MEMÓRIA: O dia em que o Palmeiras representou a Seleção Brasileira e deu um baile no Uruguai

Por Thell de Castro

Folha de S.Paulo
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Além da gloriosa história, recheada de conquistas dos mais variados títulos – afinal de contas, o futebol não começou nos anos 1990, como muitos pensam – um dos maiores orgulhos da torcida palmeirense foi ter enviado seu time completo para representar a Seleção Brasileira.

O fato aconteceu no dia 7 de setembro de 1965. Era a inauguração do Mineirão, em Belo Horizonte, e o Palmeiras, com sua primeira “Academia”, teve sua equipe toda convocada para representar o Brasil. Do goleiro ao atacante, com todos os reservas, além de técnico – argentino Filpo Núñez, massagista, roupeiro e tudo mais.

Para um público de quase 100 mil pessoas, o Brasil venceu o Uruguai por 3 a 0, com gols de Rinaldo, aos 27, Tupãzinho, aos 35 do primeiro tempo, além de Germano, aos 29 do segundo tempo.

O Brasil jogou com Valdir de Moraes (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Valdemar (Procópio); Julinho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera), Ademir da Guia e Rinaldo (Dario).

O Uruguai perdeu com Taibo (Fogni), Cincunegui (Brito), Manciera e Caetano; Nuñes (Lorda) e Varela; Franco, Silva (Vingile), Salva, Dorksas e Espárrago (Morales). O árbitro foi Eunápio de Queiroz.

Gazeta Esportiva
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Logo na capa da edição de 8 de setembro de 1965, a Folha estampa em letras garrafais: Palmeiras venceu o Uruguai por 3 a 0. Leia a chamada:

 “Em prosseguimento às festas de inauguração do Estádio Estadual Minas Gerais, o Palmeiras, com a camisa da seleção brasileira, enfrentou ontem em Belo Horizonte uma seleção do Uruguai, derrotando-a pelo escore de 3 a 0 (2 a 0 no 1º tempo), gols de Rinaldo (penal). Tupãzinho e Germano. O conjunto brasileiro foi superior em todos os sentidos e na fase final substituiu seis de seus jogadores, sem que os adversários conseguissem colocar em risco o resultado”.

Isso é que era elenco! Poder substituir seis jogadores e manter a qualidade do time.

No dia 9 de setembro, a Folha trouxe outra reportagem sobre o confronto. Em “Djalma encarna o futebol”, o jornal mostrou opiniões do técnico do Uruguai sobre o jogo e o Palmeiras.

“O técnico Juan Lopez, preparador das seleções uruguaias de 50, 58 e 62, declarou hoje ao embarcar no Galeão de volta a Montevidéu, que o plantel de bons jogadores no Uruguai é igual ao de 1950, quando levantaram a Copa do Mundo. Juan Lopez será o preparador também para a Copa de 66, em Londres.

 “O Palmeiras me pareceu um bom conjunto. Difícil mesmo de ser vencido, embora com o quadro mais descansado. Todavia, se houvesse pelo menos um dia de repouso, poderíamos surpreender”, afirmou.

 Lopez fez questão de chamar a atenção para o exemplo do jogador Djalma Santos. “Joga tão bem como há 15 anos”, tecendo os maiores elogios ao veterano craque, em que os jovens de hoje deveriam ver o “espírito verdadeiro do futebol”.

Para fechar em grande estilo e comprovar a hombridade do time que “sabe ser brasileiro, ostentando a sua fibra”, vale ressaltar que havia uma taça simbólica em disputa na partida. Ao final da partida, o Palmeiras, entendendo que o troféu pertencia à CBD (antecessora da CBF), pois estava apenas representando-a, deixou o mesmo com a Comissão Organizadora e retornou a São Paulo.

Mas, em 1988, 23 anos depois, foi descoberto que o troféu continuava no Mineirão, já que a CBD também não requisitou. Assim, ficou decidido que o Palmeiras deveria, honrosamente, ficar com a lembrança, que estaria sendo exposta no memorial da Sociedade Esportiva Palmeiras se ele tivesse sido disponibilizado pela WTorre, mas isso é outra história.

Gazeta Esportiva
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Thell de Castro é palmeirense, jornalista e editor do site TV História

Periscazzo (02/03/2018)

A ótima vitória em Barranquilla nos deu a liderança da chave na Libertadores e deu uma bica na crise que ameaçava se instalar na Academia de Futebol.

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Apenas dez jogos: o Palmeiras é um time em construção

Guerra enfrenta o Junior, em Barranquilla
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

A partida contra o Junior, na noite de ontem em Barranquilla, encerrou a primeira parte da temporada. Após dez jogos, o time experimentou a condição de sensação da temporada, e rapidamente foi transformado a mico do ano, fadado ao fracasso. Como vimos, nem uma coisa, nem outra. O Palmeiras é um time em construção.

A partir de agora, o time se concentra na reta final do Paulistão; com mais nove jogos, podemos conquistar uma taça que não vem há quase dez anos e que aumentará a confiança do time, mesmo sendo um torneio menor. Nessa trajetória, teremos apenas um jogo pela Libertadores – contra o Alianza, em casa, encravado entre os dois jogos das finais.

