Reeleito, Mauricio Galiotte tem novos desafios nos próximos três anos

Maurício Galiotte e Genaro MarinoNo último sábado, os associados do Palmeiras decidiram em Assembleia Geral que Mauricio Galiotte continuará sendo presidente do Palmeiras, pela primeira vez num triênio – de 2019 a 2021.

O atual presidente foi reeleito com 1843 votos, contra 1176 de Genaro Marino, candidato da oposição e vice-presidente na atual gestão. Presidente e vice romperam logo nos primeiros dias da gestão, após o fim do segundo mandato de Paulo Nobre.

Contexto da disputa

Lamacchia, Mustafá e Leila PereiraO racha na atual gestão deu-se logo na primeira semana de trabalho. A questionável manobra arquitetada por Mustafá Contursi para tornar Leila Pereira, dona da Crefisa e patrocinadora do clube, elegível ao Conselho Deliberativo, desagradou a Paulo Nobre, que rompeu definitivamente com o casal Lamacchia. Galiotte teve então que optar: ou mantinha em torno de si o grupo com quem trabalhou por quatro anos, ou se apoiava numa base política tradicional, comandada por Mustafá, somada ao apoio financeiro da Crefisa, que por sua vez condicionava o vultoso patrocínio ao afastamento das pessoas ligadas a Nobre.

Galiotte optou pela dupla Mustafá/Leila. Três vice-presidentes foram imediatamente isolados de todos os passos da gestão, inclusive fisicamente, realocados em salas distantes da presidência. Tais atitudes geraram um enorme desapontamento dos ex-companheiros de trabalho, que imediatamente se tornaram oposição ao presidente, que mesmo assim se sentia satisfeito com a base política e financeira que havia construído, a despeito das consequências de cunho político e pessoal.

Mustafá e Leila rompem

Leila Pereira em campanha
Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Leila Pereira se tornou uma espécie de celebridade, bastante ativa nas redes sociais e aclamada no clube social e nos entornos dos estádios. As novas contratações do elenco eram sempre associadas ao aporte financeiro da Crefisa, transformando-a numa popstar palmeirense.

Enquanto isso, Mustafá Contursi seguia em sua rotina política, fazendo agrados à sua base, apoiado na distribuição de ingressos que conseguia de uma cota fornecida por Leila. Até que uma denúncia de desvio dessas cotas para cambistas foi a deixa para que Leila rompesse com Mustafá – algo que, aparentemente, sempre esteve em seus planos e ela só esperava o motivo.

Livre de Mustafá, Leila Pereira passou a ser a única influência sobre Mauricio Galiotte, o que foi muito importante quando a Receita Federal autuou a Crefisa por irregularidades na declaração no que dizia respeito ao repasse de verbas para a aquisição de jogadores. Foi necessário fazer um ajuste por questões fiscais e o Palmeiras acabou se tornando devedor de R$ 120 milhões da noite para o dia, com a anuência do presidente.

O COF, comandado por Mustafá, reprovou as contas da gestão – coberto de razões técnicas para tal. O que não significa, caso fossem aliados políticos, que fossem feitas vistas grossas. Foi o preço pago pela dupla Galiotte/Leila por romper com o velho cacique.

Caminho livre

Pizza!A escalada política de Leila Pereira prosseguiu com a alteração estatutária que ampliou o mandato do presidente para três anos. O tema era um justo anseio dos palmeirenses durante décadas, já que o mandato de apenas dois anos tornava o ambiente no clube excessivamente carregado de tensões políticas.

Ocorre que a mudança só foi colocada em pauta porque beneficiava exatamente a Leila Pereira, que por isso terá condições de concorrer à presidência ao final de 2021. Se o mandato permanecesse em dois anos, ela teria que esperar até 2022.

Para que a alteração, casuísta, fosse aprovada, Leila não mediu esforços. Rodízios e mais rodízios de pizza foram promovidos no clube social; presentinhos baratos como bolas de plástico para crianças e selfies e beijinhos distribuídos sem parcimônia, tudo para que os associados fossem favoráveis à mudança, usando a “modernidade” como retórica.

Leila PereiraEnquanto escalava rapidamente a política palmeirense, Leila via a importância da Crefisa nas contas do clube crescerem cada vez mais, com a queda ininterrupta do número de associados do Avanti, num processo de “unimedização” de um modelo de receita que antes era tremendamente equilibrado.

