Apêndice: Montagem do elenco

O texto abaixo serve como apoio para o post principal: “Futebol é momento”: trabalho de Mattos não pode depender da Libertadores e visa destrinchar a atuação de Alexandre Mattos na montagem do elenco do Palmeiras em 2017, diante da atuação dos jogadores até o início de agosto.

Defesa

EgídioNo gol, foram mantidos os atletas que brilharam em 2016. Escolha aparentemente acertada, mas que teve sobressaltos com a má fase de Fernando Prass, que pode nos ter custado alguns pontos no Brasileirão – rapidamente contornada com a promoção de Jailson.

Nas laterais, o ano começou com Jean e Fabiano na direita, tendo Tchê Tchê como quebra-galho – também uma escolha razoável e o setor parecia bem guarnecido. Mas nenhum dos três correspondeu tecnicamente em 2017, além de sofrerem com problemas físicos. A solução foi recorrer ao mercado e Mayke foi uma boa solução, apesar do começo oscilante. Por ter chegado tarde, não pôde ser usado na Copa do Brasil e sua falta foi sentida nos confrontos contra seu ex-time. Contesta-se o não aproveitamento de João Pedro, mas parece pouco provável que o prata-da-casa tivesse uma performance suficiente.

O lado esquerdo talvez seja o maior erro do diretor na montagem no início do ano. Zé Roberto é um jogador que dispensa apresentações e Egídio, apesar da longa fase ruim que vem desde o início de 2016, teve a confiança do dirigente fortalecida pelas ótimas campanhas no Cruzeiro em 2013 e 2014. A estatura dos dois impedia que se contratasse um reforço de peso para a posição, e quem veio como terceira opção foi Michel Bastos, como quebra-galho – sua função primordial era ajudar na meia, pelos lados. É de se imaginar que esta tenha sido a definição mais dura na formação deste elenco, mas hoje é fácil apontar que Mattos errou – e diga-se, não foi por abrir mão de Victor Luis, que vem sendo superestimado por atuações apenas satisfatórias na lateral do Botafogo.

No miolo da zaga, a saída de Vitor Hugo era iminente e Roger Carvalho encerrou seu ciclo – para seus lugares, Mattos trouxe Antônio Carlos, boa aposta da Ponte, enquanto entregava a titularidade a Mina e Edu Dracena. Luan, do Vasco, era uma aposta para substituir Mina depois da Copa e a negociação foi fechada em março. E Juninho, destaque do Coritiba, chegou assim que a saída de Vitor Hugo foi concretizada. Mais uma vez, a Copa do Brasil foi prejudicada pelo regulamento, já que os dois últimos não tinham mais condição de jogo, mas a composição do setor pode ser considerada plenamente satisfatória, sobretudo na megaoperação em torno de Mina – além de torná-lo uma transação altamente lucrativa para o clube, ainda foi mantido como jogador alviverde por dois anos mesmo já fechado com o Barcelona. Uma negociação perfeita.

Meio-campo

Felipe MeloFelipe Melo era um antigo sonho de Mattos que só não veio antes por duas razões: os valores pedidos pela Internazionale e a resistência de Cuca. Felipe Melo conseguiu a liberação sem custos ao mesmo tempo em que Cuca deixava o Palmeiras. O casamento, abençoado por Eduardo Baptista, ficou fácil, ainda mais porque o empresário do Gabriel, de forma pouco profissional, apresentou uma proposta de renovação indecente apenas para forçar sua saída para seu clube de coração. Felipe Melo foi um dos destaques na mão do novo treinador, mas o time não embalou e Cuca voltou. Temos aqui o primeiro efeito colateral claríssimo dos problemas que essas trocas de treinadores em sequência causaram.

A lesão de Moisés foi um agravante. Bruno Henrique foi contratado no meio da temporada; Thiago Santos evoluiu a olhos vistos e agora o setor parece estar voltando aos trilhos, mas é óbvio que nesta posição, tão importante no acerto tático de qualquer equipe, o Palmeiras patinou por longos meses. Não parece culpa do planejamento, nem dos técnicos, nem dos jogadores; apenas uma fatalidade.

