CBF libera áudios do VAR sobre o 1º gol anulado do Palmeiras contra o Santos; confira

VAR chamou o juiz Raphael Claus em lance discutível e que invalidou o primeiro gol do Palmeiras no jogo contra o Santos, durante partida válida pela trigésima rodada do Brasileirão 2021, na Vila Belmiro.
Cesar Greco

VAR chamou o juiz Raphael Claus para conferir um toque no braço de Dudu, na origem do gol

O Palmeiras foi até a Vila Belmiro para enfrentar o Santos, na tarde de ontem, e saiu vencedor do duelo por 2 a 0. Minutos antes de a equipe marcar o primeiro gol, com Rony, o próprio camisa 7 havia balançado as redes de João Paulo, porém o lance foi anulado.

A anulação do tento se deu por um toque involuntário de Dudu no começo da jogada. Em campo, o juiz Raphael Claus deixou o lance prosseguir, apesar de ter visto o toque. Na cabine do VAR, Rodrigo Guarizo chamou o árbitro principal para rever a jogada.

Na tarde desta segunda-feira, a CBF disponibilizou os áudios entre o VAR e o juiz de campo em seu site oficial.

Assim que o lance termina em gol, Guarizo diz: “Precisa ver se foi mão ou não. Ele tem vantagem… ele [Raphael Claus] vai ter de vir rever. Recomendo a revisão do toque de mão na bola ganhando vantagem”.

Revendo o lance, Claus avisa: “Braço aberto. Ele domina com o braço. Está com o braço aberto e ele fica com a bola. Vou sair com tiro livre indireto a favor da defesa”. E aponta a infração de Dudu.

O que diz a regra sobre a anulação desse gol pelo VAR e o juiz principal

De acordo com a regra, estabelecido pela IFAB (International Football Association Board), tocar a bola com a mão/braço é faltoso quando:

– Tocar a bola com sua mão/braço deliberadamente. Por exemplo, deslocando a mão/braço na direção à bola;

– Tocar a bola com sua mão/braço, quando sua mão/braço ampliar seu corpo de forma antinatural. Considera-se que um jogador amplia seu corpo de forma antinatural, quando a posição de sua mão/braço não é consequência do movimento ou quando a posição da mão/braço não pode ser justificada pelo movimento do corpo do jogador para aquela situação específica. Ao colocar a sua mão/braço em tal posição, o jogador assume o risco de sua mão/seu braço ser tocada pela bola e, portanto, deve ser punido;

– Marcar um gol na equipe adversária: diretamente do toque da bola em sua mão/braço, mesmo que acidentalmente, inclusive o goleiro; ou imediatamente após a bola tocar em sua mão/braço, mesmo que acidentalmente.

Conmebol descarta “invasão” de Deyverson; confira todo o lance analisado pelo VAR

Conmebol divulga áudios do VAR no gol do Palmeiras; “invasão” de Deyverson foi analisada.
Reprodução

Nas redes sociais, Deyverson ironizou o lance e provocou os rivais

O gol de empate do Palmeiras, marcado por Dudu, contra o Atlético-MG, causou agitação nas redes sociais não só pelo gol em si, mas também por conta do atacante Deyverson. O camisa 16 invadiu o gramado antes da jogada ser finalizada e isso causou irritação nos torcedores rivais, que queriam que o tento fosse anulado pela arbitragem.

Na tarde desta quarta-feira, a Conmebol divulgou, em seu site oficial, a conversa entre o árbitro de vídeo e o juiz de campo, Wilmar Roldán, sobre o lance. A invasão foi observada pela equipe de arbitragem e a decisão foi por advertir o atacante com o cartão amarelo.

A equipe do VAR analisou também outros dois momentos: a disputa envolvendo Gabriel Veron e Nathan Silva e um possível toque de mão de Dudu na jogada. Ambos os lances foram considerados limpos.

Confira a análise do VAR no lance do gol do Palmeiras; “invasão” de Deyverson foi descartada:

De acordo com o ex-árbitro Alfredo Loebeling, o gol não deveria ser anulado: “O gol, para mim, é legal. Realmente há a invasão do Deyverson, isso não tem a menor dúvida, uma atitude que considero totalmente desequilibrada para um profissional. Mas tem que analisar se teve uma participação ativa do Deyverson. O texto fala que o gol é ilegal, e o próprio texto, no parágrafo inicial, fala em tiro livro no local onde o agente externo participa da jogada. Onde que o Deyverson participa da jogada? Existe uma interpretação do texto buscando o espírito da regra. Não tem o menor sentido se você ler o primeiro parágrafo do que está na regra de dizer que o gol é irregular por causa disso. É absurdo. Ele tem que participar do jogo, e o Deyverson não participa do jogo”, disse ao Uol.