Foi sob o comando de Galiotte e Leila que o Palmeiras, apesar do elenco fortíssimo, patinou em sete campeonatos no biênio 2017/2018, conseguindo conquistar o brasileiro graças à mudança desesperada de comando técnico em julho, num golpe que acabou se mostrando certeiro.

Os desafios da próxima gestão

Mauricio GaliotteNo curto prazo, o futebol do Palmeiras seguirá forte. Seguiremos surfando na onda atual, já que temos um elenco fortíssimo que precisa apenas de ajustes pontuais para seguir protagonizando o futebol nacional. Alguns contratos importantes precisam ser renovados – sobretudo o de Dudu. Caso não obtenha sucesso, Galiotte terá recursos para uma reposição à altura – até porque, haverá a receita da saída do camisa 7.

O Avanti vive uma crise gravíssima. O programa que deveria ser a principal base de sustentação da economia palmeirense está deteriorando. Produtos pouco atraentes e falhas constantes no sistema de venda de ingressos impelem o palmeirense a desistir de fazer parte do quadro de associados, recorrendo cada vez mais às cadeiras da WTorre como alternativa para ter garantia de acesso aos jogos.

O enfraquecimento do Avanti traz na esteira a enorme deficiência do processo de precificação dos ingressos. Os constantes clarões vistos no estádio evidenciam o problema; as faixas de preço parecem definidas “no chute” e não obedecem a um modelo técnico.

Enquanto isso, o time desfruta da proteção restabelecida na Academia de Futebol após a chegada de Felipão – a blindagem fazia muita falta nos tempos de Eduardo Baptista, de Cuca em sua segunda passagem e de Roger Machado, que tinham que conviver com um entra-e-sai incessante de pessoas sem nenhuma relação com o dia-a-dia do futebol, fruto de concessões políticas a conselheiros e patrocinadores. Essa proteção deve permanecer com ou sem Felipão, a diretoria precisa respaldar a condição da Academia como “lugar sagrado”.

ArbitragemAo mesmo tempo em que protege o elenco de influências externas, a diretoria precisa, de uma vez por todas, estancar os danos causados pelas arbitragens. Este ano, o Palmeiras teve forças suficientes para vencer o Brasileirão, nos pontos corridos, apesar das sucessivas interferências dos árbitros. Mas por absoluta inoperância nos bastidores, acabamos alijados das disputas do Paulista e da Copa do Brasil, decididos em mata-matas – sem mencionar o próprio Brasileirão do ano passado.

Por fim, Galiotte precisa colocar o Palmeiras acima dos interesses políticos e/ou pessoais de qualquer personagem, inclusive os de Leila Pereira. Se houver a possibilidade de um contrato de patrocínio maior que o da Crefisa, ela deve ser tratada com a devida atenção, nem que isso signifique um realinhamento da relação com Leila. O Palmeiras deve vir sempre em primeiro lugar.

Boa sorte

Que o presidente reeleito Mauricio Galiotte tenha boa sorte neste triênio à frente do clube. Que o Palmeiras siga trilhando o caminho das conquistas, protagonizando o futebol brasileiro. Que nosso clube siga subindo o sarrafo e puxando a fila, sem regredir. Que o modelo de receita seja reequilibrado, que as arbitragens voltem a nos respeitar. E que a Política volte a ser praticada de forma altiva, com “P” maiúsculo, com “P” de Palmeiras.

Mesmo apoiando o grupo derrotado na eleição, o Verdazzo seguirá torcendo sempre pelo sucesso do Palmeiras, seja quem for o mandatário, mantendo a lealdade como padrão. Mas sempre atento e vigilante.


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Era uma vez um Reino de periquitinhos e porquinhos…

PizzaEra uma vez um Reino de periquitinhos e porquinhos que vivia muito feliz. Nesse Reino, os periquitinhos eram os mais inteligentes e lideravam os porquinhos, que eram a força de trabalho. Todos eram sempre muito barulhentos, viviam se desentendendo, mas sempre arrumavam uma solução – e comiam pizza para comemorar. Tudo acabava em pizza naquele Reino, que brilhou por muitos anos.