Foi na armação que tivemos o maior número de mudanças na virada do ano: saíram Allione e Cleiton Xavier, e entraram Guerra, Michel Bastos, Raphael Veiga e Hyoran. Os dois últimos, claramente, foram apostas para as temporadas seguintes. O venezuelano não demorou muito e pegou o jeito do futebol brasileiro – não sem antes cometer um erro crucial na trajetória do time: um vacilo no Derby do Paulistão, que decretou uma imerecida derrota e embalou o rival. Uma fatalidade que não desabona sua contratação; Guerra é um dos melhores meias-armadores em atividade no país.

Ataque

Borja
AFP

Willian Bigode e Keno foram contratações que agradaram a quase todos – o primeiro, um fazedor de gols que mantém o perfil discreto, campeão por onde passa. O segundo, apesar de não ser garoto, foi uma das revelações do Brasileirão de 2016 e veio para disputar a reserva de Dudu com Erik.

Mas o Palmeiras precisava de uma reposição que compensasse a saída de Gabriel Jesus. A grande contratação do início de 2017 foi a do colombiano Miguel Borja. À época, havia uma pequena discussão com relação a Lucas Pratto, que estava no Atlético-MG – o argentino, já adaptado ao futebol brasileiro, poderia ser uma aposta menos arriscada, embora com um valor de revenda bem menor.

O jogo duro do Atlético-MG, receoso em reforçar um rival da Libertadores, mais o potencial explosivo de Borja, o rei da América, somado a seu potencial econômico, fez o Palmeiras investir grande parte de seu orçamento no colombiano. Com a celebração do acordo, não houve palmeirense que não tenha comemorado; não houve rival que não tenha arrancado os cabelos. Alecsandro, Barrios e Rafael Marques, sem perspectivas de serem aproveitados, pediram para sair, e mesmo assim o ataque ficou bem servido, com as manutenções de Dudu e Roger Guedes.

Borja atravessa sérias dificuldades de adaptação ao que Cuca deseja; provavelmente nem teria vindo se Cuca não tivesse saído. A bem da verdade, tampouco se encaixou no esquema de Eduardo Baptista. Talvez ele precise de tempo; talvez seja um mico. Uma coisa é certa: foi uma contratação sensacional, mas que para este ano não deu certo e precisou de uma reposição: Deyverson, um achado de Mattos no mercado espanhol.

Voltar ao texto principal

“Futebol é momento”: trabalho de Mattos não pode depender da Libertadores

Alexandre MattosTítulo brasileiro incontestável. O maior patrocínio. A maior renda. O maior programa de sócio-torcedor. O melhor estádio. O melhor elenco. Finanças em dia.

Tudo conspirava a favor do Palmeiras no início de 2017, a não ser por um fato, que está longe de ser apenas um detalhe: Cuca, o comandante do ênea, estava de saída para um período de apoio à família. Isso já havia sido acordado entre Cuca e Alexandre Mattos antes de sua chegada, em abril de 2016. Mattos apostou que, com a futura conquista do Brasileiro, Cuca mudaria de ideia. Perdeu e teve que refazer o plano para 2017, contratando Eduardo Baptista.

Vamos voltar um pouco mais no tempo: a inoperância de Marcelo Oliveira na virada de 2015 para 2016 mereceu duras críticas, já que era o momento do então treinador planejar e executar a evolução do time campeão da Copa do Brasil. Marcelo dormiu sobre os louros da conquista e jogou a Libertadores de 2016 pelo ralo, o que culminou com sua demissão.

Um time chega à maturação no segundo ano de trabalho de um técnico. O Palmeiras perdeu a chance de atingir esse estágio em 2016 e também em 2017. Com Cuca se tornando uma carta fora do baralho, Mattos teve que virar a página e iniciar um novo projeto, do zero. Eduardo Baptista não tem o perfil nem um pouco parecido com o de Cuca, apontam alguns críticos. Mas a bem da verdade, ninguém é parecido com Cuca, nem o Cuquinha.

Apêndice: a montagem do elenco

Alexandre Mattos é criticado pela forma com que montou o elenco para a temporada de 2017. Por ser uma análise razoavelmente extensa, disponibilizamos um texto em separado que serve de apoio ao tema principal. Consulte a análise completa das movimentações do elenco neste link.

