A imprensa e a hipocrisia do fair play financeiro

EurosAntes do anúncio da contratação de Gustavo Scarpa, o Palmeiras já era tido por todos como um dos times mais fortes do país, certamente entre os favoritos para disputar todas as competições do ano. Depois do negócio ser sacramentado, esse favoritismo ficou ainda maior e apenas aquelas surpresas do futebol poderão tirar o Verdão do G4 de qualquer campeonato.

Era de se esperar que a imprensa se cansasse de bater no Palmeiras e reconhecesse a competência do clube em chegar a essa condição. Um time forte como o nosso não caiu do céu. Muito menos os recursos usados para montá-lo. Foi necessário muito trabalho para atingir esse patamar. Mas para a crônica esportiva, o Palmeiras é o vilão, o rico malvado que vai bater nos pobres coitadinhos. Querem que se instale um “fair play financeiro”, expressão importada das ligas européias, para estabelecer um tipo de teto nos gastos, para não tornar a briga muito desequilibrada.

Aperto no cinto e muito trabalho

Allianz Parque em construçãoA parcela de nossa torcida que se mantém mais informada já sabe: a atual saúde financeira do Palmeiras tem origem na construção do Allianz Parque, que nos deixou quatro anos sem casa e custou um rebaixamento, e num plano de recuperação iniciado em 2013, que passou por um período de aperto no cinto, troca de um por cinco que acabaram sendo quatro, muitas dificuldades dentro de campo nos dois primeiros anos até a virada, com o pacotão de 2015 e os retoques no elenco feitos nos dois anos seguintes.

Todo esse ajuste dentro de campo foi feito com lastro numa política financeira severa que envolveu rigidez absoluta nos gastos. Métodos pouco convencionais, como os contratos por produtividade, foram implementados. O orçamento foi rigorosamente respeitado e nenhuma receita foi adiantada. Os salários permaneceram religiosamente em dia; as contas foram reescalonadas. E tudo isso teve como base receitas vindas da torcida: Avanti e bilheterias, que cresceram exponencialmente graças ao estabelecimento de um círculo virtuoso: bons times atraem torcida, que trazem dinheiro, que faz bons times.

Querem punir quem faz direito

A competência do Palmeiras em todo esse processo, para os torcedores de microfone na mão, precisa ser punida. Esse fair play que agora sugerem significa premiar quem gasta mais do que arrecada, alisar quem atrasa salários, resguardar quem não paga as marmitas, proteger quem ganha estádio sem esforço com verbas públicas e ainda larga na frente de todos com verbas de televisão abissalmente maiores que a dos outros clubes.

Fair play, na tradução literal, significa “jogo justo”. E tudo o que esses justiceiros querem é premiar as más práticas e a bagunça administrativa – algo que eles, ironicamente, tanto dizem desprezar nos clubes brasileiros.

Craques de 2014
Reprodução – Twitter

Pois bastou que um clube aparecesse e fizesse tudo o que eles sempre sonharam para seus times preferidos para que a hipocrisia reinasse em frente às câmeras. O Palmeiras virou o ricaço malvado que oprime os pobrezinhos – e usam como argumento único apenas um dos pilares financeiros do clube, o patrocínio da Crefisa, cuja confiança só foi conquistada graças a toda a seriedade administrativa por que passa o clube. Para eles, caiu do céu e é injusto.

A grande mídia, cheia de torcedores irresponsáveis sob os holofotes, não tem pudores em desinformar, distorcer e confundir. A sugestão de estabelecer teto de gastos é um gesto desesperado, patético, merecedor de todo o desprezo.  Seria muito mais digno reconhecer a excelência implementada no Palmeiras, que é fruto de aperto no cinto, períodos de muito sofrimento e muito trabalho, e cobrar isso de seus clubes preferidos, esses sim, os verdadeiros vilões que sangram cofres públicos, recebem mais dinheiro que os outros das TVs, gastam mais do que arrecadam , adiantam receitas, atrasam salários e não pagam marmitas.

Se querem mesmo instalar um fair play financeiro como na Europa, que cobrem da CBF regras mais rígidas e justas de distribuição da renda da TV. Que clamem por responsabilidade fiscal das administrações dos clubes. Que exijam punições rigorosas para quem deixa jogadores sem receber salários e não paga seus impostos e seus fornecedores. Se tem um clube que seria aprovado em todas essas práticas, se tem um clube que joga justo financeiramente e merece todo o sucesso que vem alcançando, ele se chama SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS.


Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Conheça mais clicando aqui: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Nem comecem: Roger Machado não é o “Guardiola brasileiro”

Lucas Lima e Pedrão
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A porção da imprensa que cobre o dia-a-dia do Palmeiras parece maravilhada com os novos treinamentos implantados por Roger Machado nesta pré-temporada. Num misto de curiosidade e admiração, os comentários e relatos têm sido marcados por completo derretimento. Houve quem comparasse seus métodos com os usados por Guardiola nos maiores clubes da Europa.

O treino de ontem, em que os jogadores ocuparam apenas metade do gramado e tinham como objetivo entrar em áreas delimitadas com a bola dominada, fez os olhos dos repórteres brilharem. Mereceu até post especial do repórter Rodrigo Fragoso, com direito a animação. Confira aqui.

Mas nada tá bom?

Borja e Thiago Santos
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Normalmente reclamamos que a imprensa tende a ver tudo negativo em nosso time, e estamos cobertos de razão nisso. Agora que eles estão nos elogiando, vamos reclamar também?

Claro que não se trata disso. Os setoristas têm mais é que relatar o que estão vendo, é para isso que estão lá – e se a comissão técnica permite que eles observem, é porque não vê prejuízo na divulgação dessas atividades.

Os métodos de Roger são os mesmos que ele já usou, por exemplo, no Atlético, no ano passado. Conseguiu um bom rendimento, mas não o suficiente para que completasse a temporada no cargo. O que não significa nada em relação aos métodos, por si só, serem determinantes para ganhar ou perder jogos.

Os jogadores parecem aprovar as novidades, mas suas avaliações também não são grande parâmetro, já que parece pouco provável que um comandado teça críticas publicamente ao novo comandante logo na primeira semana de trabalho. O fato é que não temos elementos para avaliar esses métodos ainda; são apenas novidades.

Sai pra lá, salto alto

Roger Machado
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A maior preocupação com esse hype em torno das novidades é a nossa torcida subir no salto e  cair novamente na armadilha do “entreguem as taças”. Roger não é o Guardiola brasileiro, o Palmeiras não é a primeira força, e seria muito bom se o elenco trabalhasse da forma mais resguardada possível. Temos muita curiosidade para saber o que acontece nos treinos, mas o ideal seria que as informações chegassem em doses moderadas, apenas o suficiente para manter o vínculo entre time e torcida ativo e a expectativa pelo início da temporada cada vez mais alta.

O “treino revolucionário” de Roger é, propositalmente, uma espécie de realidade ampliada, onde os jogadores precisam pensar muito mais rápido, correr muito mais e executar os movimentos com muito mais precisão. É um treino que aguça as qualidades dos atletas, mas não reproduz as situações exatas de jogo. É muito mais físico/técnico, e nada tático. Merece crédito por ser uma inovação.

Aparentemente, o Palmeiras está se protegendo ao fechar parte dos treinamentos. Parece óbvio que os treinos táticos, da forma como todos estão acostumados, devem estar sendo feitos nos períodos em que a imprensa não tem acesso. E por mais que seja esse o objeto maior de nossa maior curiosidade, é melhor mesmo que ninguém saiba o que Roger está armando. Vamos ter uma ideia no campo, daqui a uma semana, contra o Santo André.


Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Conheça mais clicando aqui: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Arbitragem e imprensa: na era Parmalat, éramos bons também nos bastidores

Treino
Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

O Palmeiras voltou aos trabalhos na última quarta-feira e o ambiente é muito bom. O elenco é forte e bem remunerado, e tem a garantia de estar respaldado quanto à estrutura e à pontualidade nos pagamentos. Tudo isso faz do Palmeiras, mais uma vez, forte candidato a levantar taças este ano.

O diretor de futebol Alexandre Mattos concedeu entrevista na abertura dos trabalhos na qual reconhece que o Palmeiras tem todos os elementos para realizar uma temporada cheia de êxitos; declarou ter identificado onde o clube errou na temporada passada e que esses erros não devem se repetir: mencionou a priorização de competições e a forma como se trabalhou a pressão externa pela conquista de campeonatos como falhas a serem corrigidas. Veja abaixo a entrevista completa, bastante esclarecedora.

Mattos, no entanto, não mencionou claramente dois dos fatores mais importantes que interferem nos resultados de um time de futebol: as arbitragens e o desrespeito da imprensa.

