Eduardo Baptista consegue o encaixe, tem o elenco na mão e prepara o grupo para maratona

Eduardo Baptista
Fabio Menotti / Ag.Palmeiras

Foram 22 minutos espetaculares. A intensidade que o Palmeiras imprimiu ao jogo contra o Novorizontino, desde o início do segundo tempo, até a marcação do segundo gol, feito por Borja, foi talvez o que melhor se viu no futebol brasileiro até agora em 2017.

Neste excerto do jogo, o máximo que o time do interior conseguiu foi um arremate de fora da área, feito por Everaldo, aos 4 minutos. O Palmeiras dominou completamente o time comandado por Silas, construindo jogadas e finalizando nove vezes – o gol de Borja foi resultado de uma rápida ligação de Michel Bastos, que tinha acabado de entrar, com Guerra.

Essas rápidas trocas de passes são a chave para romper defesas fechadas – algo que deve continuar sendo uma constante na trajetória do Palmeiras este ano, inclusive contra o Peñarol, nosso próximo adversário no Allianz Parque. Sofremos bastante contra retrancas; os jogos mais notáveis foram o SCCP e o Jorge Wilstermann. Mas com triangulações e intensa movimentação, nosso time conseguiu achar os espaços e fez seis gols nos dois jogos contra o Novorizontino. Bem treinado, o time de Silas foi um excelente sparring.

Uma das chaves para essa eficiência foi a movimentação de Borja. Além de ser um NOVE-NOVE extra-classe, nosso camisa 12 vem se convertendo numa peça tática fundamental, voltando para buscar jogo e abrindo a defesa. Tendo a seu lado jogadores rápidos e habilidosos, o jogo flui naturalmente.

Maratona

A partida com o Peñarol, nesta quarta-feira, abre uma maratona que vai até o início do Brasileirão (veja a lista abaixo). Eduardo Baptista, que graças a seu histórico familiar e a seus próprios erros foi muito contestado no início de seu trabalho, mas resistiu e finalmente parece ter dominado o elenco.

O time tem entrado em campo sempre com formações diferentes, direcionadas para dar o melhor encaixe no adversário. Joga quem está melhor, e a meritocracia tem sido assimilada sem melindres pelos jogadores que ficam no banco, mesmo tendo nível para serem titulares em qualquer time da Série A. Eles sabem que, diante da crueldade do calendário, o time vai rodar e eles terão suas oportunidades. A harmonia reina.

Diante de todo esse cenário, o que vimos no início do segundo tempo no Pacaembu foi quase um sonho. Por instantes, foi possível lembrar da máquina de 1996. Claro, Willian Bigode não é o Rivaldo e o Guerra não é o Djalminha; mas os sistemas defensivos de hoje usam conceitos que ninguém imaginava há 21 anos. Depois do segundo gol, o time diminuiu o ritmo para poupar energias para o desafio seguinte; se tivesse continuado, certamente teríamos aqueles placares sonoros do time dos 102 gols.

Os próximos desafios são bem mais complicados que o Novorizontino. Mas se conseguir o encaixe em cada jogo; se mantiver a seriedade e a concentração, o Palmeiras tende a seguir dominando o futebol brasileiro e tem todos os elementos para conquistar a América. Eduardo Baptista, o “piloto de Fusquinha”, parece que pegou o jeito de pilotar a Ferrari. Mas o time precisa continuar mostrando isso em campo, jogo a jogo.

Calendário

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FPF exagera na maquiagem e esquece da qualidade enquanto tem lucros exorbitantes

Patch Quartas FPFO Verdão se classificou ontem para as semifinais do Paulistão depois de vencer novamente o Novorizontino, desta vez por 3 a 0, no Pacaembu. Apesar do excelente desempenho do time em campo, tivemos alguns destaques negativos protagonizados pela Federação Paulista de Futebol no Municipal.

Encantados com as transmissões da Champions League europeia, os cartolas da FPF encomendaram a seus marketeiros de estimação algumas ações similares para valorizar seu maior produto. Entre elas, a introdução de um Hino.

