A derrota no Derby ontem foi um golpe muito duro para o Palmeiras. A confiança da torcida, após a terceira derrota consecutiva, naturalmente despencou às portas de duas decisões nas copas – o time decide as vagas na Copa do Brasil e Libertadores dentro de duas e quatro semanas, respectivamente, e em ambas tem resultados desfavoráveis para reverter.
A 16 pontos do líder, nem o mais poliana dos torcedores ainda acredita na conquista do Brasileirão, então o foco do time e da torcida tem que estar, obrigatoriamente, nos dois mata-matas. As aspirações no Brasileirão, mesmo com toda a sua importância esportiva e financeira, devem ser reajustadas. A nova meta deve ser apenas o G4 – ou o G6, na pior das hipóteses.
As 25 partidas que restam devem ser disputadas sempre pensando nas copas – e isso inclui fazer testes e descansar os principais jogadores, se necessário – o que provavelmente implicará em novas derrotas teoricamente inaceitáveis. Só conseguiremos suportar isso se virarmos todo o foco e todas as expectativas para a Copa do Brasil e para a Libertadores.
Cuca reclama, com razão, da falta de tempo para treinos, já que tem que administrar os jogos, a recuperação física e as viagens em semanas sempre ocupadas duplamente. Não desfrutou de nenhuma semana livre para treinos desde que assumiu o time, no início de maio – e ele demonstrou sua preocupação com isso logo em sua primeira entrevista após ser recontratado. Só teremos desafogo no calendário nas duas paradas das Eliminatórias, entre 27 de agosto e 7 de setembro, e entre 1 e 12 de outubro. Os jogos pelo Brasileirão, se relegados a segundo plano, certamente diminuirão esse impacto.
Alerta vermelho
A situação é grave. No cenário mais pessimista, corremos o risco de ver o ano acabar no dia 9 de agosto, caso sejamos eliminados pelo Cruzeiro e pelo Barcelona. Com o alerta vermelho ligado, Cuca terá duas semanas para pensar em soluções táticas, testá-las e aprimorá-las, em meio a jogos contra Vitória (C), Flamengo (F) e Sport (F). Depois do jogo em Belo Horizonte, serão mais duas semanas para preparar o time para vencer o Barcelona por dois gols, passando por mais três jogos: Avaí (C), Botafogo (F) e Atlético-PR (C). Um caminho interessante parece jogar com o time completamente reserva aos finais de semana e só manter o ritmo do time principal a ser desenvolvido contra os dois cariocas.
Perder todos os campeonatos seria algo realmente frustrante diante de toda a expectativa criada. Depois de vencer o Brasileirão em 2016 e com a tão propagada saúde financeira, era de se esperar que o time seguisse na trajetória de títulos. Temos ainda a chance de levantar dois troféus – algo que qualquer um de nós toparia, sem vacilar, no início do ano. A questão é que o time atravessa um momento crítico e a confiança neste momento é muito pequena.
Inteligência
Futebol é muito dinâmico. As coisas mudam muito rápido e temos elementos para corrigir a rota. Mas isso exigirá alguns sacrifícios; temos que ter essa clarividência e não permitir que os pontos que ainda serão perdidos no Brasileiro se convertam em fatores de pressão. Desculpem pela redundância, mas o foco deve ser total em Cruzeiro e Barcelona.
Depois de percalços sérios (duas trocas de técnico e lesões importantes), estamos à beira do fracasso total em 2017, mas temos condições totais de lutar e reverter. A parte da torcida é apoiar – a pressão e a cobrança devem vir das pessoas que cercam o departamento de futebol em todas as suas instâncias, sobretudo do presidente, que mesmo à distância em sua curiosa licença deve estar acompanhando tudo o que acontece e tomando suas providências. Assim esperamos.
Na boa e na ruim
O Palmeiras nos deu muitas alegrias nos últimos dois anos. Estivemos na boa e aproveitamos bastante. Agora estamos na ruim, e é exatamente agora que se revelarão os torcedores que mais mereceram comemorar aqueles títulos. Segue o trabalho. VAMOS PALMEIRAS!