Tiago Costa, auxiliar de Abel, explica a função de analista e comenta sobre o futebol brasileiro

Tiago Costa, auxiliar de Abel, explica trabalho como analista e comenta sobre o futebol brasileiro.
Reprodução

Integrante da comissão técnica de Abel Ferreira desde 2019, Tiago Costa falou também das duas conquistas de Libertadores

No dia 2 de novembro de 2020, Abel Ferreira desembarcou no Brasil, ao lado de seus auxiliares João Martins, Vitor Castanheira, Carlos Martinho e Tiago Costa, para comandar o Palmeiras.

Pouco mais de um ano depois, a comissão técnica de portugueses já conquistou uma Copa do Brasil e duas Libertadores (consecutivas: 2020 e 2021) com o Verdão, algo raro entre os times brasileiros.

“Os brasileiros perguntam com frequência se a gente tem noção dessa conquista. E nós, apesar de termos noção da importância do feito, não o sentimos nem o entendemos como um brasileiro sente esses títulos. Talvez daqui a muitos anos tenhamos consciência da real dimensão das conquistas”, relatou Tiago Costa em entrevista ao site da Universidade do Porto.

Analista de desempenho, Tiago trabalha com Abel Ferreira desde 2015, mas foi em 2019 que o observador técnico se fixou na equipe. Profissional cuja função é exercida fora do campo, o assistente explica como funciona seu trabalho.

“O Abel desenvolveu uma equipe de trabalho com tarefas muito bem definidas, como se fossemos uma empresa dentro de um clube de futebol. Cada um de nós tem a sua responsabilidade muito bem definida e isso ajuda muito”, iniciou.

“De forma resumida, a minha responsabilidade na comissão técnica do Mister Abel Ferreira é observar e analisar os adversários e, a partir dessa análise, propor uma estratégia inicial para o jogo que é discutida em reunião entre nós. Como todos os jogos e adversários são diferentes, cada jogo tem uma abordagem diferente e tem uma história única”, acrescentou.

Apesar da função crucial de analisar os oponentes, o auxiliar aponta outra particularidade que é considerada tão importante quanto a observação. “O exercício da minha profissão requer um equilíbrio muito grande entre aquilo que é a importância dada aos comportamentos do nosso próprio time e aos comportamentos do adversário”, revela.

“Os comportamentos do adversário não devem ‘pesar mais’ do que os comportamentos da nossa equipe. É uma filosofia nossa que a componente estratégica, que deve existir porque não jogamos sozinhos, não deve ser mais influente que os comportamentos do nosso time nem deve colocar em causa a nossa identidade de processos”, completa.

Tiago Costa comenta as adversidades impostas pelo calendário brasileiro

Abel Ferreira e sua comissão técnica: o auxiliar técnico Vitor Castanheira, o analista de desempenho Tiago Costa, o preparador físico João Martins e o auxiliar técnico Carlos Martinho, do Palmeiras, durante treinamento, na Academia de Futebol.
Cesar Greco

Questionado sobre as diferenças entre o futebol praticado no Brasil em comparação com o da Europa, Tiago destacou a enorme quantidade de jogos disputados para argumentar a dificuldade de se ter um jogo mais intenso no país. Além disso, comentou como esse problema afeta diretamente o seu trabalho.

“Não pode haver um jogo mais rápido enquanto os gramados não melhorarem ou enquanto os jogadores atuarem com recuperações incompletas, acentuando o risco de lesão. Além disso, o próprio estilo de jogo do futebol brasileiro é mais pausado, porque aqui a maioria dos atletas são educados a jogar com a bola no pé. Fazem poucos movimentos sem bola e de ataque ao espaço”, destacou.

“A minha área de atividade é bastante afetada por este contexto. Por exemplo, na Grécia ou em Portugal nós tínhamos [com frequência] microciclos de trabalho de 6 ou 3 dias para analisar um adversário. No Brasil, tenho 2 dias e às vezes um dia para analisar o oponente. Ou seja, tenho menos tempo para executar o mesmo trabalho. Como é possível? Por causa dos profissionais do Palmeiras, já recebo um filtro de informação grande sobre os nossos adversários. Depois tenho que ser muito mais preciso, seja na informação que procuramos do oponente, do que passo ao treinador e o que passamos aos atletas”, completou.

Deixe uma resposta