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16/06/2022 - 18:00
A avalanche de gols despejada pelo Palmeiras no final do primeiro tempo é mais um elemento de construção deste time como Terceira Academia no imaginário do torcedor palmeirense. Os “quatro gols em sete minutos contra o Atlético-GO” serão lembrados por décadas.
Parecia um jogo ordinário, daqueles em que o time pequeno vem para o Allianz Parque quebrar o ritmo do jogo para tentar beliscar um resultado improvável. Depois de um gol sofrido após uma sequência bizarra de erros de Luan, aos 29 minutos, a cera do time goiano já tinha atingido níveis extremos na escala da vergonha.
Mas foi num lance iniciado pelo próprio Luan que tudo começou a se inverter – o lançamento longo em diagonal achou Gabriel Veron em excelente posição e o ponteiro executou a jogada, desde a matada até o centro, com perfeição; a conclusão de Zé Rafael foi simples e perfeita, girando o corpo rápido e espetando a bola no vazio, fora do alcance do goleiro.
A raiva que o torcedor estava sentindo da cera dos goianos foi canalizada num sentimento que só a arquibancada proporciona. A energia transmitida aos jogadores logo após o primeiro gol, sob o canto do “time da virada”, seria capaz de lançar um foguete. Era possível sentir o cheiro do medo dos jogadores do Atlético pouco antes de Gustavo Scarpa bater o escanteio que deu origem ao segundo gol. E a belíssima construção do gol de Scarpa, seguida por uma comemoração incomum dos próprios jogadores, fez do terceiro gol uma apoteose inesquecível. Tudo o que está descrito nestes dois parágrafos durou apenas três minutos.
O quarto gol veio quatro minutos depois, e se o primeiro tempo não terminasse logo na sequência, os gols continuariam saindo. O adversário estava absolutamente nocauteado, era como se só houvesse jogadores de verde no campo. Uma descomunal demonstração de força.
O segundo tempo foi apenas protocolar, e os presentes ao Allianz Parque nem se incomodaram – ao contrário, todos curtíamos estar vendo aquele time em campo. Os sete minutos do massacre valeram cada segundo da jornada do torcedor, desde a saída de casa no início da tarde, até a volta, à noite.
Abel Ferreira optou por usar Gustavo Gómez na lateral, no lugar de Marcos Rocha, já que Mayke ainda voltava de lesão. Uma das ideias do treinador foi aumentar a altura do time nas bolas paradas – e ao que parece, deu certo, embora nas jogadas trabalhadas o desempenho tenha sido obviamente inferior.
Luan precisou de muita concentração para apagar a sequência desastrada que deu origem ao primeiro gol do Atlético e seguir em frente – foi recompensado com duas participações nos gols da avalanche; mas a pecha da “má sorte” foi reforçada no imaginário da torcida e o camisa 13 vai precisar de uma nova longa sequência sem erros para ter um pouco de paz.
Com Danilo apagado, Zé Rafael foi novamente o grande nome do meio-campo, participando efetivamente de boa parte das construções ofensivas. Gustavo Scarpa, cada vez mais avançado e caindo pelas beiradas, puxa marcadores e abre o espaço para o brilho do camisa 8, que completou 29 anos em grande estilo.
O grande nome do jogo não marcou gols – Gabriel Veron, que podia muito bem estar se desenvolvendo no ótimo time sub-20 do Palmeiras, já que ainda tem apenas 19 anos, fez uma de suas melhores partidas com a camisa do Verdão, em sua terceira temporada entre os profissionais. Rápido, habilidoso e com cada vez mais inteligência esportiva, Veron vai se tornando a realidade que todos imaginávamos vendo-o sobrar nas categorias de base entre 2018 e 2019.
Sabemos o quanto as coisas mudam rápido no futebol; uma sequência de jogos importantes, como a dobradinha no Morumbi da próxima semana, pode deflagrar uma espiral negativa em caso de maus resultados. Mas a bola que este time vem jogando e o respeito que isso impõe nos adversários e na imprensa não sugerem que isso tenha grandes chances de acontecer.
Pelo sim, pelo não, é sempre bom manter os pés no chão. Mas isso não pode nos impedir de curtir demais este momento esplendoroso proporcionado pelo Palmeiras. Juntos, sempre, na boa e na ruim. Mas na boa, como agora, é prazeroso demais. VAMOS PALMEIRAS!