Um periquitinho chamado Ibrahim era muito mais esperto que os outros e, pouco a pouco, foi atraindo para si o controle de todos os cantinhos do Reino sem ninguém perceber. Quando todos viram, Ibrahim controlava quase o Reino inteiro. Comeu tanta pizza que ficou muito gordo e se transformou num enorme sapo-boi. Mas os periquitinhos continuavam a apoiá-lo, em troca de alguns afagos.

JabbaIbrahim foi consumido pelo poder, tornou-se muito malvado e passou a mandar e desmandar no Reino. Os periquitinhos e os porquinhos faziam as vontades do sapo Ibrahim – os periquitinhos convenciam os porquinhos que estava tudo bem e ganhavam mais afagos por isso – e, claro, algumas pizzas.

Mas o Reino, antes próspero e feliz, passou a se degradar sob a batuta de Ibrahim. Alguns periquitinhos queriam mais afagos que Ibrahim podia dar e tentaram, por anos a fio, tirar seu poder. Mas Ibrahim sempre foi mais inteligente e esses periquitinhos nunca tiveram sucesso; restou a eles desejar profundamente que algum tipo de milagre acontecesse.

Porquinho LigeiroIbrahim foi envelhecendo e ficando cada vez mais cansado. Um porquinho muito ligeiro, que não concordava muito com os desmandos de Ibrahim, passou a se destacar e ganhou a confiança do velho sapo.

Sem milagre, sem desperdiçar recursos com afagos e com trabalho sério, os tempos prósperos voltaram sob o comando desse porquinho ligeiro, que entendeu exatamente como governar o Reino sem que Ibrahim se sentisse ultrajado.

O Reino voltou a brilhar!

Os outros porquinhos e periquitinhos, em vez de ficarem felizes com o Reino voltando aos bons tempos, se enciumaram com o sucesso do porquinho ligeiro e seguiram desejando profundamente que um milagre acontecesse – desde que com muitos afagos.


CarmenUm dia, uma borboleta chamada Carmen surgiu, do nada. Lindíssima, ela pousou sobre os quatro cantos do Reino e seduziu a todos com um fantástico poder: ela tinha uma bolsa mágica que fazia afagos e pizzas brotarem infinitamente. Até Ibrahim, que gosta muito afagos e de pizza, foi seduzido por Carmen sem entender direito quem ela era e o que realmente desejava.

Os periquitinhos e os porquinhos, encantados, amaram sua nova amiga. Quase todos só pensavam em como ela era linda e naquelas deliciosas pizzas. Mas o porquinho ligeiro percebeu que tinha algo errado.

Carmen foi ficando cada vez mais poderosa e percebeu a ameaça: mexeu seus pauzinhos para banir o porquinho ligeiro do Reino e para colocar em seu lugar um periquito sem penas e que atendia a todos os seus desejos. Carmen então passou a perna em Ibrahim e o isolou no pântano, se tornando a única pessoa com influência sobre o governo do periquitinho sem penas.

Ela dizia amar o Reino, mesmo tendo acabado de chegar. Os periquitinhos e porquinhos que diziam odiar Ibrahim e tinham inveja do porquinho ligeiro acreditaram piamente nesse amor e se derreteram pela borboleta, que não poupava afagos e pizzas. O milagre tinha acontecido!

Mas Carmen guardava um segredo: ela ainda precisava mudar as escrituras do Reino para se tornar a rainha eterna. Nunca se viu tantas pizzas no Reino. Como se não bastasse, também passou a distribuir milhões de afagos aos periquitinhos da corte. Dizem até que mandou abrir os portões para que centenas de novos porquinhos leais a ela passassem a viver no Reino, tudo sob o olhar inerte do periquito sem penas.

RainhaA história ainda não foi totalmente escrita. Dizem que os periquitinhos e porquinhos aceitaram mudar as escrituras e que a borboleta Carmen se tornou de fato a rainha eterna. Soube-se depois que ela era dona de um Império que precisava de um quintal, e que o Reino acabou servindo apenas a esse propósito.

Continuou distribuindo afagos e pizzas – não na quantidade de antes; apenas para alguns poucos periquitinhos mais próximos. Carmen, enfim, se tornou uma nova versão de Ibrahim – a única diferença era sua enorme beleza.

O Reino voltou às trevas, enquanto o porquinho ligeiro continuava correndo pelo mundo, resignado, e todos os outros periquitinhos e porquinhos seguiram desejando não ter mudado a escritura e esperando por outro milagre. E todos viveram infelizes para sempre.

