Periscazzo (04/05/2018)

Palmeiras surpreende e joga o fino da bola mesmo com nove reservas no Peru. E o Borja, hein?

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Mesmo com números positivos, Borja segue contestado por sua grossura

Borja e Mayke
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A torcida do Palmeiras vive um carrossel de emoções com Miguel Borja no comando do ataque. O colombiano já marcou dez gols este ano, deu algumas assistências, foi artilheiro do Campeonato Paulista e segue fazendo gols – ontem, em Lima, deixou sua marca mais uma vez e ainda teve participação importante no primeiro gol.

Mesmo com todos esses números, o atacante que custou R$ 35 milhões ao Palmeiras ainda faz boa parte da torcida arrancar os cabelos com sua evidente grossura, comprovada após mais de um ano como jogador do Verdão.

No ano passado, Borja tinha como justo escudo a famosa “barreira do idioma”, além da “personalidade introvertida”. O principal problema, entretanto, era a adaptação ao estilo do futebol brasileiro, bem diferente do que estava acostumado a jogar na Colômbia. Era mais do que justo exercitarmos a paciência.

Hoje, Miguel já aprendeu a marcar, a se posicionar e a se deslocar de forma que participe mais do jogo e renda mais para o grupo. E é exatamente aí que notamos o quanto ele é grosso. A dificuldade para dominar uma bola é gritante. Como ele maltrata a criança!

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra

Comemoração em Lima, pela Libertadores
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Na Colômbia, Borja só tinha que se preocupar em dar um toque na bola – normalmente direto para o gol. No máximo, uma ajeitada para depois soltar a patada. Nessas condições, ficava difícil detectar o quanto ele tem problemas para fazer um domínio, ou para levantar a cabeça e enxergar o que fazer, ou para executar bem um passe.

Encantados com seus canhonaços, nem notamos que ele é péssimo cabeceador e que tê-lo no ataque significa abrir mão de jogadas aéreas como alternativas para buscar o gol.

Mas ele está longe de ser o pior atacante do mundo. Já tivemos centroavantes muito, mas muito mais grossos que Borja, e nem precisamos voltar demais no tempo para lembrar de exemplos claros. A questão é que, mesmo com essa grossura, ele tem números muito bons este ano, além de uma postura profissional irretocável. Há até quem feche os olhos para suas deficiências, satisfeito com os resultados entregues.

Tudo isso nos leva a pensar sobre a posição de quem está insatisfeito: choram de barriga cheia ou têm todo o direito de pensar mais alto ainda, sonhando com um centroavante que seja, ao mesmo tempo, letal nas finalizações mas que também tenha mais intimidade com a bola e participe com mais elegância e principalmente, mais efetividade nas jogadas?

O fator grana

Borja
Marco Galvão/Estadão Conteúdo

Um dia acreditamos que Borja seria o atacante de nossos sonhos. O estilo de jogo na Colômbia mascarou suas deficiências e pagamos nele um valor muito, mas muito acima do que hoje sabemos que ele realmente vale. E é preciso fechar essa conta, sobretudo depois que a Receita Federal mudou a regra do jogo e Borja, assim como outros atletas que vieram com apoio financeiro da Crefisa, passaram a ser dívida do clube e não risco do patrocinador.

Entra também na equação o reserva: Deyverson, este sim, um fracasso completo, um atacante ruim em todos os sentidos que também não custou barato – cerca de R$ 16 milhões. O pior é que ele nem tem as características de um centroavante nato e Borja acaba sendo o único realmente especialista na posição do elenco.  A única forma de recuperar o investimento feito no jogador que veio do Alavés seria na venda de Miguel – é pouco provável que o Palmeiras salve mais que R$ 5 milhões neste equívoco que usa a camisa 16.

Temos três cenários possíveis no superaquecido mercado de julho:

  1. Borja se destaca na Rússia e um time pequeno da Inglaterra paga até mais que a grana nele investida em 2017. No lucro, o Palmeiras traz um centroavante artilheiro e bom de bola, e segue com Deyverson no banco;
    • Uma variação desta possibilidade seria vender também o Deyverson e trazer outro centroavante para o banco – teríamos uma dupla de centroavantes totalmente nova para o segundo semestre e a situação financeira resolvida;
  2. O Palmeiras não consegue nenhuma boa oferta por Borja, que segue no elenco; Mattos mesmo assim traz um atacante de ponta e Miguel vai para o banco; o Palmeiras se livra de Deyverson por uma ninharia e resolve de vez o problema do comando de ataque – mas acaba com as chances de ter sucesso financeiro na operação, amargando um enorme prejuízo;
  3. Nada acontece e o Palmeiras segue com Borja e Deyverson – o colombiano fazendo seus gols, o treinador recorrendo ao camisa 16 quando necessário e o Palmeiras ponteando os campeonatos – sempre sonhando como poderia ser mais fácil se tivéssemos um centroavante que fizesse gols e que ainda chamasse a bola de “meu amor”.

A novela ainda tem chão. A seguir, cenas dos próximos capítulos.


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Dissimulado, Carlos Simon assume “erro” e pede desculpas a Obina

Carlos Simon rouba o Palmeiras no Maracanã
Reprodução

Ontem à noite, num programa da Fox, Carlos Simon finalmente admitiu que “errou” ao anular o gol de Obina, no jogo entre Fluminense e Palmeiras no Brasileirão de 2009.

Com direito a tapinha nas costas, o comentarista de arbitragem da emissora disse ao vivo para Obina e para os colegas da emissora que tentou compensar um escanteio, que na verdade seria tiro de meta, se enrolou todo na explicação, mas deixou uma coisa bem clara: o gol foi legítimo.

