Conselheiros do Palmeiras enviam proposta e cobram redução do número de vitalícios

Conselheiros do Palmeiras enviam proposta e cobram redução do número de vitalícios.
Fabio Menotti

Proposta indica reduzir para 100 a quantidade de conselheiros vitalícios; reunião acontece nesta segunda-feira

Na semana passada, cerca de 30 conselheiros de diversos grupos políticos do Palmeiras elaboraram e enviaram conjuntamente uma proposta de alteração estatutária para reduzir a quantidade de conselheiros vitalícios do clube. O projeto visa reduzir de 148, número atual de cadeiras vitalícias (124 ocupadas no momento), para 100.

O pedido foi uma contraproposta à convocação do Palmeiras para reunião desta segunda-feira que tratará do tema, com uma proposta considerada discreta, de redução para 120 cadeiras. Após o envio, dois representantes se reuniram com o presidente do Conselho Deliberativo, Seraphim Del Grande, para explicar a emenda apresentada, em busca de um consenso em torno de uma só proposta.

Del Grande avaliou o pedido e dias depois encaminhou aos conselheiros uma nova formatação para a votação, com três alternativas distintas, algo que provocou descontentamento. De acordo com os 30 conselheiros, a proposta dos Poderes do Palmeiras é considerada tímida e não respeita o desejo do associado, que por duas oportunidades votou em peso pela opção que reduziria as cadeiras a 100.

Veja as propostas que estão em pauta:

  • Redução imediata do número de vitalícios para 130, com redução para 120 em dois anos e aumento de 152 para 180 o número de conselheiros eleitos pelos associados;
  • Redução imediata do número de vitalícios para 120, sem aumento do número de conselheiros eleitos pelos associados;
  • Redução imediata do número de vitalícios para 100, sem aumento do número de conselheiros eleitos pelos associados;

“Enquanto conselheiros, nosso papel é o de representar o interesse do associado. Nossa proposta era a única que respeitava isso, mas agora está sendo usada para confundir ainda mais”, relatou Antônio do Rosário, do Grupo Academia, um dos signatários da nova proposta.

O grupo se diz empenhado em reduzir o número de vitalícios e espera que a presidência do Conselho proponha uma solução única e que contemple todas as vozes, até a hora da votação. Eles destacam também uma mudança de prática de Seraphim Del Grande, que avisou que não levará nenhuma proposta que não atinja a aprovação dentro do CD ao associado.

Redução de conselheiros vitalícios é debatida há anos no Palmeiras

A redução no quadro de vitalícios é algo que já vem sendo discutido nos bastidores do clube há pelo menos 20 anos, mas tais cadeiras permanecem sendo uma importante moeda de troca no jogo político do clube.

É na eleição de vitalícios que o toma-lá-dá-cá entre os grupos políticos se renova e os grupos majoritários não querem perder esse poder sobre os menores, cujos membros acabam se rendendo aos maiores em troca de nunca mais terem que disputar uma eleição para conselheiro.

Em 2019, o Conselho Deliberativo recusou duas propostas de diminuição de vagas vitalícias (uma para 120 e outra para 100).

Caso a emenda seja aprovada pelo CD, deverá ser ratificada por mais 50% dos sócios em Assembleia Geral. Se rejeitada, poderá ainda assim ser aprovada, mas precisaria, por regra estatutária, da aprovação de mais de dois terços dos sócios presentes em Assembleia Geral.

Entrevista: Conselheiro Luiz Fernando Marrey Moncau

O Verdazzo entrevistou o conselheiro da SEP Luiz Fernando Marrey Moncau, que mantém uma conta no Twitter bastante ativa – @vaiparmera.

Nesta entrevista, conversamos sobre a última reunião do Conselho Deliberativo, o modelo de votação definido pelo Presidente do Conselho e sobre o documento que regulamenta tudo isso, o Estatuto do clube. Confira abaixo.


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Conselho aprova “Emenda Leila” e mandato do presidente será de três anos

Leila PereiraO Conselho Deliberativo do Palmeiras votou ontem textos para mais uma mudança estatutária. O ponto mais importante foi a alteração da duração do mandato do presidente, que passa de dois para três anos.

Como já vem sendo dito aqui nos posts do Verdazzo há anos, essa é uma das alterações mais importantes que era necessário fazer em nosso estatuto. O mandato curto, de dois anos, exige que o toma-lá-dá-cá prevaleça na vida do clube quase que constantemente, para que quem concentra capital político sustente seu poder.

