O bom, o mau e o feio

No último final de semana, o primeiro turno chegou ao fim para os três principais postulantes ao título do Brasileirão 2021. Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG chegam à primeira metade do campeonato como os clubes que mais reúnem condições de brigar pelo troféu.

Os conflitos de datas que historicamente bagunçam nosso futebol fazem com que Palmeiras e Galo ainda tenham um jogo por fazer e o Flamengo fique com nada menos que três jogos de atraso depois do “fim de turno”, que ocorre no próximo fim-de-semana. Assim, considerando os pontos perdidos, temos o Atlético na liderança, com 15, seguido pelo Flamengo, com 17, e o Palmeiras na sequência, com 19.

A despeito das excelentes campanhas, Bragantino e Fortaleza tendem a ficar pelo caminho no segundo turno. Num campeonato de pontos corridos, a camisa pesa. Apesar de estarem com equipes bem armadas e muito consistentes taticamente, seria necessário para as duas zebras um encaixe muito acima do normal para serem considerados reais candidatos ao título. Ainda não parece ser o caso.

De hoje até a data prevista para o fim do campeonato, serão 97 dias em que os três grandes candidatos disputarão o troféu ponto a ponto. 20 rodadas de um “trielo” que remete ao maravilhoso clímax do clássico “Il Buono, il brutto, il cattivo” – chamado de “The Good, The Bad and The Ugly” em Hollywood e aqui conhecido como “Três homens em conflito”.

Chances iguais

Os três clubes têm seus pontos fortes e fracos. O Galo está gastando o que tem e o que parece que não tem para conseguir ser bicampeão de alguma coisa. Lidera o campeonato mas já mostrou que está longe de ser imbatível, tropeçando nas duas últimas rodadas contra Bragantino e Fluminense.

O Flamengo segue enfileirando goleadas, mas também tem suas fraquezas, bem exploradas pelo Inter, que aplicou um sonoro 4 a 0 no Maracanã há poucas semanas. Ambos dividem suas atenções entre Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. Além disso, o Flamengo ainda terá que acomodar dois jogos em atraso a mais em seu calendário. Este esforço descomunal deve mandar a conta em forma de seguidas lesões.

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, durante partida contra o SPFC pela Libertadores
Cesar Greco

O Palmeiras já tirou a Copa do Brasil da frente. Por uma dessas coincidências da vida, mesmo num calendário brutal, ficará duas semanas sem jogar, apenas se preparando para a próxima partida – exatamente contra um dos contendores, o Flamengo. E o jogo será em nossa casa, a exemplo do duelo contra o Atlético, na rodada 35.

São vantagens que podem compensar a diferença de poder de ataque, deixando os três aspirantes ao título com chances praticamente iguais. O Palmeiras tem uma claríssima carência na camisa 9 – exatamente uma qualidade que os outros dois adversários podem se gabar de terem de sobra. Assim como no grande clássico de Sergio Leone, o Palmeiras precisará usar sua inteligência e esperteza para sair vencedor.

Libertadores também

Os três times brigarão taco a taco pelo título do Brasileirão e também estão nas semifinais da Libertadores, o que provavelmente fará a temporada de 2021 ser lembrada por três grandes torcidas de três estados diferentes como histórica, épica. Como se houvesse uma trilha de Ennio Morricone ao fundo.

Enquanto isso, o resto do país apenas assiste, intrigado. Três clubes começam a descolar claramente do resto. Alguns outrora grandes caminham na direção oposta e já estão na beira do penhasco, enquanto outros tentam fugir da condição de figurante.

Estamos testemunhando um momento de transição para uma nova ordem no futebol brasileiro, concentrada em poucos clubes. O Brasileirão, cada vez mais, tende a ser uma disputa de poucos, e sempre os mesmos – não mais de 12 clubes se revezando no topo a cada ano.

Esses poucos e bons (ou um bom, um mau e um feio) travarão neste 2021 uma bela temporada de largada desta nova ordem. E é com muito orgulho que vemos o Palmeiras seguir sendo protagonista, enquanto outros ficam para trás.


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4 comentários em “O bom, o mau e o feio

  1. Excelente texto. E muito acertada e correta (em minha humilde opinião) a referência à essa enorme obra cinematográfica, uma das minhas favoritas em todos os tempos. Pensei em uma ou outra coisa para sustentar essa última afirmação, mas, não quis dar “spoiler”.

  2. Não sei se o Patético Mineiro vai conseguir se manter assim. Não entendo como funcionam as finanças do futebol brasileiro. Os gambás acharam petróleo no parque São Jorge? Outro dia estavam com salários da base atrasados… Então, não consigo cravar nada. Até mesmo nós, ficando nas mãos da tia Leila, me deixa extremamente preocupado. Não se esqueça Conrado, estamos no Brasil. Aqui pode acontecer qualquer coisa.

    1. Exatamente por estarmos no Brasil que fico receoso em afirmar que esses três times vão se manter por muito tempo assim. Alguns bons anos, acredito que sim. Mas devido a vários exemplos que já tivemos, também acredito na capacidade/potencial dos dirigentes de destruírem clubes até então estabilizados e bem financeiramente.

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