba explodisse.

A quem interessa a fritura

Mustafá Contursi
Keiny Andrade/Folhapress

Até 2012, a diretoria de futebol profissional do Palmeiras foi tocada por amadores.  O clube começou a ficar para trás em relação aos rivais, amargou um rebaixamento, até que o profissionalismo, após 12 anos do fim da cogestão com a Parmalat, fosse reimplantado na Academia de Futebol.

Com o profissionalismo, muitas portas se fecham. As conversas de bastidor ficam restritas e poucas informações vazam. Assim, os egos de pessoas que vivem de disseminar “informações quentes” em seus grupos de Whatsapp passam fome.

Se fosse só a fofoca, o problema seria pequeno. Mas o profissionalismo, além de fechar portas, também tende a fechar torneiras. Comissões são uma praxe no mundo do futebol, mas precisam ser supervisionadas de perto. Um diretor bem remunerado tende a controlar esse fluxo bem – mas mesmo assim precisa de acompanhamento muito próximo da presidência. No amadorismo, essas comissões viram uma festa, sangrando as finanças do clube.

Por fim, a volta do amadorismo é um instrumento político bastante eficiente. Ao entregar a amadores funções importantes de uma potência como o Palmeiras, um grande cacique político do clube tende a fortificar seus alicerces políticos. Diretores remunerados atrapalham essas manobras e, por receberem salários, configuram um argumento que supostamente defenderia as finanças do clube – uma desavergonhada falácia.

São as pessoas com esses interesses que lutam pela demissão de Alexandre Mattos.

Mattos e BorjaUm profissional como Mattos precisa se manter focado só no que sabe fazer de melhor: comprar e vender. Para retomar o recente ciclo vencedor, o Palmeiras precisa reconstruir o ambiente de 2015/2016 na Academia de Futebol, com os olhos do presidente sempre próximos do time e de tudo o que envolve o elenco. As compras, por mais que aparentem ser um negócio de ocasião, precisam ser conduzidas com mão de ferro, e barradas se não forem congruentes com o projeto técnico da temporada.

Nenhum de nós gostaria de ter que concorrer no mercado com um time que tem Mattos como diretor de futebol. Mantê-lo aqui é mandatório para que o Palmeiras continue sendo o clube que dá as cartas no mercado. Basta mantê-lo sob forte supervisão.


Este post foi escrito com a ajuda indispensável da comunidade de padrinhos do Verdazzo, que colaborou com a pesquisa de valores e datas dos atletas comprados e vendidos no período.

Junte-se a nós. Aqui, o link para se tornar um padrinho deste site: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Apêndice: Montagem do elenco

O texto abaixo serve como apoio para o post principal: “Futebol é momento”: trabalho de Mattos não pode depender da Libertadores e visa destrinchar a atuação de Alexandre Mattos na montagem do elenco do Palmeiras em 2017, diante da atuação dos jogadores até o início de agosto.

Defesa

EgídioNo gol, foram mantidos os atletas que brilharam em 2016. Escolha aparentemente acertada, mas que teve sobressaltos com a má fase de Fernando Prass, que pode nos ter custado alguns pontos no Brasileirão – rapidamente contornada com a promoção de Jailson.

Nas laterais, o ano começou com Jean e Fabiano na direita, tendo Tchê Tchê como quebra-galho – também uma escolha razoável e o setor parecia bem guarnecido. Mas nenhum dos três correspondeu tecnicamente em 2017, além de sofrerem com problemas físicos. A solução foi recorrer ao mercado e Mayke foi uma boa solução, apesar do começo oscilante. Por ter chegado tarde, não pôde ser usado na Copa do Brasil e sua falta foi sentida nos confrontos contra seu ex-time. Contesta-se o não aproveitamento de João Pedro, mas parece pouco provável que o prata-da-casa tivesse uma performance suficiente.

O lado esquerdo talvez seja o maior erro do diretor na montagem no início do ano. Zé Roberto é um jogador que dispensa apresentações e Egídio, apesar da longa fase ruim que vem desde o início de 2016, teve a confiança do dirigente fortalecida pelas ótimas campanhas no Cruzeiro em 2013 e 2014. A estatura dos dois impedia que se contratasse um reforço de peso para a posição, e quem veio como terceira opção foi Michel Bastos, como quebra-galho – sua função primordial era ajudar na meia, pelos lados. É de se imaginar que esta tenha sido a definição mais dura na formação deste elenco, mas hoje é fácil apontar que Mattos errou – e diga-se, não foi por abrir mão de Victor Luis, que vem sendo superestimado por atuações apenas satisfatórias na lateral do Botafogo.