Fique de olho no apito

Derby - Daronco
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

Em paralelo a qualquer erro que nossos jogadores e diretoria possam ter cometido, tivemos problemas seriíssimos com os homens do apito e das bandeiras. Levantamento da própria CBF, mesmo sem o rigor que qualquer torcedor palmeirense teria se fizesse um estudo semelhante, aponta o Palmeiras como o clube mais prejudicado pelas arbitragens em 2017.

Ficamos em segundo lugar no Brasileirão, a nove pontos do primeiro colocado, mas todos se lembram da operação na reta final da competição. Quem viveu intensamente aquelas semanas sabe que o balde de água fria jogado pelas arbitragens de Héber Roberto Lopes contra o Cruzeiro e Anderson Daronco contra o SCCP foram definitivos para o rumo do troféu.

Equivocadamente, virou senso comum em nossa torcida que o Palmeiras precisa não apenas ser melhor que os adversários: é necessário ser muito melhor, tem que sobrar, para vencer os campeonatos diante da histórica disposição das arbitragens em nos prejudicar.

O Palmeiras não pode aceitar placidamente essa situação. Nossos jogadores tem que se preocupar em vencer somente os adversários; as arbitragens não podem entrar na conta regular de obstáculos a serem vencidos, o absurdo não pode virar regra. A máxima de que os erros acontecem para todos os lados e se anulam precisa voltar a prevalecer – no nosso caso, está claríssimo que não se anulam coisa nenhuma.

A imprensa, sempre ela

ESPN
Reprodução

Se Mattos diagnosticou que a priorização de competições foi um erro, que não se repita. E se acha que a pressão externa atrapalhou, tem dois caminhos paralelos para neutralizá-la: blindar ao máximo o ambiente e preparar os jogadores para se tornarem imunes ao falatório, e minimizar a origem dessa pressão, revertendo a pré-disposição da imprensa em minar o trabalho do Palmeiras.

Outro senso comum em nossa torcida é que a imprensa é anti-palmeirense. Obviamente toda torcida tem esse tipo de reclamação, mas a do Palmeiras tem documentos que escancaram esta perseguição – aqui, uma leitura muito esclarecedora. E recentemente o jornalista Luiz Ademar, ex-presidente da ACEESP, fez um desabafo em sua conta no Twitter a respeito da redação onde trabalhou nos últimos anos.

A perseguição ao Palmeiras é clara e afeta não apenas os jogadores, mas também a torcida, que inadvertidamente passa a fazer parte da pressão descomunal que é transmitida principalmente via redes sociais aos atletas. Para jogar em clube grande é preciso aguentar pressão, é certo, mas no Palmeiras ela é muito maior que nos adversários e é outro fator de desequilíbrio numa disputa que deveria ser justa.

A arte de trabalhar nos bastidores

Maurício GaliotteOs bastidores tem esse nome por se tratar de uma série de atividades feitas na penumbra. A discrição das atitudes, dependendo de quem as toma, pode estar relacionada a situações que envolvem a preservação de suscetibilidades – ou em casos menos virtuosos, ameaças à ética.

Dentro dos limites traçados pelos princípios éticos que deveriam guiar a sociedade, esperamos que os dirigentes do Palmeiras defendam os interesses do clube como todo o empenho. E isso envolve garantir que as arbitragens não nos roubem mais. Não queremos ser favorecidos, mas não aceitamos mais ser roubados.

Exigir o tratamento correto dos órgãos de imprensa, fazendo com que o evidente favorecimento a SCCP e Flamengo cesse e que o desprezo a tudo que envolve o Palmeiras dê lugar ao respeito é outra frente que precisa ser trabalhada.

Saber como se faz isso é obrigação de quem se coloca na situação de dirigir um clube de futebol. Conhecer o caminho dos bastidores é uma informação que se passa de presidente para presidente. De cartola para cartola. Se virem.

Hora de se mexer, de uma vez por todas

Palmeiras-ParmalatO Palmeiras já soube muito bem defender seus interesses nessas duas frentes. Durante o período em que a gestão de nosso futebol foi feita em conjunto com a Parmalat, o Palmeiras não era sistematicamente roubado. As arbitragens não eram perfeitas, mas a máxima dos erros que se anulam prevalecia.

E naqueles anos, tirando um ou outro jornalista caricato, a imprensa respeitava o Palmeiras e ninguém importante se metia a besta com nosso time. E é claro que a ordem vinha de cima, porque se dependesse da vontade da maioria deles, prevaleceria a camisa que vestem por baixo.