Sabe aquele coral que fala “The Chaaaampions” em vários idiomas, que causou grande sensação quando era uma novidade? Então… a FPF me apareceu com uma versão que diz “esse é meu time, essa é minha vida, esse é meu jogo, futeboooool”. E toca a todo o volume na entrada “triunfal” dos times em campo (outra imitação), e também na vinheta do SporTV, emissora que detém os direitos da transmissão.

Em vez da grandiosidade do hino da Champions, a versão da Barra Funda, que parece ter sido composta pelo cara que faz os jingles da RGT (Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa…) só mostra o quanto o Campeonato Paulista é provinciano e mambembe. Quase varzeano.

Para piorar, inventaram agora de colar um patch de participação na camisa dos times que disputam a fase decisiva. O adereço é inadequadamente dourado, como os patchs dos campeões, e não fosco, com uma cor neutra, como fazem os grandões que eles querem imitar.

Na camisa do Novorizontino, o adesivo disputou espaço com um mar de patrocinadores do naipe do Guaraná Poty e do Armazém da Tia Zefa, com todo o respeito ao Novorizontino e a seus apoiadores. Na camisa do SPFC foi pior: teve que ser encaixado sobre o fígado dos jogadores para não ficar por cima da marca de arroz.

Dinheiro não falta

Essa disposição de fazer o Paulistão parecer maior do que é coaduna com a quantidade de dinheiro arrecadado pela FPF. A entidade abocanha 5% da renda bruta de todos os jogos, o que faz com que já tenha lucrado com bilheteria mais de R$ 1,5 milhão, limpos – mais do que 75% dos times da Série A do Brasileirão. Deste montante, mais de R$ 500 mil vieram das rendas dos jogos do Palmeiras, que é o time que mais arrecada.

Notem que essa taxa pode fazer até com que a renda líquida seja negativa em determinados jogos, prejudicando seus afiliados. A FPF não zela pela saúde financeira de seus clubes e não apresenta arbitragens em níveis ao menos aceitáveis. A atuação de Flávio Rodrigues de Souza, ontem, foi abaixo da crítica, mais uma vez, algo que vem sendo uma constante no campeonato. Essas falhas contrastam demais com a campanha de comunicação, o que só torna seu produto ainda mais patético.

Calada!

O Paulistão, enquanto tiver o time principal do Palmeiras, enquanto tiver os outros grandes paulistas e os clubes tradicionais do interior, sempre será Paulistão, no aumentativo; ganhá-lo continua sendo algo desejável – ao contrário do que já acontece no estadual do Paraná, onde Coritiba e Atlético já mandam a base a campo para poupar seus titulares para o restante da temporada.

Mas a FPF, antes de tentar valorizar seu produto com ações artificiais que mais lembram uma moça feia sem noção que carrega na maquiagem, deveria ao menos justificar esse enorme volume de dinheiro que arrecada investindo na qualidade do jogo. Antes que o fenômeno paranaense chegue por aqui.

Se depois disso sobrar algum dinheiro, não há mal nenhum em fazer campanhas de comunicação, de preferência adequadas ao tamanho do campeonato. Sabemos que gosto não se discute. Mas neste caso, vamos e venhamos, se lamenta, e muito.

Inconformada com predomínio do Palmeiras, imprensa tenta partir para o bullying

O Palmeiras concretizou a compra do zagueiro Luan, do Vasco. Pagará ao time carioca cerca de R$ 10 milhões, em cinco parcelas. A negociação confirma o processo de renovação por que deve passar nosso setor de zaga nos próximos anos – Luan chega para compor o elenco em 2017 e assumir a titularidade em breve.

O valor a ser pago pelo atleta foi uma pechincha. O Palmeiras fez valer seu poderio financeiro e impôs ao Vasco uma transação que, diante do nível do atleta, quase chega a ser humilhante.

Os dois clubes fizeram, até agora, sete jogos como mandantes nesta temporada. O Vasco arrecadou cerca de R$ 1,3 milhão, ao passo que R$ 11,8 milhões entraram nos cofres do Palmeiras. A diferença é maior que o valor acertado entre os clubes. Frise-se: em apenas 3 meses.

