Mesmo com contratações, Palmeiras enfrentará o Cerro com um jogador a menos entre os inscritos

Copa LibertadoresO Palmeiras volta à disputa da Copa Libertadores o dia 9 de agosto, quando enfrentará o Cerro Porteño, no jogo de ida das oitavas-de-final. Pelo regulamento da competição, o Palmeiras poderá fazer substituições na lista de jogadores que foram inscritos para a disputa da fase de grupos até 72 horas antes do início da partida, ou seja, até o dia 6 de agosto.

Portanto, o Verdão tem 13 dias a partir de hoje para definir os substitutos dos jogadores que entrarão nos lugares dos atletas que já deixaram o clube desde o início da competição: Fabiano (camisa 17), Juninho (4), Emerson Santos (24), Tchê Tchê (8), Michel Bastos (15) e Keno (11).

São seis atletas, como se pode ver, mas a Conmebol permite que apenas cinco trocas sejam feitas nesta fase, o que nos permite concluir que para as partidas contra o Cerro Porteño, Roger Machado poderá contar com no máximo 29 jogadores.

Neste intervalo, o Palmeiras incorporou quatro jogadores ao elenco: Jean e Artur, que recuperaram-se de lesões e haviam ficado de fora da lista da fase de grupos; Nico Freire, que veio do futebol holandês, e Vitinho, que voltou após um ano no Barcelona.

Lacunas no elenco

Keno contra o Cruzeiro
César Greco / Ag.Palmeiras

Quase todas as funções do elenco estão bem cobertas. O ataque, no entanto, ainda tem espaço para dois jogadores.

A função de ponta ofensivo está carente após a saída de Keno. Dudu é um atleta excepcional e claramente é titular. Mas em caso de não podermos contar com nosso camisa 7, a única opção de jogador de velocidade no elenco é Artur, o que pode ser uma temeridade em jogos cascudos como na Libertadores. Jogar sem um atleta veloz para comandar transições ofensivas rápidas torna o time bastante previsível, como vimos no jogo contra o Santos.

O comando do ataque está se virando com Willian, e eventualmente com Deyverson, na falta de Borja. Mas ter um atleta de força na área pode ser muito necessário em jogos mais físicos.

É esperado que Borja esteja em condições de enfrentar o Cerro no Allianz Parque; há até quem acredite em sua volta para o jogo no Paraguai, mas o colombiano, além de servir constantemente à sua seleção, pode voltar a se lesionar como qualquer outro jogador e não temos ninguém no elenco com as mesmas características. Esta deficiência na montagem do elenco vem sendo apontada pelo Verdazzo desde dezembro.

E agora?

Mattos e BorjaTemos quatro jogadores para preencher cinco vagas, e duas necessidades prementes no elenco. Depois de algumas especulações frustradas, a imprensa não foi alimentada por mais nenhuma fonte de boatos e não há a menor pista sobre resultados das andanças de Alexandre Mattos pelo mundo durante a Copa da Rússia.

É altamente desejável que Mattos efetue duas contratações de alto nível para o ataque, conforme descrito acima. Caso ele apareça com apenas um reforço, as cinco trocas estarão definidas: além desse novo jogador, Jean, Nico Freire, Vitinho e Artur completarão a rodada de substituições.

Caso Mattos seja extremamente eficiente, como sempre, e traga os dois reforços desejados,  Vitinho ou Artur devem disputar a quinta vaga, já que Jean e Nico Freire devem ocupar as camisas 17 e 4, respectivamente.

De qualquer forma, quem ficar de fora poderá ser inscrito na fase seguinte caso o Verdão passe pelo Cerro, já que mais duas trocas estão previstas para as quartas-de-final e outras duas para a fase semifinal.