Com exceção das já mencionadas exceções caricatas, ninguém tem nada a dizer da ação do Palmeiras e da Parmalat nos bastidores com relação a limites éticos naquela época. Bem o contrário do que a história recente de outros clubes rivais contam.

Nosso elenco é ótimo, nossa estrutura é fantástica e nosso bolso vai muito bem, obrigado. Mas tudo isso, já vimos em 2017, não é suficiente se não fizermos como na década de 90 e nos impormos, não só diante dos onze adversários que entram em campo para nos enfrentar, mas diante dos inimigos que, nas sombras dos bastidores, fazem o que podem para levar vantagens indevidas sobre nós.

Que nosso presidente, assim que voltar de suas férias, trabalhe forte nessas frentes para garantir que não percamos mais títulos este ano que não sejam por mérito esportivo dos adversários.


Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Conheça mais clicando aqui: https://www.padrim.com.br/verdazzo

A diferença sutil entre ser protagonista e favorito

Bem-vindo Lucas LimaO anúncio oficial da contratação de Lucas Lima qualifica demais o elenco do Palmeiras num setor onde tivemos alguns problemas este ano. Somada à contratação de Diogo Barbosa e às duas ou três que ainda estão por vir, a notícia mantém o Palmeiras no papel de protagonista do futebol brasileiro. Naturalmente, será um dos candidatos aos títulos em disputa em 2018.

“Um dos”, que fique claro.

O clube, o elenco e a torcida não devem cair na mesma armadilha que nos foi lançada este ano. Com contratações importantes, o time campeão brasileiro de 2016 foi apontado pela imprensa como favorito destacado e absoluto para todos os campeonatos que disputaria em 2017. A pressão se tornou insustentável para um time que passava por mudanças no comando técnico e que enfrentava as oscilações naturais desse estágio. As eliminações foram se sucedendo, aumentando ainda mais a pressão para as disputas seguintes, e o grande favorito terminou o ano sem conquistas.

Apenas três clubes conquistaram campeonatos relevantes este ano – todos os outros terminaram com o mesmo número de troféus novos em suas galerias: nenhum. O curioso é que só para o Palmeiras é que ficar sem títulos numa temporada virou sinônimo de fracasso, um gatilho para críticas ferozes e descontroladas, ao menos para a má imprensa e para a parte da torcida que nela se pauta. Inter, Atlético, Santos, Fluminense, Botafogo, SPFC, Vasco e Flamengo podem passar em branco que está tudo bem – afinal, esses times não foram apontados por ninguém como favoritos.

ESPN
Reprodução

Assim, o que vemos são sucessivas matérias, disfarçadas de informação, que tem como único objetivo efervescer nosso ambiente – seja demonizando o sucesso financeiro do clube, seja distorcendo ou descontextualizando declarações e situações. O que importa é desestabilizar.

Já era difícil, sob o espectro de ter torcedores rivais nas redações, ser o rival direto do clube de torcida mais numerosa de São Paulo, algo que enfrentamos há décadas. Agora que o Flamengo se posicionou esportivamente num patamar de disputa direta conosco, a competição ficou mais desleal ainda.

Nossa torcida está desistindo da imprensa

Este trabalho de combate velado ao Palmeiras se intensificou muito nas última temporadas, o que fez com que nossa torcida já tenha levantado a orelha. Ainda cola, mas não tanto assim. As redes sociais se tornaram mais vigilantes e os maus jornalistas de hoje, mesmo os mestres na arte da dissimulação, são pressionados pela torcida – ou pelo menos pela parcela que ainda quer continuar seguindo os grandes canais de mídia e que esperam que eles tratem o Palmeiras como respeito que o clube merece.

Fox
Reprodução

Melhor: já é possível notar uma parcela que desistiu da grande mídia. Os jornalistas que fazem do clubismo o norte para o exercício de suas profissões estão afastando uma porção de torcedores que já estão preferindo se informar e viver o dia-a-dia dos clubes através de canais que não escondem a que vieram. Já que é para ter a informação com viés clubista, que esse viés seja assumido, não escamoteado.

A mídia alternativa palmeirense segue se estabelecendo há mais de dez anos e é a mais ativa dentre as mídias alternativas de todos os clubes. O trabalho é sério e feito com paixão – às claras.