Exatamente por isso, enquanto Mustafá Contursi deu as cartas no clube, esse ponto do estatuto jamais foi tocado. Agora, que ele encontrou uma adversária política do mesmo calibre, as coisas mudaram. A emenda, que precisava de 141 votos, teve 143 e foi aprovada. Uma derrota monstruosa de Mustafá; e uma demonstração de força imensa de Leila Pereira, que assim abreviou em mais um ano seu tempo de espera para se candidatar à presidência do clube.

Mustafá Contursi definha no Conselho Deliberativo, mas ainda tem força no COF. Grandes operações econômicas ainda podem ser contestadas e barradas por ele. Mas com a saúde financeira que o clube se encontra, a tendência é de que o velho manda-chuva finalmente vista seus pijamas e calce suas pantufas. E isso é muito bom.

Virada nos acréscimos

Informalmente, os grupos políticos do Palmeiras mantêm mapas em suas pranchetas com a tendência das votações mais importantes. Os placares ao final da última semana apontavam para a barração da alteração estatutária com alguma margem – de cinco a dez votos de folga.

No final de semana, provavelmente diante de todo o poder de persuasão de Leila Pereira, o jogo virou. Interessante notar que um grupo tido como progressista, que havia anunciado que votaria contra a mudança, teve quatro de seus cinco conselheiros repentinamente votando a favor da alteração. Democracia é isso.

Rei morto; rei posto

A ascensão de Leila Pereira é impressionante. Rapidamente, a empresária saiu do completo anonimato, em janeiro de 2015, para favorita à cadeira da presidência em 2021, para provavelmente assumir o cargo em janeiro de 2022 – Maurício Galiotte deve concorrer à reeleição em novembro próximo, já contemplando os três anos de mandato.

A conselheira tem muitos méritos. É conhecida como “trator”, expressão bastante comum no meio corporativo para designar profissionais que passam por cima das dificuldades para conseguir o que precisam, nas empresas que comanda. É muito bem sucedida e não precisa se apropriar do dinheiro do Palmeiras para ser feliz – ao contrário, direciona boa parte da verba publicitária de suas empresas para o clube. É verdade que consegue ótimos abatimentos em suas obrigações tributárias com essa prática, mas isso não diminui o bem que faz ao clube.

#sejasocioavantiMas Leila tem características pessoais que torna temerário o acúmulo de poder – presidente e patrocinadora – em suas mãos. Basta lembrar que, por promover o Avanti no lugar do nome dos jogadores em março de 2016, o Palmeiras sofreu represálias da patrocinadora, que deixou de fazer os pagamentos mensais, prejudicando o fluxo de caixa do clube que diz amar. O Avanti é a fonte de renda mais importante do Palmeiras, mas ela não abriu mão do que achava ter direito. O contrato foi ajustado e a situação se normalizou, mas o trator colocou uma roda em cima do clube.

O estatuto do clube prevê a trajetória que uma pessoa qualquer precisa, a partir do momento em que fica sócia, percorrer para chegar a presidência. Até a década passada, eram necessários pelo menos onze anos de clube para aspirar ao cargo máximo. Um tempo exagerado, mas que era imposto por quem mantinha o poder no clube. Com sucessivas manobras, Leila triturou essas carências e abreviou o tempo com um cacife político inédito. O estatuto do Palmeiras permitiu que uma milionária chegasse do nada e rapidamente tomasse o clube para si. Os conselheiros, que ainda poderiam ser a defesa final do clube para essa temeridade, baixaram a ponte levadiça. Leila, como uma conquistadora, entrou com tudo.

Os vitalícios permanecem

Mustafá Contursi
Keiny Andrade/Folhapress

Outro ponto delicado da reforma estatutária foi a diminuição do peso dos conselheiros vitalícios na estrutura do Conselho Deliberativo. Havia uma proposta para diminuir de 148 para 100 cadeiras dessa categoria, o que faria que o número de conselheiros eleitos a cada quatro anos subisse dos atuais 152 para 200. A proposta foi rejeitada e tudo segue como antes.

Mustafá, afinal, ainda respira por aparelhos.

É hora de pensar em precauções

A Assembleia Geral de sócios ainda pode barrar as decisões do Conselho, mas para isso são necessários 2/3 do quórum e a chance disso acontecer é bem pequena. Serão três anos e meio até que a candidatura de Leila vá às urnas, e o Palmeiras precisa se precaver ao máximo das consequências que uma administração possivelmente centralizadora pode ter.

É hora de discutir, por exemplo, a instituição de um limite na fatia do patrocínio dentro do orçamento. Não se trata de recusar dinheiro; ao contrário, é uma forma de estimular os esforços para que as outras receitas cresçam. Eleita ou não presidente, um dia Leila Pereira vai retirar o patrocínio da Crefisa.