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Desculpem pela absoluta falta de jeito em escrever uma fábula infantil, afinal, essa não é exatamente a especialidade do site. Mas foi a forma encontrada para tentar fazer os porquinhos do Reino entenderem onde estão se metendo. Cuidado!


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Conselho aprova “Emenda Leila” e mandato do presidente será de três anos

Leila PereiraO Conselho Deliberativo do Palmeiras votou ontem textos para mais uma mudança estatutária. O ponto mais importante foi a alteração da duração do mandato do presidente, que passa de dois para três anos.

Como já vem sendo dito aqui nos posts do Verdazzo há anos, essa é uma das alterações mais importantes que era necessário fazer em nosso estatuto. O mandato curto, de dois anos, exige que o toma-lá-dá-cá prevaleça na vida do clube quase que constantemente, para que quem concentra capital político sustente seu poder.

Exatamente por isso, enquanto Mustafá Contursi deu as cartas no clube, esse ponto do estatuto jamais foi tocado. Agora, que ele encontrou uma adversária política do mesmo calibre, as coisas mudaram. A emenda, que precisava de 141 votos, teve 143 e foi aprovada. Uma derrota monstruosa de Mustafá; e uma demonstração de força imensa de Leila Pereira, que assim abreviou em mais um ano seu tempo de espera para se candidatar à presidência do clube.

Mustafá Contursi definha no Conselho Deliberativo, mas ainda tem força no COF. Grandes operações econômicas ainda podem ser contestadas e barradas por ele. Mas com a saúde financeira que o clube se encontra, a tendência é de que o velho manda-chuva finalmente vista seus pijamas e calce suas pantufas. E isso é muito bom.

Virada nos acréscimos

Informalmente, os grupos políticos do Palmeiras mantêm mapas em suas pranchetas com a tendência das votações mais importantes. Os placares ao final da última semana apontavam para a barração da alteração estatutária com alguma margem – de cinco a dez votos de folga.

No final de semana, provavelmente diante de todo o poder de persuasão de Leila Pereira, o jogo virou. Interessante notar que um grupo tido como progressista, que havia anunciado que votaria contra a mudança, teve quatro de seus cinco conselheiros repentinamente votando a favor da alteração. Democracia é isso.

Rei morto; rei posto

A ascensão de Leila Pereira é impressionante. Rapidamente, a empresária saiu do completo anonimato, em janeiro de 2015, para favorita à cadeira da presidência em 2021, para provavelmente assumir o cargo em janeiro de 2022 – Maurício Galiotte deve concorrer à reeleição em novembro próximo, já contemplando os três anos de mandato.

A conselheira tem muitos méritos. É conhecida como “trator”, expressão bastante comum no meio corporativo para designar profissionais que passam por cima das dificuldades para conseguir o que precisam, nas empresas que comanda. É muito bem sucedida e não precisa se apropriar do dinheiro do Palmeiras para ser feliz – ao contrário, direciona boa parte da verba publicitária de suas empresas para o clube. É verdade que consegue ótimos abatimentos em suas obrigações tributárias com essa prática, mas isso não diminui o bem que faz ao clube.

#sejasocioavantiMas Leila tem características pessoais que torna temerário o acúmulo de poder – presidente e patrocinadora – em suas mãos. Basta lembrar que, por promover o Avanti no lugar do nome dos jogadores em março de 2016, o Palmeiras sofreu represálias da patrocinadora, que deixou de fazer os pagamentos mensais, prejudicando o fluxo de caixa do clube que diz amar. O Avanti é a fonte de renda mais importante do Palmeiras, mas ela não abriu mão do que achava ter direito. O contrato foi ajustado e a situação se normalizou, mas o trator colocou uma roda em cima do clube.

O estatuto do clube prevê a trajetória que uma pessoa qualquer precisa, a partir do momento em que fica sócia, percorrer para chegar a presidência. Até a década passada, eram necessários pelo menos onze anos de clube para aspirar ao cargo máximo. Um tempo exagerado, mas que era imposto por quem mantinha o poder no clube. Com sucessivas manobras, Leila triturou essas carências e abreviou o tempo com um cacife político inédito. O estatuto do Palmeiras permitiu que uma milionária chegasse do nada e rapidamente tomasse o clube para si. Os conselheiros, que ainda poderiam ser a defesa final do clube para essa temeridade, baixaram a ponte levadiça. Leila, como uma conquistadora, entrou com tudo.