Na mídia palmeirense, você ouvirá que o Palmeiras está forte financeiramente, mas que às vezes contrata errado, não que é “rico e esbanjador”. Aqui, você ouvirá que o Palmeiras é protagonista, não que é “favorito”. Se você consegue captar a diferença entre as abordagens, está pronto para sair da influência da mídia tradicional e dar um voto de confiança para palmeirenses que respeitam o clube acima de tudo e que abraçaram a missão de fazer o elo entre o time e o torcedor de todas as partes do planeta.

Roger Machado terá um excelente elenco nas mãos, mas os primeiros meses podem ser turbulentos em razão das adaptações entre elenco e a nova comissão técnica. Os primeiros resultados ruins serão um prato cheio para os maus jornalistas tripudiarem, aumentando a pressão sobre nosso elenco e usando a parte mais impaciente da torcida como combustível, repetindo a tática que deu certo este ano.

Recusemos. Somos protagonistas, sim, mas recusamos o rótulo de favoritos. Vão jogar semente de crise em outro lugar, porque a torcida do Palmeiras está de saco cheio de ser tratada como adubo.


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Aqui, o link para se tornar um padrinho deste site: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Velloso: de ídolo incontestável a bobo da corte do Neto

Velloso
Reprodução

A súbita aproximação de Palmeiras e Santos em relação ao líder do Brasileirão devolveu o interesse geral ao campeonato.

O título do rival, antes dado como favas contadas, agora é colocado em dúvida principalmente pela própria torcida deles. A imprensa está adorando: com a volta da disputa, a audiência sobe.

Os jogadores do Palmeiras já estão escaldados pelos efeitos que a expectativa exagerada por títulos pode causar. Boa parte das explicações que se encontrou para a perda dos títulos das copas este ano recaiu sobre a pressão que se colocou sobre os jogadores, pelo “investimento feito”.

Agora, o discurso aparentemente ensaiado é de que o objetivo do elenco para este fim de ano é conquistar uma vaga direta para a fase de grupos da Libertadores. É óbvio que se a diferença, que neste momento é de seis pontos, cair ainda mais, nossos jogadores serão obrigados a rever as expectativas – mas mesmo assim, sem jamais assumir o favoritismo, já que quem esteve com dezessete pontos de vantagem e tem a obrigação de conquistar a taça é o rival.

Arapuca

No programa Os Donos da Bola de terça-feira, nosso ex-goleiro Velloso, que hoje ataca de comentarista, caiu nas armadilhas de Neto, que é seu chefe, e acabou levantando uma taça preparada pela produção com o escudo do Palmeiras, enquanto o GC mostrava a legenda “Palmeiras Campeão Brasileiro de 2017”. Uma arapuca vergonhosa.

A manobra é clara: tentar tirar a pressão enorme que se impõe do outro lado e jogá-la para cá. Velloso foi avacalhado no ar por seu chefe e por Ronaldo, o frangueiro careca que também faz parte da seleta equipe. O vídeo é constrangedor. Se achar necessário, confira aqui, a partir de 11min00. Tome um dramin antes.

O programa em questão é um circo e o apresentador é um palhaço, no sentido exato da palavra. A ideia da Bandeirantes é fazer entretenimento para quem gosta de assistir a esse tipo de “discussão” – e em nosso país, esse segmento não é pequeno.

O problema é que o apresentador usa seu circo para defender seu time e para isso faz tudo o que está a seu alcance. É uma espécie de Gambazzo na TV, com a diferença que não é formal ou assumidamente torcedor. A presença de jornalistas sérios como convidados eventuais camufla a evidente parcialidade. A linha entre jornalismo e entretenimento acaba desaparecendo. É perturbador ver uma emissora com décadas de tradição jornalística como a Bandeirantes permitindo isso em nome dos altos índices de audiência.

Velloso: a decepção

Já é desnecessário recomendar a nossa torcida que não assista a esse programa, que não repercuta seu conteúdo. O Verdazzo pede desculpas aos leitores por postar o link, mas neste caso, foi necessário disponibilizar todo o contexto da decepção com Velloso, um dos grandes ídolos da história recente do Palmeiras.

No vídeo, Velloso, que é o representante palmeirense encravado no meio de dois gambás, só faltou levar um tapão na nuca. Como um menino que tenta ser aceito no grupo dos caras mais fortes e legais da classe, ele aceitou a zoeira, mesmo que isso tenha significado ir contra ao que todos os nossos jogadores apregoam com muita clareza em todas as entrevistas.