É para evitar que um movimento abrupto desse leve o Palmeiras a uma situação semelhante à do Fluminense pós-Unimed que algum mecanismo de defesa tem que ser criado. O clube precisa incrementar ainda mais as receitas do Avanti; as bilheterias precisam continuar vultosas e outras iniciativas de marketing precisam ser exploradas para que não se estabeleça uma perigosa e indesejável dependência da Crefisa.

Leila Pereira, para ser uma grande presidente, deve fazer uma gestão baseada em ações inovadoras, não em política apoiada em seu poderio econômico, para manter o Palmeiras forte dentro e fora de campo. Caso eleita, ao final de seus três (ou seis) anos, precisa deixar o clube saudável financeiramente e estruturado para a saída de suas empresas, se assim desejar. Patrocinador forte só funciona num clube forte.

O Verdazzo e toda a mídia palestrina torcem para que a eleição deste ano seja limpa e justa; assim como a de 2021 e de 2024; permaneceremos atentos, trazendo à luz todos os movimentos, para que a torcida do Palmeiras esteja sempre ciente da situação e dos eventuais perigos que se avizinhem.


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Entrevista: conselheiro Marcio D’Andrea

Na noite de quinta-feira, o Verdazzo entrevistou o conselheiro Marcio D’Andrea, que participou ativamente do planejamento e da execução na gestão 2013-2016 e que traz sua visão sobre o atual momento do futebol de da política do Palmeiras.

As críticas, como é padrão aqui no Verdazzo, são feitas com responsabilidade e em tom construtivo, como acreditamos que a Política, com “P” de Palmeiras maiúsculo, deve ser feita.

Aproveitem!

Palmeiras estuda nova e perigosa alteração estatutária

Maurício Galiotte
Divulgação

O Conselho Deliberativo do Palmeiras estuda nova alteração estatutária a ser votada nas próximas semanas. O principal ponto a ser apreciado pelo Conselho, posteriormente pela Assembleia Geral é a mudança da duração do mandato do presidente do clube, passando de dois para três anos.

A duração do mandato do presidente sempre foi um dos maiores entraves para a vida política do clube. Uma gestão de dois anos faz o presidente ter praticamente metade de seu mandato em ano eleitoral – algo que notoriamente dispersa a atenção e o foco no que realmente interessa, o futebol. Como no primeiro ano o presidente ainda está se inteirando dos fatos e implantando seus projetos, resta pouco tempo para que o clube seja gerido com 100% da atenção que necessita. Um mandato de três anos dá muito mais tranquilidade para que o trabalho, cada vez mais profissionalizado, seja bem desenvolvido.

Um dos argumentos contrários à mudança prega que, com um prazo maior, os prejuízos de se ter um novo Tirone como presidente seriam muito maiores. O que é uma enorme verdade.

Mas não é por causa desse risco que se deve recuar diante da mudança que se desenha. O Palmeiras tem que cuidar mais ainda para não colocar no cargo algum inepto. A eleição ficará mais séria ainda do que já é. Não podemos nos furtar a fazer o certo por medo de não sermos capazes de evitar que se repita o desastre de se eleger alguém com pouco comprometimento com nossas cores. Não é este o perigo.

A coisa certa, ao tempo certo

Ao mesmo tempo que precisa corrigir esta falha em sua estrutura política, o Palmeiras precisa respeitar o tempo para que as alterações não pareçam casuístas. A partir do momento em que a alteração for feita, é preciso guardar pelo menos um ano para que a uma eleição contemple os efeitos dessa mudança. A eleição presidencial para novembro próximo não pode dar já ao próximo mandato a extensão do tempo.

O correto é que a eleição de 2018 permaneça dando ao eleito uma gestão até o fim de 2020; a eleição em novembro de 2020 é que elegeria o primeiro presidente com mandato trienal.

O histórico escancara a manobra

Leila Pereira em campanha
Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Depois de reduzir de oito para quatro anos como conselheiro o prazo para poder se candidatar à presidência, o Palmeiras pretende afrouxar ainda mais os pré-requisitos. Se o mandato de três anos for aprovado já para 2018, os conselheiros eleitos em 2017 serão os maiores favorecidos.

Pelo texto atual do Estatuto do Palmeiras, é necessário que um conselheiro tenha um mandato completo (quatro anos) para concorrer à presidência do clube – este prazo foi reduzido pela metade na última alteração estatutária, fato incomum na conservadora política do clube, que sempre preferiu períodos mais longos para afastar “aventureiros” do comando alviverde.