O uso do dinheiro

Mattos e BorjaMattos não conseguiu evitar a rejeição de boa parte da mídia por ser o artífice de um projeto que envolve cifras extraordinárias. Mesmo desprezado pelo Governo Federal (via Caixa) e pela RGT, que em momento algum valorizaram a força da camisa do Palmeiras, o clube conseguiu recursos para sanar suas finanças e ter o maior orçamento do futebol brasileiro. E usa tais recursos de forma agressiva, como deve fazer um bom competidor.

Essa agressividade é uma ameaça real a todos os outros clubes – assim, a mídia dita imparcial, mas hipocritamente clubista, trata de distorcer os fatos e vilanizar o Palmeiras, usando Mattos como personificação do inimigo, aproveitando ainda que há alas da política interna do clube que também têm interesse em enfraquecê-lo, vazando informações com esse intuito. Até o ano passado, tal vilanização era projetada em Paulo Nobre.

Mattos tinha um orçamento e o usou para montar um elenco muito, muito forte. E parte dos contratados são investimentos de longo prazo, para serem nossos titulares em 2019 ou 2020. A intensa movimentação no mercado, que aparentemente é sua marca registrada, foram necessárias nestes três anos em que montou nossos elencos – cada ano com sua característica própria. A tendência é que em 2018, finalmente mantendo o treinador, o projeto seja apenas aperfeiçoado, com uma ou outra contratação pontual, sem medo de investir quantias vultosas em poucos, mas ótimos reforços.

O aparente tiro n’água dado com Borja não pode ser analisado de forma isolada. O colombiano, como qualquer jogador, faz parte de um grande pacote, uma espécie de balança que envolve todas as compras e todas as vendas. Um eventual prejuízo com Borja, a ser realizado apenas quando se souber o preço de sua venda, é facilmente neutralizado com um ou dois “Vitor Hugos”. E a coleção de sucessos comerciais de Mattos é muito maior que a de equívocos.

O all in na Libertadores

O jogador Borja, da SE Palmeiras, disputa bola com o jogador Bianchi, do C Atlético Tucumán, durante partida válida pela fase de grupos, da Copa Libertadores, no Estádio Monumental José Fierro.
César Greco / Ag.Palmeiras

De forma simplista, definiu-se que o Palmeiras abriu mão do Brasileirão para ganhar as copas. A eliminação da Copa do Brasil, atrelada à derrota em Guayaquil dá uma perspectiva de fracasso total em caso de eliminação da Libertadores. Tal perspectiva é equivocada. A estratégia do Palmeiras não é para uma temporada. O ano de 2017 foi muito prejudicado em seu início, a despeito de tantas condições positivas elencadas no início do texto. Para piorar, um desempenho atípico do principal rival coloca uma lente de aumento em todas as decepções do ano.

O Palmeiras em momento algum abrir mão do Brasileirão deliberadamente; escalar times alternativos em partidas que antecedem decisões pelas copas foram soluções que deveriam ser suficientes para não perder esses pontos diante da força do elenco – mais uma vez, o atraso no desenvolvimento do time fez com que esses preciosos pontos nos escapassem. Mesmo assim, fechamos o turno com 32 pontos, apenas 4 abaixo do considerado suficiente para uma campanha campeã – de novo é preciso destacar que o desempenho irreal do rival tornou o planejamento insuficiente, e é isto que força o clube a dar o chamado all in na Libertadores. Mas o mundo não acaba em dezembro e os investimentos feitos em 2017 seguirão sendo muito úteis em 2018.

Sempre de olho

Cuca conversa com Maurício Galiotte e Alexandre Mattos
César Greco / Ag.Palmeiras

Alexandre Mattos não está acima do bem e do mal. Ele pode e deve ser avaliado a cada passo que dê, diante da importância de sua função.

Mattos apostou errado que manteria Cuca ao final de 2016. Mas sem essa aposta, não teríamos sequer conquistado o ênea.

A lateral esquerda se tornou, de fato, um enorme problema. Difícil, mas não impossível, de ser detectado no início do ano.

Felipe Melo foi uma aposta errada; seu histórico apontava para uma boa chance de problemas, embora sua qualidade técnica e seu perfil guerreiro dentro de campo fossem tentadores para quem tem na Libertadores o principal objetivo da temporada. Deu errado, mas a correção de rota foi rápida e veio antes até da dispensa, com Bruno Henrique.

