Com apenas três contratações confirmadas e mais duas ou três, no máximo, a serem anunciadas, o Palmeiras vai começar o ano com um elenco bastante coeso. Os atletas que entrarão em 2018 têm bagagens muito distintas, mas a maioria absoluta terá duas coisas em comum: qualidade técnica e tempo de casa, o que já faz do Palmeiras, de saída, um dos times de destaque do ano que vem.
Nossa torcida ainda traz vícios de uma época não muito distante, quando a solução para um time cujos resultados estavam aquém do esperado era “mandar todo mundo embora” e contratar, contratar, contratar. Essa tendência se tornou mais proeminente com a mal-interpretada baciada de 2015 – um movimento necessário para o momento estratégico do Palmeiras. Poucas vezes uma torcida ganhou tantos presentes de uma vez só.
Quando se troca praticamente todo o elenco, como era necessário acontecer com o de 2014, parte das contratações naturalmente não vingam e novas reposições são necessárias. Isso causou novos ciclos em 2016 e 2017 – não tão intensos como o de 2015, mas suficientes para manter nossa torcida mimada, à espera de novos e numerosos presentes a cada ano que começa.
A falta de títulos nesta temporada decorreu muito mais de erros estratégicos do que da qualidade do elenco, com uma ou outra ressalva – que já foram ou estão em vias de serem corrigidas. Iniciaremos 2018 com poucas, porém precisas contratações. O torcedor que vive inebriado por presentinhos novos, ainda mais por ser bombardeado pela imprensa sobre o demonizado poder financeiro do clube, vai ter que se contentar com uma quantidade menor para esta janela. Poucos, mas bons, ou ótimos – esperamos.
Uma nova fase
Fechando esse ciclo inicial, uma nova etapa que envolve a integração com a base deve ser iniciada e intensificada nos próximos anos. Paralelamente à recuperação do elenco, nossas categorias de base evoluíram assustadoramente – os títulos conquistados a rodo nesta temporada são apenas consequências de um trabalho magnífico que começou em 2013 e que agora rende seus frutos.
Boa parte das contratações com o perfil “jovens de destaque que podem crescer e se valorizar”, como Rodrigo, Erik e Hyoran, serão substituídas por promoções de meninos formados em casa, que já cresceram com o DNA do clube e que poderão evoluir para se tornarem titulares, com potencial real para se tornarem atletas dominantes.
Ao mesmo tempo, nota-se que essa integração vai ao encontro de um conceito maior ainda: o do desenvolvimento de uma identidade de longo prazo para o futebol do clube, já abordada neste post.
Essa é a tendência enquanto este projeto do futebol palmeirense, que entra em seu quarto ano de execução, estiver em vigor. Independiente de pessoas – presidentes e diretores passam; o clube permanece – o que importa é o conceito, que precisa estar cada vez mais enraizado e em constante adaptação às evoluções do mercado e, principalmente, do esporte.
Restabelecendo a ordem natural das coisas
Nossos torcedores, sobretudo os que estão abaixo da casa dos 30 anos, ainda não se acostumaram com isso. Tendo visto pouco ou nada dos times vencedores da década de 90, amam o Palmeiras mas cresceram assistindo a rivalidade entre SCCP e SPFC aumentar enquanto nosso time foi ficando de lado, em segundo plano – uma espécie de Santos – e a perda do respeito se espalhou por outros estados. O palmeirense, em pleno surgimento das redes sociais, virou uma espécie de primo revoltado da família.
Felizmente a ordem natural das coisas está voltando a se restabelecer. O Palmeiras, salvo dois hiatos assustadores nas décadas de 80 e 2000, retomou seu histórico posto de protagonista – e pela primeira vez, na era da internet e das zoações sem limites. As provocações, que antes eram quase em tom de piedade, novamente trazem embutidas a inveja de quem queria estar em nosso lugar. E quem também voltou a seu lugar histórico na escala foi o SPFC, que cada vez mais clona o que o Palmeiras fez de pior nos anos de dificuldades.
Nossa torcida – principalmente a ala mais jovem – só precisa aprender a viver nesta nova-velha realidade, entendendo exatamente como os rivais hoje nos enxergam e equilibrando a elevação da auto-estima com o repúdio à soberba. É questão de tempo.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
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