Que não houve irregularidade nenhuma todos já estamos cansados de saber. Basta ver o vídeo para constatar que Carlos Simon fabricou a anulação do gol, aos 29 minutos do primeiro tempo.

Vamos voltar no tempo: o jogo era válido pela 34ª rodada do campeonato. O Palmeiras liderava o campeonato, seguido de perto por SPFC , Atlético-MG e Flamengo. A vantagem já tinha sido maior, mas o Palmeiras sofria com uma oscilação causada por desfalques importantes, como Pierre e Cleiton Xavier.

Uma vitória no Rio, além de deixar o Palmeiras muito perto do título brasileiro, praticamente condenava o Fluminense a mais um rebaixamento. O time carioca fazia uma campanha patética, havia virado o turno com apenas 15 pontos conquistados e chegou a ficar afundado 9 pontos atrás do primeiro time fora da zona do rebaixamento. Com uma arrancada de seis vitórias entre as rodadas 32 e 37 – a terceira delas, sabemos, roubada, acabou conhecido como “time de guerreiros” ao se salvar da queda. Mais essa.

O Palmeiras havia feito investimentos arriscados para levantar o título aquele ano. O presidente Luiz Gonzaga Belluzzo aumentou o salário dos principais atletas do elenco no meio do ano, para evitar que eles cedessem às ofertas para mudar de clube na janela de julho. Vagner Love foi trazido a peso de ouro no segundo turno para garantir força ofensiva. Tudo isso, nas contas da diretoria, se pagaria com a conquista do título.

A operação de Simon salvou o Fluminense e quem acabou rebaixado foi o Coritiba. O Palmeiras entrou em parafuso com o assalto; o elenco, abalado de forma semelhante ao que vimos nas últimas semanas, após a final do Paulista, perdeu o foco e empatou em casa com o Sport e foi derrotado pelo Grêmio no Olímpico, com Obina e Maurício sendo expulsos na saída para o intervalo após trocarem socos. O campeonato caiu no colo do Flamengo.

O Palmeiras deveria ter tido um 2010 de austeridade, para recuperar o buraco financeiro causado pelos riscos assumidos em 2009. Mas nosso presidente jogou de novo e trouxe de volta Valdivia, Kleber e Felipão, mais uma vez sem resultados. O buraco se tornou maior ainda e o clube caiu nas mãos de Arnaldo Tirone. À beira do precipício, ao final de 2012, todos sabiam que tudo havia começado em 2009, com a perda daquele Brasileiro, pelo apito nefasto de Carlos Simon.

Mentiroso

Carlos Simon
Reprodução

Em agosto de 2012, comentando o  jogo pela Sul-Americana entre Palmeiras e Botafogo na Fox, Simon recebeu uma “pergunta do internauta” – foi este blogueiro o autor da provocação, que a produção da transmissão não teve a sagacidade de vetar: “Simon, é muito difícil apitar jogos do Obina, ele joga muito com o corpo e empurra muito?”.

O ex-juiz, de forma tão dissimulada quanto a que mostrou no gramado do Maracanã três anos antes, disse que apitou com convicção, que foi falta e que Obina até teria confessado a ele tempos depois que tinha mesmo feito falta. Devidamente alertada, a assessoria de imprensa do Palmeiras acionou Obina, que desmentiu Simon nas entrevistas após o jogo: “Se ele disse isso, mentiu. Eu nunca disse nada, nunca admiti que foi falta, até porque eu não fiz nada naquele lance. Foi um gol claro, que nos colocaria em vantagem no marcador”.

Não desculpamos

Obina e GumQue juízes fazem esquema, não é novidade para ninguém, e já não era na época. Carlos Simon foi o juiz escolhido pela CBF para apitar a Copa de 2010, seu prêmio final pelos serviços prestados.

Admitir o erro agora não é uma “atitude humilde”, tampouco transparece “coragem” do ex-árbitro, como a redação da Fox tentou descrever a confissão. Simon errou de propósito, de forma premeditada e criminosa, e ainda processou o presidente Belluzzo pelas declarações iradas após a partida – ganhou R$ 60 mil em 2013, e certamente não vai devolver o dinheiro.

A declaração de Carlos Simon chega num momento delicadíssimo da arbitragem, em que o Palmeiras promove investigação profissional para desmascarar outro esquema, desta vez entre SCCP e FPF, com ajuda das imagens da RGT, que nos roubou o título paulista. O Palmeiras, neste momento, vem de um empate em casa com um gol marcado no último lance do jogo, mal anulado pela arbitragem.

Armando Marques, Arnaldo Cézar Coelho, Ulisses Tavares da Silva, Claudio Vinicius Cerdeira, Ubaldo Aquino, Paulo César de Oliveira, Wilson de Souza Mendonça, Guilherme Cereta, Heber Roberto Lopes, Anderson Daronco, Raphael Claus e Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, só para lembrar alguns, um dia também podem vir a público e assumir que já roubaram o Palmeiras, nos fizeram perder Derbies e nos tiraram títulos. Como fez Simon.

Mas nossa torcida jamais poderá perdoar aqueles que, de posse de um apito, não cometeram simples erros. Envolvidos até o pescoço nos esquemas de manipulação de resultados no futebol, operaram o Palmeiras e não deixaram nossa imensa galeria de troféus ser maior ainda.  Eles tentam, tentam, tentam, mas não nos matam. Porque nós resistimos – e desta vez, ao que parece, estamos reagindo. Que essas investigações não parem na final do Paulista e que o Palmeiras inspire outros clubes a também tomarem suas providências para acabar com essa sujeira toda.


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