Borja custou muito dinheiro para ter um desempenho tão abaixo do esperado. No campo, com atraso, Deyverson chegou para compensar o problema, e o tempo ainda dirá o tamanho do prejuízo (ou do lucro) financeiro. Talvez Mattos tenha entrado de forma amadora no oba-oba da torcida e da imprensa em cima do colombiano, talvez pudesse ter detectado que ele teria tantas dificuldades. Não se tem notícias, no entanto, de nenhuma sugestão concreta de como essa tendência seria de fato detectada. E nem se questiona isso, afinal, “ele é quem ganha rios de dinheiro e tem obrigação de saber isso”.

Futebol não é momento

Alexandre Mattos
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

Ser o diretor de futebol do Palmeiras, com o maior orçamento do futebol brasileiro, desperta a vigilância permanente dos olhos da imprensa, da torcida e de diretores e conselheiros. Estar nessa função por três anos é mergulhar num coquetel difícil de ser resumido em poucas linhas, dado que a tendência no futebol é sempre analisar o todo pelo instante. Detratores ficam à espreita do fracasso para bombardear o profissional, apoiados numa frase que, de forma incrível, ainda persiste no futebol brasileiro: “futebol é momento”.

Para qualquer planejador, essa verdade é a maior mentira do mundo. Por exemplo: o Palmeiras perdeu para o Atlético-PR, com o time reserva, para aumentar as chances de se classificar na Libertadores. Há quem diga que a derrota, pelo placar mínimo num jogo equilibrado, decreta que o “elenco forte” é uma falácia – mais uma vez, visando minar o planejamento do elenco.

O Palmeiras viverá na noite desta quarta-feira um jogo fundamental para as pretensões do time em 2017. Em caso de sucesso, o time segue muito forte rumo à conquista idealizada no início do ano. Em caso de derrota, seja amanhã, seja nas fases posteriores, o ano não é perdido: passará apenas a ser um ano lamentavelmente sem conquistas, o que são coisas diferentes. Planejamento não é mais um conceito que se encerra ano após ano; é um processo contínuo.

Eventualmente sem a Libertadores, um 2017 sem conquistas será a base de um 2018 em que, novamente, o Verdão entrará muito forte em todas as disputas, graças a uma enorme conjunção de fatores que envolvem o que hoje é a gigantesca Sociedade Esportiva Palmeiras – e um dos mais importantes deles é a atuação deste gigantesco Alexandre Mattos, que entre acertos e erros, é o profissional mais competente do mercado na função. Sorte nossa de tê-lo trabalhando pelo Verdão. Isso enquanto não conseguem derrubá-lo.


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Aqui, o link para se tornar um padrinho deste site: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Planejamento x resultados: no Derby dos analistas, o jogo já acabou

Bruno Henrique
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

Com o final do primeiro turno do Brasileirão, podemos ver muita gente na mídia “especializada” fazendo as mais variadas contas. Muito se comenta sobre o quanto gastaram os principais times do país, especialmente o Palmeiras e o SCCP, para então fazer uma comparação de seus resultados em campo.

A surpreendente campanha que o rival faz no Brasileirão impele os mais variados escribas, honestos e desonestos, clubistas e imparciais, a discorrer sobre as qualidades do time de Carille, decretando a competência da diretoria do rival e a incompetência de Alexandre Mattos.

Diante de tanta coisa que se lê por aí, faz-se necessário organizar alguns pontos.

O rival tem mesmo resultados melhores?

Não necessariamente, a despeito do título paulista e dos sete ou oito dedos já colocados na taça do Brasileirão. A esta altura, se você não for palmeirense ou for muito impaciente, já deixou de ler o texto, achando que lá vem mais uma besteira que esses blogueiros clubistas costumam escrever. Mas se você teve paciência para continuar, obrigado, e vamos em frente.