O modelo que vem sendo praticado o Palmeiras alcançou o ciclo virtuoso: um time forte jogando num estádio bem localizado e moderno, com um bom plano de sócio torcedor, atrai multidões mesmo com o preço do ingresso acima do praticado no mercado. O clube alcança rendas altíssimas que lhe proporcionam condições para ter um time mais forte ainda.

Depois de apanhar muito e sofrer por anos nas mãos dos rivais, o Palmeiras se organizou. Deixou para trás velhos costumes para se profissionalizar. O processo de modernização ainda não está completo, mas hoje é seguro afirmar que o Palmeiras tem todas as condições de montar times para dominar o futebol brasileiro e sul-americano nos próximos anos – sem esquecer que os títulos precisam ser ganhos sempre dentro do campo. Se a política interna não atrapalhar, o cenário é bem provável.

Pirraça

A mídia esportiva tem tido um comportamento pirracento com o poderio recém-desenvolvido pelo Palmeiras. De nariz torcido, fala em mecenato. Critica a Crefisa, patrocinadora que vem tendo uma exposição que jamais sonharia nem com campanhas publicitárias no Jornal Nacional, pelo que considera um exagero no volume investido. Dizem achar ruim um possível desequilíbrio que esse poder econômico tende a gerar.

Hipócritas.

A imprensa nunca achou ruim pelas vantagens financeiras recebidas pelo Flamengo, que por anos foi o único clube a ser patrocinado com dinheiro público (Lubrax, produto da Petrobrás) e sempre recebeu fatias desproporcionalmente mais generosas da TV. O dinheiro da RGT também pende para o lado do SCCP, que de uns anos para cá também é patrocinado por um banco público seguindo um modelo de fatiamento do bolo bastante questionável.

A imprensa não encheu o saco do Fluminense pelo aporte desproporcional da Unimed que lhe rendeu dois campeonatos brasileiros. Nem questiona o fluxo financeiro do Atlético Mineiro, sustentado há anos pelo caixa do BMG. O problema parece ser só com o Palmeiras, mesmo com o dinheiro sendo fruto da força de sua torcida e de um patrocinador privado.

Bullying

Alguns canais chegam a ensaiar um bullying com o clube e com a torcida. Usam tom jocoso e fazem chacota em seus programas para acusar falsamente o Palmeiras de usar artifícios moralmente condenáveis.

Na recente investida do Palmeiras para ter o meia Valdívia, do Inter, a imprensa chegou a distorcer os fatos para acusar o Verdão de falta de ética.

O falso moralismo também é visto nos atos dentro de campo: no último Derby, o Palmeiras foi pintado como o time do mau exemplo pelo lance em que o juiz expulsou Gabriel erradamente, induzido por Keno. Dudu recentemente participou do programa Bem, Amigos do SporTV e foi submetido a situações constrangedoras. Um lance corriqueiro, vastamente praticado no universo do futebol, gerou até um movimento para defender a ética – rapidamente esquecido pelo país em que até juizes e gandulas simulam ter sido agredidos.

Aqui não pega

Para um bullying pegar, a vítima tem que ser fraca. Não é o caso do Palmeiras, é preciso informar a esses incautos. O máximo que a imprensa vai conseguir ao tentar transformar nossos méritos em atos imorais é afastar mais ainda nossa torcida de seus programas e estimular que mais e mais canais de mídia independentes, feitos por palmeirenses, se desenvolvam.

A tecnologia joga a favor de nossa torcida, que pode produzir e consumir conteúdo honesto. Parcial, mas transparente. Ninguém aguenta mais clubismo velado. É muito melhor ler um texto assumidamente torcedor do que buscar por uma opinião isenta e ver um jornalista com a camisa do clube por baixo, afinando a voz para defender seu patético ponto de vista. Bullying nunca pega no mais forte da turma.