Nestes dez jogos disputados até agora, Roger Machado usou 21 jogadores. Mayke, Fernando Prass, Moisés e Juninho jogaram apenas uma vez; os outros 17, no mínimo, participaram de cinco partidas – metade do total. Considerando que Moisés, Edu Dracena e Diogo Barbosa são atletas que fatalmente estarão entre os que jogarão com frequência assim que suas condições físicas permitirem, temos um elenco com 20 protagonistas – uns mais, outros menos usados, mas com igual importância para o equilíbrio do conjunto.

A seguir, o Verdazzo apresenta uma série de dados referentes às dez partidas iniciais de 2018, que servem para o leitor fazer projeções para tentar entender para onde Roger está conduzindo o grupo.

Números

  • Thiago Martins enfrenta o Junior, em Barranquilla
    Cesar Greco / Ag.Palmeiras

    Thiago Martins é o atleta que mais minutos esteve em campo: com 954 minutos jogados, é o único que esteve presente em todos os jogos, completos;

  • Além dele, apenas Jailson, Antônio Carlos, Lucas Lima e Dudu foram titulares em todos os jogos. Willian Bigode também esteve presente em todas as partidas, mas em dois deles entrou no decorrer do jogo;
  • Keno foi o jogador que mais entrou durante os jogos: 8 vezes. Bruno Henrique e Gustavo Scarpa, 5 vezes cada, vêm em seguida (importante lembrar que este último ficou quatro partidas em trabalho físico e só esteve disponível em seis);
  • Lucas Lima, 7 vezes, e Tchê Tchê, 6 vezes, foram os jogadores mais substituídos;
  • Dos jogadores disponíveis, apenas Weverton e Luan, além dos meninos Luan Cândido e Daniel Fuzato, não tiveram a chance de entrar em campo;
  • O Palmeiras marcou 17 gols em dez jogos. Depois de passar dois jogos em branco contra Ponte Preta e SCCP, o time reagiu na Colômbia e chegou à razoável média de 1,7 gols por jogo;
  • Borja enfrenta o Junior, em Barranquilla
    Cesar Greco / Ag.Palmeiras

    Borja é o artilheiro do time, com 6 gols em 9 jogos – ótima média de 0,66 gols por partida. Em seguida, aparecem Dudu, Keno e os improváveis Thiago Santos e Bruno Henrique, com dois gols cada;

  • Bruno Henrique, com o jogo “fora da curva” na Colômbia, tem a incrível média de um gol a cada 80 minutos jogados. Thiago Santos vive um fenômeno parecido, com um gol a cada 118 minutos. Em seguida, aparecem Keno (um gol a cada 126 minutos) e Borja (um gol a cada 128 minutos);
  • O Palmeiras recebeu 16 cartões amarelos, o que dá a média de 1,6 cartões por jogo. Borja também é o líder neste item, com 3 cartões recebidos; Lucas Lima, Victor Luis, Felipe Melo e Antônio Carlos vêm em seguida com 2. Nesses dez jogos, o Verdão recebeu apenas um cartão vermelho – “aquele”, do Jailson.

Raio-X: 10 jogos

Conclusões?

Roger Machado
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Não há exatamente muitas conclusões a se tirar deste levantamento. O que podemos perceber são algumas tendências do pensamento do treinador. O leitor pode enriquecer a discussão com suas impressões nos comentários.

O Palmeiras venceu seis partidas fáceis no início da caminhada, contra adversários, à exceção do Santos, muito inferiores tecnicamente. Oscilou, teve um jogo atípico em Campinas e um Derby contra um time mais entrosado, onde, apesar de prejudicado pela arbitragem, mostrou claramente que ainda está em evolução e que não é a máquina que as seis vitórias iniciais poderiam sugerir aos menos experientes.

Nossa torcida não se caracteriza pela paciência, mas neste momento, é tudo o que nosso time precisa. Uma derrota num Derby é um grande ímã de problemas; o ambiente fica efervescente e a porção clubista da imprensa aproveita para jogar gasolina na fogueira. Só nesses quatro dias entre as duas últimas partidas tivemos três deflagradores de crises; boa parte de nossa torcida, descontente com o Derby, adorou comprar todas elas.

Moisés
Cesar Greco / Fotoarena

Temos que ser inteligentes. Compreender o momento de construção do time. Já pudemos ver momentos de brilho encantador entremeados com outros de confusão e perplexidade. Gustavo Scarpa, Edu Dracena, Moisés e Diogo Barbosa são peças importantíssimas que serão decisivas para que o potencial que podemos ver neste momento se transforme em realidade.

Todos os números apresentados dão uma pequena noção de como Roger pretende fazer isso ao longo da temporada. Por enquanto, temos um belo material bruto e um time em construção.

Este grupo tende a maturar definitivamente na parada para a Copa do Mundo – a partir de julho, podemos esperar um time realmente forte, encorpado, que tende a levantar o Brasileirão naturalmente se conseguir administrar o elenco em todos os aspectos – físico, técnico e moral; e com um pouco de sorte – e inteligência da torcida – pode levantar também algum(ns) dos mata-matas.


O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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