Três fatores explicam as diferenças entre os resultados entre os dois rivais, a despeito do elenco claramente superior do Palmeiras:

  • “Liga” – com muita competência de sua comissão técnica, o SCCP montou um time consistente com um elenco tecnicamente um pouco acima da média, mas que conseguiram a tal da liga, o ingrediente mágico do futebol que fez até um Leicester da vida vencer uma Premier League. O Palmeiras parece estar chegando perto desse estágio, mas com muito atraso, resultado da já exaustivamente debatida sequência de duas trocas de treinador;
  • Sorte – o mata-mata do Paulistão, que não influencia no calendário das outras competições, teve aqueles 30 minutos aleatórios que mudam o rumo de qualquer campeonato – quando o Palmeiras foi dominado pela Ponte em Campinas, levou três gols que deram ao time de Carille o adversário dos sonhos em qualquer final – o troféu do estadual deu ao SCCP confiança para seguir o trabalho com o time-base que, incrivelmente, tem poucas baixas físicas na campanha – o que também pode ser competência da comissão técnica além de sorte.
  • Eliminações convenientes – ironicamente, o SCCP foi recompensado por dois fracassos, algo que, desta vez, não tem nada de competência: a não classificação para a Libertadores e a queda prematura na Copa do Brasil, o que os ajudou ainda mais a direcionar todas as forças no Brasileirão, um campeonato que premia a regularidade e perdoa apagões de meia hora. O Palmeiras perdeu preciosas semanas de entrosamento e sacrificou partidas com times mistos para lutar pela Copa do Brasil, da qual acabou eliminado por outros 30 minutos ruins; e pela Libertadores, pela qual ainda está na briga – e forte.

E é exatamente nesta luta que permanece viva que o Palmeiras ainda pode ter um resultado melhor na temporada que o rival. Diante das circunstâncias, o Palmeiras deu all in. Arriscou o Brasileiro pela América e provavelmente já está fora da luta pelo deca, mas se vencer a Libertadores, ao fim do ano o resultado terá sido melhor que o de qualquer clube brasileiro. O jogo ainda não acabou, ao contrário do que fazem as análises publicadas nos últimos dias. É absolutamente prematuro decretar em agosto que os resultados do rival são melhores. Quem faz isso usa de desonestidade intelectual para atender a interesses que podem variar do clubismo tosco ao fanatismo político.

E o planejamento?

Fábio Carille foi efetivado como técnico do SCCP após o clube colecionar recusas de técnicos medalhões. Jô voltou ao time que o projetou como o centroavante que sobrou no mercado, desacreditado, enquanto Guerrero, Pratto, Ricardo Oliveira, Fred, Ábila (??!?!) e claro, Borja, dividiam os palpites de quem seria o melhor centroavante do futebol brasileiro de 2017 dentre a mídia especializada. Rodriguinho era apenas mais uma opção de elenco para a meia, tão desacreditado quanto Guilherme, atrás de Marlone, Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel. Cássio aparentava estar em plena decadência, mas seguiu como titular.

O SCCP não optou por soluções incrivelmente funcionais e econômicas. Se pudesse, teria gasto tanto quanto Palmeiras, Flamengo e todos os times que investiram muito mais para 2017, exatamente porque estavam classificados para a Libertadores e já tinham garantidos premiações e direitos de transmissão da Conmebol. As eliminações convenientes forçaram nosso rival a gastar pouco. Com uma boa dose de sorte, e muita competência para fazer o time dar liga, está nadando de braçada no Brasileiro.

Mattos cometeu alguns erros no planejamento do elenco no início do ano – mas nunca se pode perder de vista que o clube foi obrigado a mudar de técnico duas vezes e o preço disto é ter um time com o desenvolvimento atrasado. Usou o orçamento incrivelmente superior para montar um elenco indiscutivelmente forte, que caminha para se tornar o time mais poderoso do país, mas que neste momento, diante da tabela de classificação do Brasileirão, parece ser um fracasso – e essa aparência pode se confirmar em caso de eliminação na Libertadores. Um risco que o Palmeiras se viu obrigado a correr.

O planejamento do futebol do Palmeiras para 2017, a montagem do elenco, o atraso no desenvolvimento, o all-in na Libertadores e todas as devidas ponderações serão objeto de um post específico a ser publicado ainda nesta terça-feira. Fiquem atentos.

Podcast: Periscazzo (04/08/2017)

O Periscazzo desta sexta aborda a ótima vitória sobre o Botafogo e discorre sobre o encaixe do Deyverson e sobre a volta de Moisés.