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Periscazzo (23/07/2018)

Palmeiras perde do Atlético-MG e entra na zona do rebaixamento. Pelo menos é o que parece que aconteceu, pelas reações no Allianz Parque e nas mídias sociais…

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A torcida do Palmeiras parece o Neymar

PorcoO Palmeiras venceu ontem e segue na caça à liderança do Brasileirão. A vitória quebrou algumas escritas recentes. Apesar de ser um grande freguês do Palmeiras, o Galo vinha de uma sequência inédita de 13 jogos, sete anos sem derrota para o Verdão. E o golaço de falta de Bruno Henrique foi o primeiro em três séculos em jogos “oficiais” – para a imprensa, o gol no amistoso na Costa Rica não contava.

Após três empates decepcionantes – mesmo sendo dois fora de casa e um contra o líder do campeonato – o Verdão chegou ao terceiro gol no último lance do jogo contra o Atlético Mineiro e levou a torcida a um estado de êxtase.

Pelo menos é o que poderia ter acontecido.

Mas o clima na torcida na arquibancada, nas redes e nos grupos era de descompasso total. Não foi nada diferente do que se vê nas derrotas. O claro desequilíbrio do time em campo, que remete à real possibilidade de terminar a temporada sem título algum, causa chiliques inacreditáveis na torcida. Num dos grupos de mensagens alguém acertou a mosca: “a torcida do Palmeiras parece o Neymar”.

Semelhança total

NeymarProvavelmente a tirada saiu espontaneamente, referindo-se apenas à tendência de exagerar nas reações de ambos. Mas se ampliarmos a comparação, tudo encaixa.

A torcida do Palmeiras sempre foi especial, diferenciada, e muitas vezes decidiu jogos, como Neymar; está na primeira prateleira. Assim como o camisa 10 da CBF, a torcida do Palmeiras viu-se rapidamente diante do estrelato total: líder de bilheteria e arrecadação e um dos maiores planos de sócio-torcedor.

A casa também mudou: saiu a humilde e já surrada, mas cheia de decência, casa de dois quartos, para uma suntuosa, moderna, ampla e iluminada nova residência. Os ganhos financeiros do menino Ney também cresceram bastante – os do Palmeiras, nem tanto, mas para a torcida, inflamada pelos reportes venenosos da imprensa, acredita torcer para o time do Tio Patinhas – na verdade, é só um bom patrocínio de camisa (que está virando outra coisa, mas isto é assunto para outro dia).

A chegada ao topo completa o cenário. As conquistas da Copa do Brasil de 2015 e do Brasileiro de 2016 deram a falsa impressão aos palmeirenses de que todo ano seria ano de conquista. Neymar foi alçado ao posto de estrela máxima do esporte brasileiro, paparicado, desfila com namorada global e atingiu a aura de invencível.

Não é bem assim

Neymar e CavaniOfuscado por uma estrela muito maior no Barcelona, Neymar decidiu ir a Paris, onde outros ótimos jogadores supostamente trabalhariam para que ele brilhasse sozinho. Não contava com a personalidade de Cavani e com estouro de Mbappé. Neymar teve dificuldades em lidar com a concorrência, o que o levou a chiliques e a reações absurdamente exageradas durante os jogos na Rússia, virando piada em todo o mundo. Seu rosto quando leva uma pancada parece o de quem levou uma facada – assim como a torcida do Palmeiras, diante da possibilidade de não erguer um troféu ao final de uma temporada.

Neymar é um jogador extra-classe, absurdamente talentoso. Mas precisa entender que não é invencível, que no esporte existem as vitórias e as derrotas; do outro lado existem adversários que também se esforçam muito para chegar à vitória. Como na Copa do Mundo, onde existem sete ou oito seleções que podem brigar pelo título, no cenário brasileiro há muito mais concorrentes aos principais títulos. Nos campeonatos europeus apenas dois ou três clubes se revezam no alto do pódio, sempre com mais de 80 pontos, muitas vezes passando de 90. Um clube brasileiro dificilmente terá a mesma frequência de conquistas da Juventus, do Real Madrid, do Barcelona ou do Bayern. Nossa torcida precisa entender isso melhor e lidar com mais dignidade com uma ou duas temporadas sem conquistas.

