O gol perdido por Borja, aos 2 minutos do segundo tempo da partida contra o Bragantino na última segunda-feira, não poderia ter vindo em pior hora. Depois do chute de Dudu, a bola desviou na zaga e o goleiro Alex Alves rebateu com o pé para o meio da área, onde estava o colombiano. Borja só precisava escorar a bola, mas acabou batendo forte demais e ela encobriu o travessão.
Pouco antes, aos 27 do primeiro tempo, Borja conquistou um pênalti ao perceber que o goleiro do Bragantino saiu com muita velocidade para fechar o ângulo, após ótimo passe de Dudu para o camisa 9 dentro da área – Borja puxou de lado e apenas esperou o inevitável contato, numa jogada inteligente.
Durante todo o jogo, o colombiano teve boa atuação, fazendo bem as funções táticas, posicionando-se bem, segurando os zagueiros, abrindo espaço para a chegada dos companheiros. Mas a oportunidade perdida grita mais alto. No futebol, é assim.
O camisa 9 perdeu um gol feito e passou em branco. A sensação do torcedor ao sair das arquibancadas do Municipal é de decepção e revolta com o centroavante – mesmo após uma vitória.
Uma rápida olhada em volta
Observando o panorama dos homens-gol dos clubes da Série A, percebemos que Borja está entre os melhores. Poucos atletas da lista abaixo satisfariam nossa torcida, que está cada vez mais mimada e exigente por grife.
Borja, Arthur Cabral e Deyverson
Gustavo, Boselli e Vagner Love
Pablo e Diego Souza
Rodrygo e Yuri Alberto
Gabicelha, Ceifador e Uribe
Pedro
Maxi Lopes
Kieza e Rodrigo Pimpão
Fred, Raniel e Sassá
Ricardo Oliveira
Felipe Vizeu, Diego Tardelli e André
Guerrero, Pottker e Alvez
Daniel Amorim
Wellington Paulista
Marco Rúben
Brenner
Gilberto e Fernandão
Júnior Santos
Roger e Ricardo Bueno
Patrick Fabiano
Um peso que ele não pediu para carregar
Borja carrega há dois anos o peso de ter custado muito caro. Artilheiro da Libertadores em 2016 com o Atlético Nacional, chegou como unanimidade, com status de máquina de fazer gols, com direito a recepção de popstar mundial no aeroporto de Guarulhos. E ele não pediu por nada disso.
Ele é apenas o Miguel, um bom centroavante. Artilheiro do Palmeiras em 2018, artilheiro do paulista e da Libertadores, marcou 32 gols em 93 jogos com a camisa do clube. Considerando que dificilmente atua durante os 90 minutos – ou é sacado, ou entra durante os jogos – os números são muito bons.
Todo centroavante perde gols. Se Evair perdia gols feitos, Borja vai perder também, e mais vezes. Romário perdia gols. Careca, Weah, Van Basten, Batistuta, Klinsmann, perdiam gols feitos. Borja, que é de carne e osso e não o centroavante do videogame, parece que não tem esse direito.
Borja não é o melhor centroavante da História do Palmeiras, claro. Nem o melhor deste século. Provavelmente não seja nem o melhor desta década, em que já tivemos, em tempos bicudos, Barcos e Alan Kardec. Mas é um bom centroavante, mete gol. Às vezes bate de canela, mas põe pra dentro.
Mais inteligência, por favor
Parece claro que o Palmeiras pode ter um camisa 9 com mais qualidade e que meta tantos ou mais gols quanto o colombiano. Se chegou uma grande proposta por ele, o Palmeiras precisa estudar, principalmente, como irá repor sua eventual saída.
O mercado está aí, cheio de oportunidades, e temos em nossa equipe o executivo mais capacitado para identificá-las e transformá-las em realidade.
Mas enquanto isso não acontece, Borja merece e precisa de nosso apoio. Primeiro, porque ele deve entrar em campo no próximo jogo e dependemos dele para comemorar gols. E segundo porque, caso a negociação avance, quanto mais nossa torcida detoná-lo nas redes sociais, maior o poder de negociação do interessado.
Imagine você tentando vender o seu carro usado no feirão e de repente o seu caçula solta na frente do comprador: “papai, esse moço aí que é o trouxa pra quem você vai empurrar a nossa carroça?”
É assim que nossa torcida está se comportando nas redes sociais. Está faltando um pouquinho de inteligência.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
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