3
X
4
01/11/2023 - 21:30
Num dos jogos mais espetaculares da História, o Verdão venceu o Botafogo por 4 a 3, depois de estar perdendo por 3 a 0, cresceu no retrovisor do time carioca e agora está a apenas 3 pontos de assumir a liderança, ainda que com um jogo a menos por fazer.
Depois de um primeiro tempo onde o Botafogo foi amplamente superior e merecia sair com um placar até maior que os 3 a 0, o Verdão, puxado por Endrick, marcou cinco gols (um ainda foi anulado) e estabeleceu a virada mais incrível deste século. Podem procurar, não teve outra igual.
O Botafogo fez sua parte na construção do caráter épico da partida fazendo um primeiro tempo impressionante. Disposto a vencer o jogo e encaminhar a conquista do título, o time carioca entrou em cada dividida com uma dose extra de paixão pelo jogo. Correram como nunca, pareciam se multiplicar em campo. A cada bola espirrada, um jogador de camisa listrada estava lá para aproveitar a sobra, na passada, e arrancar para nosso campo.
Deu quase tudo certo para o Botafogo no primeiro tempo – só falharam em algumas finalizações. Mesmo assim, fizeram 3. Começaram a finalizar logo aos 7 minutos, numa bola que desviou em Gómez e encobriu Weverton, beijando o travessão. A bola desviou novamente, desta vez em Murilo, num chute de Eduardo aos 20, e dessa não teve jeito, entrando no cantinho esquerdo. A jogada nasceu num lançamento longo, vertical, explorando as costas de Mayke – Ríos estava na cobertura, mas foi vencido por Victor Sá que só rolou para a conclusão.
Aos 29, em jogada ensaiada de escanteio, Tchê Tchê ficou livre na meia esquerda e recebeu a bola rolada – o camisa 6, que sabemos o quanto finaliza bem de fora, pegou um ótimo chute; a bola foi no ângulo de Weverton que, contudo, chegou nela mas não conseguiu espalmar.
Com 2 a 0 no placar, a torcida se inflamou mais ainda e a parte mental ficou pronunciada. Júnior Santos, aos 32, chegou cara a cara com Weverton, que se redimiu do lance anterior.
O Palmeiras foi dar seu primeiro chute a gol aos 34, numa falta batida por Raphael Veiga defendida por Lucas Perri, na gaveta. Logo na sequência, Júnior Santos fez uma jogada espetacular, arrancando do campo de defesa; passou por 4 jogadores nossos na força (Zé Rafael podia ter parado o lance mas preferiu não levar amarelo) e serviu Tiquinho Soares, que entrou na área e bateu cruzado; Weverton defendeu para o lado mas Júnior Santos, ainda no embalo, chegou para fazer o terceiro.
Victor Sá ainda teve duas chances de ampliar: aos 39, ele chutou com perigo da meia-lua, mas a bola saiu ao lado do gol. E aos 43, ele chegou a driblar Weverton, mas estava pressionado e tentou finalizar ainda de fora da área, mandando por cima do gol vazio. Um Botafogo endiabrado, que deu tudo de si e aproveitou todas as falhas do Verdão foi para o vestiário lamentando as chances perdidas, mas já comemorando a vitória e o título. A torcida gritou “é campeão”. Foi o que faltava para iniciar o Halloween botafoguense.
No segundo tempo, logo aos 4 minutos, Endrick, mordido, pegou a bola no campo de ataque e enfileirou quatro adversários antes de entrar na área e bateu por baixo, vencendo Lucas Perri e diminuindo o placar.
Aos 8, Piquerez cruzou da esquerda após Lucas Perri desviar um escanteio bem batido e encontrou Veiga dentro da área – o camisa 23 deu um voleio belíssimo, mas Perri defendeu sem rebote. Aos 14, Breno Lopes foi às redes, mas estava ligeiramente impedido – a risca da área dedurou a posição de fora de jogo, mas mesmo sem valer, o gol desencadeou o pânico no Engenhão.
Era nítido que tudo havia se invertido. Fisicamente, o Botafogo começava a dar sinais de esgotamento diante do primeiro tempo absurdo que fez. E mentalmente, o time carioca confirmou o que muito se falou durante a semana: é um time que não está acostumado à pressão por conquistas. Não só o time, mas também a torcida, que converteu a euforia em medo. E o Verdão sentiu o cheiro do sangue na água.
Contra um adversário apavorado, o Verdão não se entregou e foi pra cima. Aos 28, Breno Lopes arrancava em direção ao gol, com Rony muito bem posicionado, mas foi puxado por Adryelson – depois de recomendação do VAR, o juiz expulsou o zagueiro do Botafogo. A pressão do Palmeiras era enorme e, já com Rony no lugar de Richard Ríos, nosso time foi com tudo, deixando alguns espaços.