Se o eleito em novembro próximo já tiver um mandato de três anos, ele entregará o cargo em dezembro de 2021; os conselheiros eleitos em fevereiro de 2017 já terão completado seus mandatos de quatro anos e poderão assim ser candidatos ao cargo máximo do clube.

A alteração, a toque de caixa, é claramente casuísta e visa facilitar para que Leila Pereira seja candidata a presidente do clube em novembro de 2021. O Palmeiras, desta forma, entregaria as decisões do futebol do clube a quem coloca dinheiro no clube, num evidente e perigoso conflito ético.

Até a eleição de 2015, eram necessários pelo menos onze anos como sócio do clube para ser candidato à presidência: além dos dois mandatos de quatro anos como conselheiro, havia ainda a carência inicial para que o associado recém-admitido pudesse concorrer ao Conselho. Como num passe de mágica, uma associada de 2015 teve sua data inicial alterada para 1996, e poderá, apenas seis anos depois de confeccionar sua primeira carteirinha, ocupar a cadeira mais importante do mundo.

Se começa errado, acaba errado

Mauricio Galliote e Leila PereiraÉ evidente que o ritmo acelerado com que as coisas acontecem para favorecer Leila Pereira em sua caminhada ao poder num ambiente tão conservador como o Palmeiras mostra que houve algum catalisador no processo – e é pouco provável que tenha sido apenas o carisma da dona das empresas que patrocinam o clube.

Os benefícios de se ter os cofres sempre cheios possibilitam ao clube montar um elenco poderosíssimo. Mas isso, como vimos nos últimos dois campeonatos, não são suficientes para erguer troféus. Um patrocinador forte é capaz de reequilibrar a balança na briga com os dois clubes favorecidos pela rede de televisão detentora dos direitos de transmissão, mas se a gestão do clube não for focada em futebol, o mais provável é que sigamos ouvindo na imprensa que o clube deixou de ganhar campeonatos “apesar do alto investimento”.

A Crefisa e a FAM são parceiros excepcionais do clube e devem ser tratados com o máximo respeito e consideração, mas há linhas que não podem ser rompidas. O presidente do Palmeiras tem que ser uma pessoa ligada ao futebol e com raízes no clube. E isso só o tempo provém. Quem pega atalhos, além de não acumular a bagagem necessária, usa de meios questionáveis para atingir seus fins – algo que hoje repudiamos em nosso inimigo, ex-rival, e que não queremos ver por aqui.

A função do patrocinador é patrocinar; apoiar financeiramente em troca de visibilidade para seus produtos e serviços. Esse é o acordo – ou pelo menos, deveria ter sido. É perfeitamente lícito a qualquer empresário ter ambições políticas num clube de futebol, desde que, a partir do momento que assumir essa ambição, cesse qualquer relacionamento financeiro entre as partes.

Até porque, a partir do momento em que os bolsos da presidente e da patrocinadora forem os mesmos, o modelo de receita do clube tende a ser cada vez mais concentrado, tornando o Palmeiras refém de sua patrocinadora/presidente, cujo temperamento instável já rendeu até ameaças de “patrocinar o Flamengo, que tem mais visibilidade” em outros episódios.

Uma Leila presidente que acumule a função de patrocinadora não serve. Ao alterar o sólido modelo de receita construído nas últimas gestões, torna-lo-á frágil, dependente de sua vontade e de seu humor. Possivelmente será soberana, totalitária, como já é em sua empresa. A ética terá ido para o espaço. E quando romper o vínculo, jogará o clube em situação de penúria – algo semelhante ao que ocorre atualmente com o Fluminense, após a saída da Unimed.

Alexandre Mattos e Mauricio Galiotte

Uma Leila presidente, sem o patrocínio da Crefisa e cheia de ética, deve ser apenas melhor que o Tirone, a despeito de sua suposta competência como gestora de uma empresa financeira – a não ser que percorra o tempo necessário como sócia e conselheira para aprender como funciona o meioe isso pressupõe que não pegue (mais) atalhos. E que ninguém se iluda que apenas “ter o Mattos a seu lado” será suficiente. Alexandre Mattos é um comerciante excepcional; ele compra e vende jogadores por valores fantásticos e consegue ótimos acordos. Mas não é exatamente um montador de elencos brilhante; é preciso gente notoriamente do ramo para balizá-lo, além da grana de um novo patrocinador. Uma equipe improvável.

É por tudo isso que, se o clube alterar o mandato para a presidência para três anos já a partir da eleição de 2018, estará dando um passo perigosíssimo e colocando em risco todos os avanços que conquistamos nos últimos anos. Três anos, sim – mas só a partir de 2020. CUIDADO PALMEIRAS!


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