Uma bela história, maculada

O time de 1989 tinha Velloso como grande revelação
O time de 1989 tinha Velloso como grande revelação

Quem tem mais de 35 anos provavelmente vai se lembrar de um amistoso entre Palmeiras e Flamengo, no Pacaembu, que abriu a temporada de 1989 e serviu para apresentar o novo time à torcida. Leão era um técnico em ascensão e o Verdão havia contratado um pacote interessante de jogadores. O Palmeiras perdeu por 2 a 1, mas a torcida saiu do estádio feliz em ver um time realmente promissor.

Estrearam como titulares Careca Bianchesi, Paulinho Carioca, Dario Pereyra, Júnior, além de Velloso e Neto, que marcou o gol do Palmeiras e subiu no alambrado enlouquecido. Gaúcho, que viria a ser um dos grandes nomes daquele ano, entrou no segundo tempo. Mas a jogada que não sai da mente de nenhum palmeirense que estava vivo naquela noite foi a defesa que o menino Velloso fez numa cabeçada mortal de Zico, à queima-roupa, dentro da pequena área.

Velloso nunca chegou a ser o ídolo máximo das grandes conquistas que participou. Em 93, sofreu com lesões e quem saiu nos pôsteres do Paulista foi Sérgio. Foi para o Santos e não ganhou o Brasileiro daquele ano, nem o Paulista de 94. Voltou ao clube para ganhar o Brasileirão de 94, num time que tinha Antônio Carlos, Cléber, Roberto Carlos, César Sampaio, Rincón, Rivaldo, Edmundo, Evair e Zinho.

Velloso faz mais uma ponte espetacular
Velloso faz mais uma ponte espetacular

Em meio a tantos craques, num time que era pouco atacado, conseguiu relativo destaque com intervenções espetaculares, como a defesa de mão trocada na final, numa falta batida por Belzebu. Velloso, aliás, é talvez o goleiro com os movimentos mais espetaculares em toda a História do clube. A “plástica” de seus saltos foi talvez a mais bonita entre todos os que já envergaram a mítica camisa 1 do Palmeiras.

Nas peladas, todo palmeirense que se aventurava a ir para o gol gritava “Veeellooooooso” ao fazer suas defesas. Foi titular em 1996, no espetacular time dos 102 gols – mas foi o responsável por perder a Copa do Brasil naquele ano na final contra o Cruzeiro, numa falha grosseira. Dois anos depois, redimiu-se e levantou essa taça como titular contra o mesmo adversário. Em 1999 lesionou-se num treino e viu Sérgio e Marcos saírem no pôster da Libertadores.

Pode ser que Velloso precise muito do emprego e que por trás do ambiente aparentemente descontraído do programa, exista uma hierarquia implacável onde quem não obedece ao chefe corre o risco de ser mandado embora. Ou pode ser que ele tenha aceitado a “brincadeira” simplesmente porque não acredita que ela possa influenciar em nada nos jogadores. Ou mesmo pode ser que Velloso seja apenas um bobão que pagava o lanche dos outros meninos na cantina da escola. De qualquer forma, é muito decepcionante.

Velloso era um cara que, por sua história no clube, quando nossos caminhos se cruzaram, sempre tratei com reverência – a mesma reservada a craques como Ademir, Dudu, Evair, Marcos, Luís Pereira, César Sampaio, Leão, entre tantos outros. Mas depois deste episódio, admito que ele perdeu essa aura. Mesmo sem maldade, acabou destruindo aos poucos a imagem de ídolo alviverde. Hoje ele é só o bobo da corte do Neto.

Aqui não cola

Apesar de alguns torcedores do Palmeiras já terem estupidamente embarcado no oba-oba, os jogadores permanecem firmes. Na coletiva de ontem, Moisés já disse que podem tentar jogar a pressão para cá, que não vai colar – provavelmente em alusão ao programa mencionado.

Enquanto a distância era longa, até cabia ligar a calculadora, conjecturar sobre as possibilidades, porque a probabilidade era pequena. Agora que a distância caiu e que a chance real volta a existir, tudo o que não precisamos é aumentar a ansiedade. A obrigação tem que permanecer toda do lado de lá. Nosso foco segue sendo o G4. Foco apenas no jogo contra o Cruzeiro. VAMOS PALMEIRAS!


Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Aqui, o link para se tornar um padrinho deste site: https://www.padrim.com.br/verdazzo