Enquanto os próprios jornalistas não passarem a fiscalizar sua classe, enquanto seguirmos vendo os bons profissionais de imprensa fecharem os olhos para as atrocidades cometidas por seus colegas que praticam o clubismo velado, o vento soprará cada vez mais nessa direção. É realmente uma pena.


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Escalando os alambrados: de Oséas a Roger Guedes

Roger Guedes escala o alambrado em Novo Horizonte* por Renato Sansão

O assunto já tem 72 horas, e é bem sabido que uma rotação nas redes sociais equivale a uma translação de mundo real. Mas ainda assim eu gostaria de falar um pouco mais sobre a comemoração seguida de expulsão do Roger Guedes, quando o Palmeiras marcava seu terceiro gol no jogo e dava um passo gigantesco rumo às semifinais do Paulistão 2017.

Poucas profissões nesse mundo dão a oportunidade de EXTRAVASAR, com caixa alta mesmo. Contadores, comerciantes, feirantes, enfermeiros, bibliotecários, economistas, jornalistas, psicólogos, administradores e mesmo engenheiros, publicitários, médicos e advogados vivem suas vidas profissionais em escritórios, consultórios, salas comerciais e meios de transporte variados e presos no trânsito caótico de _________ (complete aqui com o nome de sua cidade).

Atores, atrizes, rock stars e atletas são um ponto fora da curva. Seja nos palcos, quadras, octógonos, sets de gravação ou ginásios lotados, essas pessoas têm a oportunidade de colocar pra fora cada milímetro de angústia que estava preso em suas entranhas. As contas e impostos atrasados, os quilos a mais, um ente querido distante ou acometido por doença grave, colegas de trabalho que insistem em puxar seu tapete, corações partidos: por um momento que vale uma eternidade, tudo é resolvido com uma serenidade Evairesca ao cobrar um pênalti.

Por tudo isso, é inadmissível que a FIFA, o Darth Vader do mais popular dos esportes, proíba que um jogador de futebol extravase ao comemorar um gol. Seja colocando a mão atrás das orelhas, o dedo à frente da boca pedindo silêncio, fazendo careta, atirando com a metralhadora imaginária, fingindo chororô, colocando uma máscara, dançando alucinadamente ou subindo no alambrado: intrometer-se entre o momento máximo do futebol e seu protagonista do momento é uma afronta. Um coito interrompido.

Oséas no alambradoHá 22 anos, comecei a acompanhar o centroavante parrudo de trancinhas que jogava pelo Atlético Paranaense. Não apenas pelo faro de gol, impulsão assombrosa ou pela dupla que fazia com seu fiel escudeiro Paulo Rink, mas pela forma como comemorava seus gols. Ao ver a bola no fundo das redes, Oséas saía correndo como uma besta indomável e subia com impressionante destreza por alguns bons metros de alambrado para extravasar com sua torcida. Um ano depois, o Palmeiras o contrataria e o resto deixo para a História e o Almanaque do Verdazzo contarem.

Comemorações de gols censuradas, cervejas e bandeiras banidas, arredores de estádio sitiados, hino nacional banalizado, torcida única, incontáveis domingos sem ver seu time entrar em campo. Não há nada mais sã que a lucidez contida em alguns tipos de loucura, por isso não surpreende que venha de Felipe Melo o discurso resumido na incontestável verdade: estão acabando com a graça do futebol.

E como sem torcida não existe bola rolando, é dela – e não de federações, redes de televisão, patrocinadores e atletas – que deveria partir seu resgate. O respeito e a tolerância com opiniões contrárias são um bom começo: as pessoas não têm culpa se você, ao contrário do expulso Roger Guedes, não tem a oportunidade de extravasar suas dores e decepções.

* Renato Sansão é leitor do Verdazzo, padrinho do site e escalador de alambrados


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Podcast: Periscazzo (04/04/2017)

Mais um Periscazzo está no ar. Falamos sobre a vitória sobre o Novorizontino, sobre os rumores de novos reforços, entre outros assuntos. Muito legal a participação dos leitores fazendo as perguntas!

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