Problemas evidentes

O Palmeiras atual tem problemas claríssimos em seu plano de jogo. O desempenho final fica abaixo do que a escalação sugere. Roger Machado está evoluindo de forma mais lenta do que gostaríamos e parece ter problemas de leitura nos jogos.

Mesmo assim, o time está a sete pontos do líder, com 24 rodadas pela frente e uma tabela favorável até o fim do turno. Nas duas copas, está bem posicionado nas chaves e ninguém diria que não é time para chegar pelo menos às semifinais – até lá, muitos acertos ainda podem ser feitos. Talvez não vençamos nada, mas temos chances bem interessantes. Nada justifica o ambiente tóxico visto ontem no Allianz Parque e nas redes sociais.

Objetivo maior

BeicinhoO objetivo maior do Palmeiras não deve ser simplesmente se posicionar entre sete ou oito clubes para tentar ganhar um campeonato por ano. O Palmeiras precisa buscar se destacar de vez no futebol brasileiro, se tornando um dos times a revezar com apenas mais um ou dois na supremacia doméstica e até continental. Para isso, antes de tudo, precisa consolidar sua identidade de jogo, tendo em seus quadros uma figura, um diretor de bola, que se torne a cara do futebol palmeirense e a quem o técnico – seja quem for – precisa se reportar. É nessa direção que a torcida tem que pressionar.

Um projeto de futebol bem sucedido não precisa necessariamente ter títulos logo nos primeiros anos. O Palmeiras recomeçou do zero em 2015 e os dois troféus levantados no Allianz Parque foram resultado de tiros bem dados, não de um planejamento a longo prazo. O crescimento sofreu rupturas graves com as constantes trocas de técnico, o que atrasou ainda mais o sucesso.

Roger Machado, assim como Eduardo Baptista, tem muito potencial teórico, e ainda tem a vantagem de ter sido um atleta vencedor. Quanto mais permanecer no comando do clube, mais chance terá de fazer uma leitura melhor do jogo e de tomar melhores decisões, no tempo certo – e mais importante: de criar a identidade do time.

Messi e Cristiano RonaldoTrazer outro treinador agora não é garantia de nada, é apenas desespero. Os títulos não virão se a torcida fizer carinha de Neymar e xingar muito nas redes sociais exigindo cabeças. E mesmo que troque-se o técnico e um título venha, em mais um golpe de sorte, a implantação de um projeto de identidade vai sofrer mais um atraso – e o ano que vem mais uma vez dependerá de tiros certeiros.

Nossa torcida precisa ser madura, como éramos há algumas décadas, mesmo em tempos de anos e anos sem títulos. Aprendemos a perder, depois aprendemos a ganhar. Ser Neymar deve ser bom. Mas ser Messi ou Cristiano Ronaldo deve ser muito melhor.


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Periscazzo (20/07/2018)

Palmeiras não vence o Santos e Roger faz sua pior partida no comando do Palmeiras.

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Trabalhando a decepção: os ajustes que Roger precisa fazer

Lucas Lima
Cesar greco/Ag.Palmeiras

A partida de ontem à noite contra o Santos decepcionou a torcida e a porção bipolar fatalista, que é bastante barulhenta, já decretou o fim do ano. Com esse técnico não iremos a lugar algum, manda esses mercenários embora, pra jogar no meu Verdão tem que ter raça e vontade. Aquelas coisas de sempre.

Mas é inegável que o time ainda precisa de ajustes. Algo não encaixa. A mesma razão que nos fez perder pontos preciosos contra o Ceará, há 40 dias, afetou nosso time na noite passada no Pacaembu e sofremos um empate dolorido. É frustrante perceber que em cinco semanas aspectos táticos e técnicos foram aprimorados, mas algo permanece nos tirando pontos.