Os vitalícios permanecem

Mustafá Contursi
Keiny Andrade/Folhapress

Outro ponto delicado da reforma estatutária foi a diminuição do peso dos conselheiros vitalícios na estrutura do Conselho Deliberativo. Havia uma proposta para diminuir de 148 para 100 cadeiras dessa categoria, o que faria que o número de conselheiros eleitos a cada quatro anos subisse dos atuais 152 para 200. A proposta foi rejeitada e tudo segue como antes.

Mustafá, afinal, ainda respira por aparelhos.

É hora de pensar em precauções

A Assembleia Geral de sócios ainda pode barrar as decisões do Conselho, mas para isso são necessários 2/3 do quórum e a chance disso acontecer é bem pequena. Serão três anos e meio até que a candidatura de Leila vá às urnas, e o Palmeiras precisa se precaver ao máximo das consequências que uma administração possivelmente centralizadora pode ter.

É hora de discutir, por exemplo, a instituição de um limite na fatia do patrocínio dentro do orçamento. Não se trata de recusar dinheiro; ao contrário, é uma forma de estimular os esforços para que as outras receitas cresçam. Eleita ou não presidente, um dia Leila Pereira vai retirar o patrocínio da Crefisa.

É para evitar que um movimento abrupto desse leve o Palmeiras a uma situação semelhante à do Fluminense pós-Unimed que algum mecanismo de defesa tem que ser criado. O clube precisa incrementar ainda mais as receitas do Avanti; as bilheterias precisam continuar vultosas e outras iniciativas de marketing precisam ser exploradas para que não se estabeleça uma perigosa e indesejável dependência da Crefisa.

Leila Pereira, para ser uma grande presidente, deve fazer uma gestão baseada em ações inovadoras, não em política apoiada em seu poderio econômico, para manter o Palmeiras forte dentro e fora de campo. Caso eleita, ao final de seus três (ou seis) anos, precisa deixar o clube saudável financeiramente e estruturado para a saída de suas empresas, se assim desejar. Patrocinador forte só funciona num clube forte.

O Verdazzo e toda a mídia palestrina torcem para que a eleição deste ano seja limpa e justa; assim como a de 2021 e de 2024; permaneceremos atentos, trazendo à luz todos os movimentos, para que a torcida do Palmeiras esteja sempre ciente da situação e dos eventuais perigos que se avizinhem.


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Patrocinador forte num clube fraco não adianta nada

Lamacchia, Mustafá e Leila PereiraO Palmeiras viverá na noite desta segunda-feira uma noite crucial para os próximos anos de sua trajetória. O Conselho Deliberativo votará a chamada “emenda Leila”, uma modificação no estatuto do clube que contemplará, entre outras alterações, a mudança na duração do mandato do presidente do clube de dois para três anos.

É evidente que a mudança, por si só, seria benéfica ao clube. O mandato de dois anos amarra o presidente à política do clube, sempre efervescente. Com três anos de mandato, é possível projetar uma gestão mais sólida e não se perde tanto tempo fazendo política. Esta questão é praticamente ponto pacífico.

Ocorre que a mudança que está sendo proposta visa ter efeito já nas próximas eleições, marcadas para novembro deste ano na qual o atual presidente, Maurício Galiotte, concorrerá. A proposta seria válida se Galiotte não pudesse ser candidato. Os três anos de mandato são muito bem-vindos, mas só a partir da eleição marcada para novembro de 2020. Aplicadas ao atual presidente, configura casuísmo.

Mas toda essa discussão é apenas cortina de fumaça. Tanto os que defendem o “avanço político”, quanto os que previnem sobre o “casuísmo”, estão discutindo sobre o nada – e sabem disso – porque, na verdade, a alteração tem por único objetivo acelerar a chegada de Leila Pereira à presidência do clube. Nossa patrocinadora não está medindo esforços para chegar a esse posto, para acumular as funções de fornecer recursos ao Palmeiras e decidir o que é feito com esses recursos.

