De Gabriel Jesus a Endrick: dez anos depois, projeto da base palmeirense colhe os frutos do planejamento com excelência

*Atualizado em 7/1 às 10h50

O Íbis, clube pernambucano que povoa o folclore do futebol brasileiro, anunciou a contratação do volante Clebson, de 19 anos, que teve passagem pela base do Palmeiras em 2021. Sincerão, o reforço do “pior time do mundo” lamentou o rumo que tomou sua carreira em entrevista ao SporTV.

– Não era esperado estar aqui. Vivi minha carreira praticamente toda no Palmeiras, não esperava estar aqui neste momento.

A crueldade das redes sociais já o condena à condição de bagre. O imediatismo e o extremismo da opinião pública fazem parte do cotidiano dos profissionais do futebol, sejam craques consagrados, sejam aspirantes ao sucesso.

Ainda é muito cedo para cravar que Clebson “deu errado”; num clube pequeno de Pernambuco, o garoto, que não é bom nem ruim – é apenas comum – ainda vai ter que remar bastante para conquistar seu lugar ao sol. Se tivesse permanecido no Palmeiras, a chance de evoluir e aparecer seria bem maior. Mas nem todo jogador que deixa a Academia de Futebol sem ser aproveitado no time de cima está morto para o futebol.

Um projeto de dez anos

No início de 2013, há dez anos, portanto, a recém-iniciada gestão de Paulo Nobre traçou como um dos objetivos da ampla reforma por que o clube passaria a partir daquele momento reestruturar a base, de forma que pelo menos um terço do elenco principal fosse formado por Crias da Academia.

O projeto foi iniciado sob o comando de Erasmo Damiani, que em 2015 foi contratado pela CBF; para seu lugar, o Palmeiras trouxe João Paulo Sampaio, do Vitória, que permanece até hoje.

Hoje podemos constatar que o objetivo foi atingido. Abel Ferreira, para 2023, aprovou a promoção de cinco Crias que se juntam aos que já compunham o elenco no ano passado. Dez dos 30 atletas do nosso elenco são oriundos de nossas próprias canteiras.

As divisões de base do Palmeiras, além de terem se tornado uma máquina de ganhar títulos, também são um celeiro de verdadeiros jogadores de futebol. Além de preencher um terço das vagas de nosso elenco principal, começa também a ser uma fonte importante para o futebol brasileiro.

Nada menos que 11 dos 19 rivais do Palmeiras na Série A têm pelo menos uma Cria da Academia em seus elencos. São 23 atletas com passagem pelas divisões de base do Palmeiras; doze deles, a exemplo de Clebson, sequer tiveram a chance de jogar pelo time principal do Verdão.

João Paulo Sampaio
Fabio Menotti

Dezessete desses jogadores foram formados nesta nova fase da base do Palmeiras: Luan Cândido, Daniel Júnior, Márcio Silva, Miqueias, Del Piage, Esteves, Vitão, Patrick de Lucca, Matheus Teixeira, Matheus Bahia, Patrick de Paula, Wesley, Anderson, Adryelson, Artur, João Pedro e Matheus Sales.

Além destes, mais seis atletas tiveram passagem pela base do Palmeiras antes de 2013: Victor Sá, Gabriel Dias, Victor Luis, Vinishow, David Braz e Pedro Geromel. Expoentes de exceção, de um tempo em que nossa base era usada de maneira errada e até escusa.

Obviamente, nos últimos anos formamos também alguns Clebsons. E isso continuará acontecendo. Em qualquer veio, encontramos as pedras brutas de grande valor em meio a toneladas de minérios comuns.

Com 33 atletas espalhados pelos 20 clubes da Série A, a base da Sociedade Esportiva Palmeiras definitivamente rompeu com o estigma de ser inócua e passou a ser a fonte mais importante do país na revelação de valores, não só para o próprio clube, mas para outros times do Brasil e do exterior, constituindo-se num dos pilares da identidade do futebol brasileiro.

E assim nossas canteiras cumprem seu papel primordial, muito maior que ganhar títulos: fornecer atletas e gerar ganhos financeiros para o clube, ao mesmo tempo: nos últimos oito anos, segundo João Paulo Sampaio, o Palmeiras faturou R$ 917 milhões em vendas de pratas-da-casa, face a um investimento de R$ 188 milhões, no mesmo período. E de 2013 para cá, 61 Crias da Academia defenderam nosso time principal pelo menos uma vez.

Um verdadeiro orgulho para todos nós.

Crias da Academia espalhadas pela Série A 2023

AtletaIdadePos.Clube
Luan Cândido21LE/MBragantino
Márcio Silva21ZCoritiba
Miqueias21MBahia
Daniel Júnior22MCruzeiro
Del Piage22MBotafogo
Esteves22LEFortaleza
Vitão22ZInter
Patrick de Lucca22VVasco
Matheus Teixeira23GBahia
Matheus Bahia23LEBahia
Patrick de Paula23VBotafogo
Wesley23ACruzeiro
Anderson24GCruzeiro
Adryelson24ZBotafogo
Artur24ABragantino
João Pedro26LDGrêmio
Matheus Sales27VCoritiba
Victor Sá28ABotafogo
Gabriel Dias28VVasco
Victor Luis29LECoritiba
Vinishow29AGoiás
David Braz35ZFluminense
Geromel37ZGrêmio

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2 comentários em “De Gabriel Jesus a Endrick: dez anos depois, projeto da base palmeirense colhe os frutos do planejamento com excelência

  1. Além dos clubes da serie A, tem os que estão no exterior ou em clubes menores. Como Gabriel Silva, Pedro Bicalho, Allan Guimarães que estão no Santa Clara e Moreirense de Portugal, Rafael Elias no Baniyas nos Emirados Árabes e Bruno Benezes que foi para o Inter de Limeira.

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