Nossos jogadores são muito bons. Eles sabem o que fazer diante da proposta do comandante e têm muita vontade – basta perceber que quando o time precisa do gol, é um tormento para o goleiro adversário: ontem, chegamos à abertura do placar com apenas seis minutos e criamos pelo menos três chances claras de gol após sofrermos o empate. Contra o Ceará, tínhamos 2 a 0 com menos de 20 minutos, mas acabamos levando o 2 a 2 quase nos acréscimos.

Nossa transição ofensiva precisa de um jogador mais veloz – a formação de ontem com Scarpa, Lucas Lima e Hyoran deixou isso claro e a volta de Dudu tende a corrigir o problema. A recomposição defensiva fica muito prejudicada quando os dois laterais apoiam ao mesmo tempo, outra situação evidenciada neste empate. São pequenos ajustes que tendem a ser feitos rapidamente, sem maiores dificuldades.

O que está errado afinal?

Weverton
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O Palmeiras confia tanto em seu sistema defensivo que despreza as possibilidades de gols fortuitos, como o que aconteceu ontem. O Santos jamais penetraria em nossa defesa na forma que a partida se desenrolava. Mesmo a bola aérea, que causou algum desconforto no primeiro tempo, parecia neutralizada no segundo, com os laterais mais postados e evitando as possibilidades de cruzamentos, matando o problema na raiz. Mas uma falta arrumada pela arbitragem no bico da área somada a uma bola de fliperama na área determinou o empate.

Um gol de vantagem não resolve nada. Mesmo uma defesa absolutamente sólida não está imune ao imponderável – imaginem a nossa, que jamais se converteu num ônibus estacionado na pequena área e ainda não é exatamente intransponível.

Empatando ou perdendo, o Palmeiras precisa assumir riscos e atacar – essa parte, está fazendo muito bem. O que não se vê é o controle do ritmo do jogo com um gol à frente no placar. O time pode gastar o tempo com a bola no pé, se quiser, mas para isso precisa garantir que o adversário se mantenha longe de nossa área sem a bola; meio-campistas com boa capacidade de marcação ajudam muito nesse ponto – por exemplo, Jean.

Uma opção melhor ainda é dar a bola para o adversário e se armar para o contra-ataque, com pontas velozes que façam com que o adversário a não se lance tanto à frente; ontem, a opção óbvia seria Artur. Ao mesmo tempo que manteria o adversário não tão perto de seu goleiro, ainda teria boas chances de matar o jogo.

Roger Machado não fez nem uma coisa, nem outra. Só após tomar o empate, o treinador colocou Jean no Hyoran, precisando de gol. Demorou mais dez minutos para colocar Artur, que participou de duas jogadas agudas no pouquíssimo tempo que esteve em campo. Errou no ‘quando’ e no ‘como’, e isso aconteceu porque está errando no ‘o que’.

Então agora é ‘fora Roger’?

Roger Machado
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Claro que não. Qualquer treinador que comece o trabalho agora não vencerá o Brasileiro e só terá chances de conquistar algum título este ano num mata-mata, na base do vamo-que-vamo, como nossa Copa do Brasil em 2012 ou a Croácia na Copa do Mundo– derrotada na final. É muito mais fácil Roger corrigir seus erros e aproveitar toda a base tática montada desde o início do ano do que recomeçar um trabalho do zero com outro treinador, que também terá seus defeitos e entrará rapidamente na alça de mira da porção dramática da torcida. Com o outro, seja quem for, também não iremos a lugar algum.

Roger precisa ajustar suas nuances táticas (‘como’) a uma estratégia de jogo (‘o que’) menos reativa (‘quando’) após abrir o placar. É preciso dar confiança ao time para abrir vantagem maior no marcador. Nossos jogadores parecem muito focados em obedecer a tática do treinador, e isso é bom. O problema é que a estratégia despreza o imponderável. Os jogadores sentem esse perigo e perdem a confiança e daí vem a impressão de um time impotente. Afinal, mesmo um ônibus estacionado pode ter uma janela quebrada pelo imponderável.


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