Estamos prestes a cometer um erro gravíssimo

Leila Pereira em campanha
Sergio Barzaghi/Gazeta Press

A força do Palmeiras vem da solidez de suas instituições: a torcida, o quadro associativo, a diretoria executiva e os órgãos colegiados. Estes últimos, sabemos, não costumam ser tão sólidos assim. É exatamente na mão de um desses órgãos, o Conselho Deliberativo, que está uma das decisões mais importantes para o futuro próximo do clube.

Leila Pereira mostra uma avidez pelo poder inédita na História do clube. Além de, na condição de patrocinadora, já participar da tomada de decisões no que diz respeito ao andamento do Departamento de Futebol, acelerou de forma incrível sua trajetória política, tornando-se sócia em 2015 (alegadamente, em 1996), conselheira em 2017 e candidata não assumida para o pleito que, caso a emenda que leva informalmente seu nome seja aprovada, será realizado em novembro de 2021.

A conselheira vem proporcionando agrados a dezenas de conselheiros, bancando viagens e jantares sem constrangimento, tudo para cooptá-los a aprovar a emenda que tanto deseja. Seu avião particular, onde costuma dar carona a colegas do Conselho para assistir aos jogos fora do Allianz Parque, é chamado à boca pequena de “aeroestatuto”.

Leila na cadeira de presidente em 2021 é errado duplamente: primeiro, por forçar o clube a alterar a regra no meio do jogo, dando três anos de mandato a uma reeleição que estava prevista para ter apenas dois; e segundo, e muito mais preocupante, por concentrar poder demais nas mãos de apenas uma pessoa, uma empresária de grande sucesso no ramo financeiro, mas que tem um preocupante histórico de impulsividade e que não entende nada de futebol  – e não se trata aqui das quatro linhas, mas sim de tudo o que envolve as atividades de um presidente de clube da grandeza do Palmeiras. A solidez do Palmeiras, apoiada no equilíbrio entre suas instituições, ficará abalada por essa abrupta concentração de poder.

Aeroestatuto
Leila Pereira dá carona a conselheiros do clube, entre eles Wlademir Pescarmona e César Maluco, para assistir ao jogo contra o Atlético-PR (reprodução: Twitter)

A Crefisa não é a Parmalat

Um dos principais argumentos dos defensores da escalada de Leila é que o Palmeiras tratou muito mal a Parmalat na virada do século; a multinacional italiana, ainda com muito por contribuir com o Palmeiras, foi impelida a sair do clube, que mergulhou num caos completo, culminando com o rebaixamento em 2002.

Tal argumento é completamente falacioso. As relações entre Palmeiras e Parmalat, sob um modelo de cogestão, respeitavam a soberania do clube no processo de tomada de decisões. O leitor Douglas Monaco resgatou os fatos históricos e descreveu com precisão neste post como era a dinâmica equilibrada e harmoniosa entre as duas partes – pelo menos até Mustafá Contursi resolver acabar com tudo.

Se rejeitar a aceleração do processo de condução de Leila à presidência significa afastar a Crefisa e todo seu potencial financeiro do clube, pode-se concluir que Leila Pereira não quer exatamente o bem de nosso Palmeiras enquanto patrocinadora, e sim que ela usa o patrocínio apenas como fator de pressão para um dia ser alguém que concentrará muito poder, criando uma dependência temerária.

Muito respeito ao patrocínio

Mauricio Galliote e Leila PereiraA Crefisa é a melhor patrocinadora que um clube poderia ter no cenário nacional. Não se pode confundir a necessidade de proteger as instituições palmeirenses com alegados maus tratos à patrocinadora, semelhante ao que ocorreu há cerca de duas décadas, quando Mustafá colocou a Parmalat para correr do Palmeiras.

Precisamos muito de um patrocinador forte, mas de nada adiantará se o clube se enfraquecer em suas instituições, revivendo o modus operandi exatamente de quem Leila Pereira hoje se declara inimiga: o próprio Mustafá. Estaremos trocando um modelo onde as fontes de receita são bem equilibradas por outro onde a origem dos recursos estará concentrada nas mãos da presidente-patrocinadora, tornando o Palmeiras, na prática, uma espécie de Crefisa FC – exatamente como desdenham hoje nossos invejosos adversários.

A única condição para que Leila Pereira se torne uma presidente que respeita o equilíbrio entre as instituições do clube seria, ironicamente, retirando o patrocínio ao se sentar na cadeira. E isso, ninguém quer – nem ela mesma.