Aos 35, num contra-ataque, Tiquinho entrou na área mas foi desarmado na bola por Rony – o juiz, pressionado pela expulsão, marcou o pênalti injustamente. O próprio Tiquinho, artilheiro do campeonato, foi para a bola e bateu forte no canto esquerdo, para estupenda defesa de Weverton.
As fraldas alvinegras se encheram de vez e, aos 38, Veiga cobrou falta na área; a zaga rebateu e Endrick tirou dois marcadores só no domínio, para bater forte de canhota, no canto esquerdo de Lucas Perri, diminuindo o placar.
O Palmeiras se tornou um maníaco com uma serra elétrica e o Botafogo era uma cheerleader amedrontada. Luan deu lugar a Flaco López e o Verdão tinha cinco atacantes de ofício – mas todo mundo virou atacante. Aos 43, com 10 jogadores no ataque, Endrick pegou uma sobra na direita, girou e cruzou no segundo pau; Gustavo Gómez escorou para o meio e achou Flaco López livre – o argentino só testou para as redes e decretou o empate.
A igualdade era um prêmio para a luta do Verdão, que devolvia o placar do primeiro tempo, com volume igual ao que o Botafogo havia imprimido nos primeiros 45 minutos. Mas o resultado ainda era bom para o time da casa. Marlon Freitas, aos 52, na catimba, cavou uma falta, sorriu e deu uma piscadinha, satisfeito com o placar. Parecia que, desta vez, o filme de terror teria final feliz. Mas ainda tinha jogo.
O árbitro apontou 9 minutos de acréscimo e o Palmeiras arrumou uma falta aos 53, no lado esquerdo do ataque. Raphael Veiga cobrou e Murilo, como um carrasco, executou Lucas Perri no segundo pau e escreveu a maior virada da história do Brasileirão. Nem teve saída de bola: o juiz encerrou o jogo após a confirmação do VAR.
O jogo foi transmitido para quase todo o país ao vivo e foi uma demonstração cabal do que o time do Palmeiras é capaz. Não há torcida no Brasil que não tenha ficado mesmerizada com a capacidade demonstrada pelo elenco do Verdão, a começar pelo espetacular Weverton, passando pelos monstros Gómez e Zé Rafael, chegando ao talento puro de Veiga e Endrick; todos liderados por um português cuja vida é competir em altíssimo nível. O resultado é este Palmeiras que assombra.
Com um dia de atraso, feliz Halloween, Botafogo! Não se canta vitória antes do tempo – um time e uma torcida acostumados a vencer sabem disso. O campeonato segue difícil e ainda precisamos de três tropeços do Botafogo em oito jogos, vencendo todas. Mas como disse Cocteau: “Sem saber que era impossível, foi lá e fez”. Se o Verdão virou este jogo, por que não pode virar o campeonato? VAMOS PALMEIRAS!!!
Ficha Técnica
Escalação
Botafogo-RJ
Palmeiras
Primeiro tempo
Victor Sá carregou pela esquerda e abriu com Marçal, que tentou devolver no meio, mas Zé Rafael fez corte providencial; a bola espirrada sobrou para Tchê Tchê, que arriscou da entrada da área, mas ela desviou em Gómez e foi no travessão de Weverton.
Marçal cobrou falta pelo lado esquerdo e encontrou Tiquinho Soares na entrada da pequena área; o camisa 9 cabeceou com perigo, mas a bola saiu por cima do gol.
Gol do Botafogo. Victor Sá recebeu pelo lado esquerdo do ataque, encarou a marcação de Richard Ríos e atrasou para Eduardo, na entrada da área; o meia bateu de chapa, a bola desviou completamente em Murilo e entrou no canto esquerdo de Weverton.
Marçal recebeu pelo lado esquerdo do ataque, dominou e bateu de perna esquerda, com muito perigo, mas a bola passou raspando na trave esquerda de Weverton.
Gol do Botafogo. Marçal cobrou escanteio curto para Victor Sá, que atrasou para Tchê Tchê; com muita liberdade, o camisa 6 bateu muito forte de fora da área, no ângulo direito de Weverton.
Veiga cobrou falta da entrada da área, ligeiramente à direita, direto para o gol; a bola chegou com força próxima à trave direita de Lucas Perri, que voou e fez grande defesa, espalmando para lateral.
