Era uma vez um Reino de periquitinhos e porquinhos que vivia muito feliz. Nesse Reino, os periquitinhos eram os mais inteligentes e lideravam os porquinhos, que eram a força de trabalho. Todos eram sempre muito barulhentos, viviam se desentendendo, mas sempre arrumavam uma solução – e comiam pizza para comemorar. Tudo acabava em pizza naquele Reino, que brilhou por muitos anos.
Um periquitinho chamado Ibrahim era muito mais esperto que os outros e, pouco a pouco, foi atraindo para si o controle de todos os cantinhos do Reino sem ninguém perceber. Quando todos viram, Ibrahim controlava quase o Reino inteiro. Comeu tanta pizza que ficou muito gordo e se transformou num enorme sapo-boi. Mas os periquitinhos continuavam a apoiá-lo, em troca de alguns afagos.
Ibrahim foi consumido pelo poder, tornou-se muito malvado e passou a mandar e desmandar no Reino. Os periquitinhos e os porquinhos faziam as vontades do sapo Ibrahim – os periquitinhos convenciam os porquinhos que estava tudo bem e ganhavam mais afagos por isso – e, claro, algumas pizzas.
Mas o Reino, antes próspero e feliz, passou a se degradar sob a batuta de Ibrahim. Alguns periquitinhos queriam mais afagos que Ibrahim podia dar e tentaram, por anos a fio, tirar seu poder. Mas Ibrahim sempre foi mais inteligente e esses periquitinhos nunca tiveram sucesso; restou a eles desejar profundamente que algum tipo de milagre acontecesse.
Ibrahim foi envelhecendo e ficando cada vez mais cansado. Um porquinho muito ligeiro, que não concordava muito com os desmandos de Ibrahim, passou a se destacar e ganhou a confiança do velho sapo.
Sem milagre, sem desperdiçar recursos com afagos e com trabalho sério, os tempos prósperos voltaram sob o comando desse porquinho ligeiro, que entendeu exatamente como governar o Reino sem que Ibrahim se sentisse ultrajado.
O Reino voltou a brilhar!
Os outros porquinhos e periquitinhos, em vez de ficarem felizes com o Reino voltando aos bons tempos, se enciumaram com o sucesso do porquinho ligeiro e seguiram desejando profundamente que um milagre acontecesse – desde que com muitos afagos.
Um dia, uma borboleta chamada Carmen surgiu, do nada. Lindíssima, ela pousou sobre os quatro cantos do Reino e seduziu a todos com um fantástico poder: ela tinha uma bolsa mágica que fazia afagos e pizzas brotarem infinitamente. Até Ibrahim, que gosta muito afagos e de pizza, foi seduzido por Carmen sem entender direito quem ela era e o que realmente desejava.
Os periquitinhos e os porquinhos, encantados, amaram sua nova amiga. Quase todos só pensavam em como ela era linda e naquelas deliciosas pizzas. Mas o porquinho ligeiro percebeu que tinha algo errado.
Carmen foi ficando cada vez mais poderosa e percebeu a ameaça: mexeu seus pauzinhos para banir o porquinho ligeiro do Reino e para colocar em seu lugar um periquito sem penas e que atendia a todos os seus desejos. Carmen então passou a perna em Ibrahim e o isolou no pântano, se tornando a única pessoa com influência sobre o governo do periquitinho sem penas.
Ela dizia amar o Reino, mesmo tendo acabado de chegar. Os periquitinhos e porquinhos que diziam odiar Ibrahim e tinham inveja do porquinho ligeiro acreditaram piamente nesse amor e se derreteram pela borboleta, que não poupava afagos e pizzas. O milagre tinha acontecido!
Mas Carmen guardava um segredo: ela ainda precisava mudar as escrituras do Reino para se tornar a rainha eterna. Nunca se viu tantas pizzas no Reino. Como se não bastasse, também passou a distribuir milhões de afagos aos periquitinhos da corte. Dizem até que mandou abrir os portões para que centenas de novos porquinhos leais a ela passassem a viver no Reino, tudo sob o olhar inerte do periquito sem penas.
A história ainda não foi totalmente escrita. Dizem que os periquitinhos e porquinhos aceitaram mudar as escrituras e que a borboleta Carmen se tornou de fato a rainha eterna. Soube-se depois que ela era dona de um Império que precisava de um quintal, e que o Reino acabou servindo apenas a esse propósito.
Continuou distribuindo afagos e pizzas – não na quantidade de antes; apenas para alguns poucos periquitinhos mais próximos. Carmen, enfim, se tornou uma nova versão de Ibrahim – a única diferença era sua enorme beleza.
O Reino voltou às trevas, enquanto o porquinho ligeiro continuava correndo pelo mundo, resignado, e todos os outros periquitinhos e porquinhos seguiram desejando não ter mudado a escritura e esperando por outro milagre. E todos viveram infelizes para sempre.
***
Desculpem pela absoluta falta de jeito em escrever uma fábula infantil, afinal, essa não é exatamente a especialidade do site. Mas foi a forma encontrada para tentar fazer os porquinhos do Reino entenderem onde estão se metendo. Cuidado!
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