Leila acena com a retirada do patrocínio se o Palmeiras eleger outro presidente ao fim do ano que não seja seu atual aliado, Maurício Galiotte. Há quem diga até que a Crefisa saia do clube em caso da “emenda Leila” não passar – terrorismo puro.

Perder a Crefisa ao fim deste ano seria um golpe duro ao clube, mas que teríamos que superar. A melhor forma de Leila Pereira demonstrar, de fato, seu amor e respeito pelo Palmeiras é mantendo o patrocínio e apoiando a gestão que o quadro associativo, através da Assembleia Geral, vier a escolher em todas as eleições, já que o retorno às marcas de suas empresas é mais do que evidente conforme ela mesma declarou várias vezes.

O Palmeiras não pode viver com a faca no pescoço e ser dependente de quem quer que seja. Patrocinadores vêm e vão; o Palmeiras precisa seguir forte e independente. Patrocinador forte, num clube fraco, não adianta nada.


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Palmeiras estuda nova e perigosa alteração estatutária

Maurício Galiotte
Divulgação

O Conselho Deliberativo do Palmeiras estuda nova alteração estatutária a ser votada nas próximas semanas. O principal ponto a ser apreciado pelo Conselho, posteriormente pela Assembleia Geral é a mudança da duração do mandato do presidente do clube, passando de dois para três anos.

A duração do mandato do presidente sempre foi um dos maiores entraves para a vida política do clube. Uma gestão de dois anos faz o presidente ter praticamente metade de seu mandato em ano eleitoral – algo que notoriamente dispersa a atenção e o foco no que realmente interessa, o futebol. Como no primeiro ano o presidente ainda está se inteirando dos fatos e implantando seus projetos, resta pouco tempo para que o clube seja gerido com 100% da atenção que necessita. Um mandato de três anos dá muito mais tranquilidade para que o trabalho, cada vez mais profissionalizado, seja bem desenvolvido.

Um dos argumentos contrários à mudança prega que, com um prazo maior, os prejuízos de se ter um novo Tirone como presidente seriam muito maiores. O que é uma enorme verdade.

Mas não é por causa desse risco que se deve recuar diante da mudança que se desenha. O Palmeiras tem que cuidar mais ainda para não colocar no cargo algum inepto. A eleição ficará mais séria ainda do que já é. Não podemos nos furtar a fazer o certo por medo de não sermos capazes de evitar que se repita o desastre de se eleger alguém com pouco comprometimento com nossas cores. Não é este o perigo.

A coisa certa, ao tempo certo

Ao mesmo tempo que precisa corrigir esta falha em sua estrutura política, o Palmeiras precisa respeitar o tempo para que as alterações não pareçam casuístas. A partir do momento em que a alteração for feita, é preciso guardar pelo menos um ano para que a uma eleição contemple os efeitos dessa mudança. A eleição presidencial para novembro próximo não pode dar já ao próximo mandato a extensão do tempo.

O correto é que a eleição de 2018 permaneça dando ao eleito uma gestão até o fim de 2020; a eleição em novembro de 2020 é que elegeria o primeiro presidente com mandato trienal.

O histórico escancara a manobra

Leila Pereira em campanha
Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Depois de reduzir de oito para quatro anos como conselheiro o prazo para poder se candidatar à presidência, o Palmeiras pretende afrouxar ainda mais os pré-requisitos. Se o mandato de três anos for aprovado já para 2018, os conselheiros eleitos em 2017 serão os maiores favorecidos.

Pelo texto atual do Estatuto do Palmeiras, é necessário que um conselheiro tenha um mandato completo (quatro anos) para concorrer à presidência do clube – este prazo foi reduzido pela metade na última alteração estatutária, fato incomum na conservadora política do clube, que sempre preferiu períodos mais longos para afastar “aventureiros” do comando alviverde.

Se o eleito em novembro próximo já tiver um mandato de três anos, ele entregará o cargo em dezembro de 2021; os conselheiros eleitos em fevereiro de 2017 já terão completado seus mandatos de quatro anos e poderão assim ser candidatos ao cargo máximo do clube.