Gol do Botafogo. Em contra-ataque fulminante, Tiquinho Soares foi acionado pelo meio, carregou em velocidade com muita liberdade e bateu para o gol, rasteiro no canto esquerdo de Weverton; o camisa 21 se esticou, espalmou para o lado e Júnior Santos só conferiu para ampliar o placar.
Di Plácido carregou pela direita e atrasou para Victor Sá; na entrada da área, o camisa 7 bateu para o gol, mas ela saiu com perigo à esquerda de Weverton.
Victor Sá fez o movimento facão, recebeu lançamento longo, dominou e deixou Mayke novamente na saudade; Weverton saiu da área desesperado e foi driblado pelo atacante, que encarou a marcação de Murilo e bateu de fora, mas a bola saiu à esquerda do gol.
Endrick recebeu pelo meio, conduziu de perna esquerda e soltou a bomba, mas a bola saiu à direita de Lucas Perri.
Segundo tempo
O Palmeiras voltou para a segunda etapa sem alterações.
Gol do Palmeiras. Endrick recebeu pelo meio, se livrou de marcação dupla, invadiu a área e bateu rasteiro, com força; Perri ainda chegou a tocar na bola, mas não conseguiu evitar o lindo gol do camisa 9.
Endrick tentou drible, foi desarmado e a bola sobrou com Mayke, que lançou para Breno Lopes pelo alto; cara a cara com Perri, Breno marcou aquele que seria o segundo do Palmeiras, mas a posição de impedimento foi marcada.
Entrou: Rony
Saiu: Richard Ríos
Em contra-ataque rápido, Eduardo acionou Júnior Santos pelo lado direito; com muita liberdade, ele invadiu a área e bateu cruzado, com perigo, mas a bola saiu à direita de Weverton.
Expulso! Adryelson perdeu disputa para Breno Lopes, que entraria na área livre de marcação, mas o zagueiro fez falta por trás; após consultar o VAR, Bráulio da Silva Machado mostrou o cartão vermelho.
PEGA WEVERTON! Bráulio da Silva Machado inventou um pênalti para o Botafogo, mas Weverton foi buscar a cobrança de Tiquinho Soares.
GOL DO PALMEIRAS! Endrick recebeu na entrada da área, encheu pé de canhota e a batida rasteira entrou no canto esquerdo de Lucas Perri.
Entrou: Flaco López
Saiu: Luan
GOOOOOLLLLL DO PALMEIRAS! Endrick cruzou na área e encontrou Gustavo Gómez no segundo pau; o paraguaio ajeitou de cabeça para Flaco López, que só escorou para empatar o jogo.
GOOOOOOOOLLLLLLL DO PALMEIRAS! HISTÓRICO! Veiga cobrou falta pelo lado esquerdo e encontrou Murilo no segundo pau, que escorou para completar a virada épica.
Fraco, perdido, Bráulio da Silva Machado encerrou uma das maiores viradas da história do Campeonato Brasileiro.
Texto de altíssimo nível, à altura da partida. Parabéns, Conrado. AVANTI!
AVANTI PALESTRA!!!
Jogo épico, texto épico. “o Verdão sentiu o cheiro do sangue na água”. Foi exatamente isso.
Estvéssemos na final da Libertadores, teríamos jogado ontem com o time desfigurado e a história seria bem outra. Como são as coisas.
Eu ia comentar “apenas quando o Palmeiras é campeão que vejo o time todo recebendo nota 10”, mas o Endrick recebeu nota 11, então é diferente!!
Endrick com a nota 11 foi fantástico!
Hora de botar a calculadora pra funcionar. Como eu falei na live, pode ser que a gente nem abocanhe, mas só de dar medinho neles, já valeu. E com esse roteiro de cinema, então… Kkkkkkkkkkkk
Os pós-jogos do Verdazzo – no Youtube – e as coletivas do Abel Ferreira são imperdíveis. Até minha esposa, gambá assumida – ninguém é perfeita -, fica de orelha em pé.
Sobre o jogo, não o assisti, pois fui dormir às 9 h. Ao acordar, às 3:30 h, e abrir no celular sobre o jogo, quase tive um enfarto. Aliás, estou até agora acordado devido a essa emoção.
Sem mais, não querendo me estender, obrigado pelo trabalho magnífico que você faz.
Foi o Rony que levou o cartão na hora do pênalti, não o G.Gomez
Extasiado até agora! Que jogo! Que time! Que raça!
É bom demais ser Palmeirense. Cuidado com o retrovisor que estamos chegando, foguinho!!
Hoje foi ÉPICO! Que jogo, senhores! Te amo, Palmeiras!!!
Me lembrou aqueles jogos repletos de viradas e gols que tinham nos anos 90. Que jogo meus caros…que jogo.