Queremos o VAR da Copa

Gol irregular de Rodrigo Lindoso
Reprodução

Os erros cometidos pelas arbitragens no Campeonato Brasileiro reacenderam as discussões acerca do sistema VAR – Video Assistant Referee. Erros grosseiros foram referendados pelos árbitros, mesmo consultando o vídeo por minutos a fio.

Na rodada de ontem, Flamengo e Internacional foram vergonhosamente beneficiados pelos árbitros. Coincidentemente, são dois clubes que podem ameaçar a disparada do Palmeiras na tabela.

No Beira-Rio, Rodrigo Lindoso abriu o placar na partida contra o Bahia ao receber a bola em impedimento claro. Claríssimo, sem sombra de dúvida. Depois de mais de cinco minutos de paralisação para consulta no VAR, o árbitro validou o gol.

Em Brasília, quando o jogo ainda estava 0 a 0, a bola disparada contra o gol de Diego Alves foi desviada pelo braço aberto de Willian Arão. Não há dúvidas ou discussão, o lance é claro. O árbitro consultou o vídeo e reiniciou a partida seis minutos depois, sem marcar o pênalti.

O problema não é o VAR

Pênalti de Arão não marcado
Reprodução

Esses erros retomam a discussão acerca do uso do VAR. Enquanto novidade, o sistema ainda gera discussões acaloradas, já que interfere significativamente na dinâmica das partidas.

Um dos argumentos contrários ao uso do sistema é que ele estaria “legitimando o erro” dos árbitros. Nada mais equivocado.

O VAR é um instrumento da arbitragem, assim como o apito, os cartões e as bandeirinhas. Quando um árbitro usa bem seus instrumentos, a arbitragem é perfeita. Os erros não foram cometidos por causa do VAR, e sim porque as pessoas que utilizaram o sistema o fizeram de forma grosseira.

Se os erros estivessem sendo “legitimados”, ninguém os estaria discutindo neste momento. O uso do VAR apenas torna mais escancarada a absoluta incompetência do corpo de arbitragem da CBF.

Tocar fogo no sofá

Na Copa do Mundo o sistema de vídeo funcionou de forma perfeita. Os árbitros não apenas corrigiram marcações equivocadas, fazendo justiça aos atletas e ao esporte, como o fizeram rapidamente, sem interferir demais na dinâmica do jogo. A ferramenta é, indiscutivelmente, um sucesso.

O VAR-jabuticaba da CBF não funciona corretamente por culpa das pessoas que o operam e não porque o sistema não presta.

O que precisa ser discutido não é a continuação do VAR, e sim a forma como é operado. Usar os erros dos árbitros para argumentar pelo fim do uso do VAR é exatamente igual a tocar fogo no sofá.

Os erros não ficam mais ou menos escancarados com o sistema. O que fica mais evidente é que há algo muito errado nas arbitragens. Antes, havia a desculpa de que os lances eram rápidos e que o olho humano pode cometer falhas. Agora os juízes erram mesmo podendo consultar o replay. Isso nos leva a duas hipóteses: ruindade extrema, ou má intenção. Ou as duas coisas.

O Palmeiras sempre foi um clube extremamente prejudicado pelas arbitragens e um sistema de vídeo só pode ser muito bem-vindo por nossa torcida. Resta agora pressionar em cima dos erros dos juízes mesmo utilizando a ferramenta.

Qual a desculpa agora? Por que os juízes erram tanto, mesmo vendo o replay dezenas de vezes? E por que demoram tanto para decidir? E por que não dão os devidos acréscimos ao final dos 45 minutos? O que faz afinal a Comissão de Arbitragens da CBF?

Se o VAR funcionou perfeitamente na Copa do Mundo, também pode funcionar aqui no Brasil. Interromper o uso do VAR é tudo o que os clubes usualmente favorecidos pelas arbitragens querem.

Queremos o VAR da Copa. Honesto, preciso e rápido. Pela bala que os clubes pagam para implantar o sistema, não é pedir muito.


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