A alteração, a toque de caixa, é claramente casuísta e visa facilitar para que Leila Pereira seja candidata a presidente do clube em novembro de 2021. O Palmeiras, desta forma, entregaria as decisões do futebol do clube a quem coloca dinheiro no clube, num evidente e perigoso conflito ético.

Até a eleição de 2015, eram necessários pelo menos onze anos como sócio do clube para ser candidato à presidência: além dos dois mandatos de quatro anos como conselheiro, havia ainda a carência inicial para que o associado recém-admitido pudesse concorrer ao Conselho. Como num passe de mágica, uma associada de 2015 teve sua data inicial alterada para 1996, e poderá, apenas seis anos depois de confeccionar sua primeira carteirinha, ocupar a cadeira mais importante do mundo.

Se começa errado, acaba errado

Mauricio Galliote e Leila PereiraÉ evidente que o ritmo acelerado com que as coisas acontecem para favorecer Leila Pereira em sua caminhada ao poder num ambiente tão conservador como o Palmeiras mostra que houve algum catalisador no processo – e é pouco provável que tenha sido apenas o carisma da dona das empresas que patrocinam o clube.

Os benefícios de se ter os cofres sempre cheios possibilitam ao clube montar um elenco poderosíssimo. Mas isso, como vimos nos últimos dois campeonatos, não são suficientes para erguer troféus. Um patrocinador forte é capaz de reequilibrar a balança na briga com os dois clubes favorecidos pela rede de televisão detentora dos direitos de transmissão, mas se a gestão do clube não for focada em futebol, o mais provável é que sigamos ouvindo na imprensa que o clube deixou de ganhar campeonatos “apesar do alto investimento”.

A Crefisa e a FAM são parceiros excepcionais do clube e devem ser tratados com o máximo respeito e consideração, mas há linhas que não podem ser rompidas. O presidente do Palmeiras tem que ser uma pessoa ligada ao futebol e com raízes no clube. E isso só o tempo provém. Quem pega atalhos, além de não acumular a bagagem necessária, usa de meios questionáveis para atingir seus fins – algo que hoje repudiamos em nosso inimigo, ex-rival, e que não queremos ver por aqui.

A função do patrocinador é patrocinar; apoiar financeiramente em troca de visibilidade para seus produtos e serviços. Esse é o acordo – ou pelo menos, deveria ter sido. É perfeitamente lícito a qualquer empresário ter ambições políticas num clube de futebol, desde que, a partir do momento que assumir essa ambição, cesse qualquer relacionamento financeiro entre as partes.

Até porque, a partir do momento em que os bolsos da presidente e da patrocinadora forem os mesmos, o modelo de receita do clube tende a ser cada vez mais concentrado, tornando o Palmeiras refém de sua patrocinadora/presidente, cujo temperamento instável já rendeu até ameaças de “patrocinar o Flamengo, que tem mais visibilidade” em outros episódios.

Uma Leila presidente que acumule a função de patrocinadora não serve. Ao alterar o sólido modelo de receita construído nas últimas gestões, torna-lo-á frágil, dependente de sua vontade e de seu humor. Possivelmente será soberana, totalitária, como já é em sua empresa. A ética terá ido para o espaço. E quando romper o vínculo, jogará o clube em situação de penúria – algo semelhante ao que ocorre atualmente com o Fluminense, após a saída da Unimed.

Alexandre Mattos e Mauricio Galiotte

Uma Leila presidente, sem o patrocínio da Crefisa e cheia de ética, deve ser apenas melhor que o Tirone, a despeito de sua suposta competência como gestora de uma empresa financeira – a não ser que percorra o tempo necessário como sócia e conselheira para aprender como funciona o meioe isso pressupõe que não pegue (mais) atalhos. E que ninguém se iluda que apenas “ter o Mattos a seu lado” será suficiente. Alexandre Mattos é um comerciante excepcional; ele compra e vende jogadores por valores fantásticos e consegue ótimos acordos. Mas não é exatamente um montador de elencos brilhante; é preciso gente notoriamente do ramo para balizá-lo, além da grana de um novo patrocinador. Uma equipe improvável.

É por tudo isso que, se o clube alterar o mandato para a presidência para três anos já a partir da eleição de 2018, estará dando um passo perigosíssimo e colocando em risco todos os avanços que conquistamos nos últimos anos. Três anos, sim – mas só a partir de 2020. CUIDADO PALMEIRAS!


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