Participe dos programas, ao vivo. Siga nossa página no Facebook: https://www.facebook.com/pagina.verdazzo

Aqui, o feed para os agregadores: https://verdazzo.com.br/feed/podcast/E aqui, o link para apoiar o Verdazzo e se tornar um padrinho do site: http://www.padrim.com.br/verdazzo

Moisés deve voltar no domingo e só isto já vale o ingresso

Moisés e Zé Antônio
César Greco / Ag.Palmeiras / Divulgação

O Allianz Parque viverá domingo uma tarde especial. Depois de quase seis meses de tratamento e recuperação, Moisés estará de volta aos gramados na partida que fecha o primeiro turno do Brasileirão, contra o Atlético-PR.

Moisés sofreu uma grave lesão no dia 19 de fevereiro, em jogo contra o Linense pelo Campeonato Paulista. Após entrada violenta do meio-campista Zé Antônio, o camisa 10 do Verdão teve ruptura de dois ligamentos (anterior cruzado e medial) do joelho esquerdo e foi submetido a uma delicada cirurgia. Contra uma previsão de recuperação plena após 8 meses, Moisés antecipou sua volta em mais de 60 dias com muita paciência e dedicação.

Histórico

Moisés no ItaquerãoContratado no início de 2016, Moisés não chegou com alarde, mas deixou ótima impressão na pré-temporada realizada no Uruguai. Em seu primeiro jogo oficial, no entanto, sofreu uma fratura no pé após levar um pisão de Zé Antônio, do Linense – que coincidência. O time comandado por Marcelo Oliveira não engrenava e o treinador mineiro acabou demitido, o que possibilitou a chegada de Cuca.

Ao final do Paulistão, o Palmeiras contratou Tchê Tchê, e a dupla encaixou com perfeição no esquema idealizado pelo novo treinador, flutuando por quase todo o campo e permitindo que todas as outras peças do meio e ataque fossem posicionadas conforme a disposição tática do adversário.

Como se não bastasse essa versatilidade, Moisés aprimorou uma jogada prosaica: o arremesso lateral, o que possibilitou a Cuca desenvolver mais uma entre tantas jogadas ensaiadas; o número de gols que saíram após esse tipo de jogada enfureceu a imprensa flamenguista, que cunhou o infame termo “Cucabol” para diminuir a qualidade do futebol do Palmeiras.

Dono de uma condução de bola elegante, experiente e com um passe acima da média, Moisés foi o maestro do Palmeiras na conquista do eneacampeonato brasileiro e entrou em todas as seleções do torneio eleitas ao final do ano. Em janeiro, herdou merecidamente a camisa 10, a qual usou apenas duas vezes antes de sofrer a grave lesão da qual finalmente se recuperou.

Ele está de volta

Moisés
Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

O jogo contra o Atlético-PR fecha o primeiro turno do Brasileirão, competição em que o Palmeiras patinou no início e ficou para trás. O time reagiu, imprimiu um ritmo forte e escalou a tabela com autoridade nos últimos dez ou doze jogos. No entanto, o jogo tem sua importância ofuscada pela proximidade da partida decisiva pela Libertadores, contra o Barcelona. Para domingo, Cuca já deixou subentendido que deve poupar os jogadores que devem sair jogando contra os equatorianos.

Mas a simples volta de Moisés vale o ingresso, mesmo que ele não saia jogando. Ver nosso maestro de volta, mesmo que por alguns minutos, renova as esperanças de que o time volte a jogar o grande futebol visto no ano passado – e, de quebra, que recupere o futebol de seu parceiro, Tchê Tchê. Cuca vem conseguindo tirar um bom desempenho deste time nas últimas semanas e a volta de Moisés não apenas aumenta as perspectivas de evolução como dá uma carga extra de ânimo a todos os atletas com seu exemplo de perseverança e superação.

No domingo, ir ao Allianz Parque não é apenas um exercício ordinário de palestrinidade. A volta de Moisés torna a partida especial e muito importante para que o jogador sinta novamente o calor da torcida, e assim recuperar o mais rápido possível sua condição de jogo plena.

Cucabol neles, Moisés!


Acompanhe mais um Periscazzo ao vivo, nesta sexta, a partir das 20 no Facebook.