No miolo da zaga, a saída de Vitor Hugo era iminente e Roger Carvalho encerrou seu ciclo – para seus lugares, Mattos trouxe Antônio Carlos, boa aposta da Ponte, enquanto entregava a titularidade a Mina e Edu Dracena. Luan, do Vasco, era uma aposta para substituir Mina depois da Copa e a negociação foi fechada em março. E Juninho, destaque do Coritiba, chegou assim que a saída de Vitor Hugo foi concretizada. Mais uma vez, a Copa do Brasil foi prejudicada pelo regulamento, já que os dois últimos não tinham mais condição de jogo, mas a composição do setor pode ser considerada plenamente satisfatória, sobretudo na megaoperação em torno de Mina – além de torná-lo uma transação altamente lucrativa para o clube, ainda foi mantido como jogador alviverde por dois anos mesmo já fechado com o Barcelona. Uma negociação perfeita.

Meio-campo

Felipe MeloFelipe Melo era um antigo sonho de Mattos que só não veio antes por duas razões: os valores pedidos pela Internazionale e a resistência de Cuca. Felipe Melo conseguiu a liberação sem custos ao mesmo tempo em que Cuca deixava o Palmeiras. O casamento, abençoado por Eduardo Baptista, ficou fácil, ainda mais porque o empresário do Gabriel, de forma pouco profissional, apresentou uma proposta de renovação indecente apenas para forçar sua saída para seu clube de coração. Felipe Melo foi um dos destaques na mão do novo treinador, mas o time não embalou e Cuca voltou. Temos aqui o primeiro efeito colateral claríssimo dos problemas que essas trocas de treinadores em sequência causaram.

A lesão de Moisés foi um agravante. Bruno Henrique foi contratado no meio da temporada; Thiago Santos evoluiu a olhos vistos e agora o setor parece estar voltando aos trilhos, mas é óbvio que nesta posição, tão importante no acerto tático de qualquer equipe, o Palmeiras patinou por longos meses. Não parece culpa do planejamento, nem dos técnicos, nem dos jogadores; apenas uma fatalidade.

Foi na armação que tivemos o maior número de mudanças na virada do ano: saíram Allione e Cleiton Xavier, e entraram Guerra, Michel Bastos, Raphael Veiga e Hyoran. Os dois últimos, claramente, foram apostas para as temporadas seguintes. O venezuelano não demorou muito e pegou o jeito do futebol brasileiro – não sem antes cometer um erro crucial na trajetória do time: um vacilo no Derby do Paulistão, que decretou uma imerecida derrota e embalou o rival. Uma fatalidade que não desabona sua contratação; Guerra é um dos melhores meias-armadores em atividade no país.

Ataque

Borja
AFP

Willian Bigode e Keno foram contratações que agradaram a quase todos – o primeiro, um fazedor de gols que mantém o perfil discreto, campeão por onde passa. O segundo, apesar de não ser garoto, foi uma das revelações do Brasileirão de 2016 e veio para disputar a reserva de Dudu com Erik.

Mas o Palmeiras precisava de uma reposição que compensasse a saída de Gabriel Jesus. A grande contratação do início de 2017 foi a do colombiano Miguel Borja. À época, havia uma pequena discussão com relação a Lucas Pratto, que estava no Atlético-MG – o argentino, já adaptado ao futebol brasileiro, poderia ser uma aposta menos arriscada, embora com um valor de revenda bem menor.

O jogo duro do Atlético-MG, receoso em reforçar um rival da Libertadores, mais o potencial explosivo de Borja, o rei da América, somado a seu potencial econômico, fez o Palmeiras investir grande parte de seu orçamento no colombiano. Com a celebração do acordo, não houve palmeirense que não tenha comemorado; não houve rival que não tenha arrancado os cabelos. Alecsandro, Barrios e Rafael Marques, sem perspectivas de serem aproveitados, pediram para sair, e mesmo assim o ataque ficou bem servido, com as manutenções de Dudu e Roger Guedes.

Borja atravessa sérias dificuldades de adaptação ao que Cuca deseja; provavelmente nem teria vindo se Cuca não tivesse saído. A bem da verdade, tampouco se encaixou no esquema de Eduardo Baptista. Talvez ele precise de tempo; talvez seja um mico. Uma coisa é certa: foi uma contratação sensacional, mas que para este ano não deu certo e precisou de uma reposição: Deyverson, um achado de Mattos no mercado espanhol.

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