Ficha Técnica
Escalação
Atlético-GO
Primeiro tempo
Lançado por Dudu, Gustavo Scarpa evitou a saída pela lateral e cruzou no primeiro pau para Rony; Ramon fechou bem o primeiro pau e evitou que o camisa 10 escorasse para o gol.
Murilo lançou Piquerez, que bateu do bico da área, para defesa de Ronaldo.
Dudu bateu lateral rápido para Gustavo Scarpa, que avançou por dentro e disparou um míssil de média distância – Ronaldo só torceu e a bola saiu à direita do gol.
O Palmeiras girou a bola com paciência até ela chegar em Gabriel Veron, que arrancou em direção à área e disparou, para defesa de Ronaldo.
Gol do Atlético – Luan errou na saída de bola; o contra-ataque veio rápido pela direita e Wellington Rato cruzou; Luan disputou com Churín e testou contra; Weverton raspou e a bola bateu no travessão; o próprio Churín aproveitou o rebote e escorou na dividida com Gómez; Weverton estava na bola mas Luan tentou tirar na acrobacia e desviou para as redes.
GOL DO PALMEIRAS! Luan começou a se reabilitar com um grande lançamento em diagonal da direita para a esquerda; Gabriel Veron recolheu e centrou para Zé Rafael, que girou de primeira e guardou no canto esquerdo de Ronaldo.
GOL DO PALMEIRAS! Gustavo Scarpa bateu escanteio da direita; Luan desviou no primeiro pau e Gustavo Gómez mergulhou no segundo para decretar a virada.
GOL DO PALMEIRAS! Dudu recolheu por dentro e esperou a movimentação para fazer o toque perfeito para Gabriel Veron, que percebeu a entrada de Scarpa por dentro e tocou de três dedos; Scarpa apenas escorou de chapa no contrapé do goleiro, junto à trave direita, e fez o terceiro.
GOL DO PALMEIRAS! Rony testou no primeiro pau; Ronaldo defendeu como pôde e Gustavo Gómez pegou a sobra embaixo das traves para fazer o quarto.
Ramon Abatti, perdido com a cera do Atlético, encerrou o primeiro tempo.
Segundo tempo
O Palmeiras voltou sem alterações para o segundo tempo.
Após jogada ensaiada de escanteio pela esqueda, a bola chegou no segundo pau a Dudu, que tocou de calcanhar para Danilo, que fez linda jogada individual tirando dois marcadores e disparou; a bola bateu em Edson Felipe e saiu em novo escanteio.
Rony aproveitou bola mal recuada e acionou Dudu, que bateu fechado demais e facilitou para o goleiro.
Substituições no Palmeiras: Dudu, Gabriel Veron e Gustavo Scarpa descansam; entraram Wesley, Breno Lopes e Atuesta.
Após roubada de bola de Murilo, Zé Rafael acionou Wesley pela esquerda; o cruzamento veio por baixo e Breno Lopes escorou para as redes, mas estava impedido.
Entraram Mayke e Gabriel Menino, saíram Luan e Danilo.
Após escanteio rebatido pela zaga, Piquerez pegou a sobra na frente da área e tentou bater colocado – a bola saiu raspando a forquilha esquerda de Ronaldo.
Edson Felipe recuou no fogo e Breno Lopes ia disparando em direção ao gol, quando acabou sofrendo falta de Arthur Henrique, que era o último homem. O árbitro expulsou direto o 15 no Atlético.
Atuesta recebeu de Mayke e bateu fraquinho, com o lado interno do pé, fácil para Ronaldo.
Mayke acionou Breno Lopes, que bateu rasteiro, cruzado – Rony deu o carrinho e quase alcançou, mas a bola saiu pela linha de fundo.
Gol do Atlético – Após falta batida da direita, Weverton trombou com Gustavo Gómez e Diego Churín testou para o gol vazio, diminuindo o placar.
Após cruzamento da direita, Wesley subiu no segundo pau e testou para defesa firme de Ronaldo.
Piquerez deu lindo passe para Wesley dentro da área – ele teve tempo de dominar, enquadrar o corpo e bateu de curva; a bola passou raspando a trave esquerda de Ronaldo.
Atuesta cruzou; a bola resvalou na zaga e ficou pendurada, na medida para Rony emendar a bicicleta, que mais uma vez não pegou em cheio. O estádio ficou consternado!
O fraquíssimo Ramon Abatti Abel encerrou o jogo.
Esse tal de “Abate Abel” vai apitar de novo?
Fica esperto, portuga…
I`m eager to watch Palmeiras Game Today.