“Devolvam esse Borja!”

César Greco / Ag.Palmeiras

Miguel Borja foi o reforço mais caro do Palmeiras para a temporada. O atacante colombiano de 24 anos teve grande destaque na campanha do Atlético Nacional na conquista da Libertadores do ano passado e o Verdão investiu mais de US$ 10 milhões em sua contratação.

Nas duas primeiras partidas, o cartão de visitas: um gol com pouco mais de dez minutos em campo, contra a Ferroviária, decidiu um jogo que estava ficando complicado; e contra o Red Bull, foi mais uma vez às redes no lance final do jogo. Em 65 minutos em campo, totalizando 37 segundos com a bola no pé, meteu dois gols.

Mais do que os gols, sua postura em campo é claramente diferenciada. Borja é forte fisicamente, ganha sem muita dificuldade as disputas com os zagueiros adversários; demonstrou excelente coordenação e tempo de passadas para equilibrar o corpo e fazer a finalização da melhor forma possível, e uma ótima pontaria – os dois gols marcados mostraram enorme precisão. Na verdade, todas essas qualidades saltam aos olhos e é desnecessário ressaltá-las ao leitor mais atento.

Mas no último jogo a bola não entrou. Borja teve três chances claras de gol e falhou em todas:

  • na primeira, bateu de chapa, de primeira, após cruzamento rasteiro de Keno; pegou Lucchetti no contrapé mas o goleiro fez o milagre ao se contorcer todo e espalmar a bola;
  • na segunda, Dudu deu um passe açucarado para o colombiano, que estava mais aberto pela esquerda – deixando claro que não é jogador que fica fixo no meio dos zagueiros. Borja cortou pelo meio, tirou do zagueiro com muita facilidade e soltou o canudo com a direita – a bola bateu na orelha de Lucchetti, que virou o rosto para o lado;
  • na terceira, no segundo tempo, mais uma vez Dudu serviu o camisa 12, que ajeitou rapidamente o corpo dentro da área e teve tudo para fazer o segundo gol, mas ao bater de curva no canto direito de Lucchetti tirou demais e a bola saiu raspando a trave.

Foram três finalizações de gente grande. A maioria delas nem teria acontecido ou não teria levado perigo, fosse Borja um atacante comum. Mas isso não importa para a torcida do Palmeiras nas redes sociais.

A cornetagem em cima do colombiano, que aconteceu sobretudo no Twitter, foi insana. Os próprios palmeirenses que pediram, no calor do jogo e das chances desperdiçadas, que ele fosse devolvido para a Colômbia ou vendido, admitem que as postagens não devem ser levadas a sério.

Qualquer pessoa razoável consegue separar postagens feitas na emoção de opiniões que mereçam maior consideração. Os tweets tem carimbo de data e hora, é fácil saber quando o torcedor está usando o cérebro ou a ponta do dedão do pé para decidir o que tuitar. Mas nem todo mundo tem o cuidado de verificar o momento da postagem e as consequências dos tweets viram interações que beiram o absurdo.

Há também os tweets que são reflexos amplificados daquela opinião com a qual o autor já casou. Ele decidiu que odeia determinado jogador, e mesmo numa noite em que o dito tem uma boa atuação, ele espera o primeiro toque errado na bola para descarregar no teclado toda sua revolta.

Ligar para a ex, de madrugada, bêbado

Tuitar durante um jogo, sobretudo em momentos tensos, é uma ideia tão boa quanto ligar para a ex de madrugada, bêbado, depois de uma balada com o placar zerado. Há quem goste de viver esse tipo de emoção.

Cabe a quem está lendo dar todo o tipo de desconto e não entrar na onda. Vale sempre uma checada no perfil do autor, se o tweet realmente chamou sua atenção – muitas vezes é apenas um troll. Mesmo operando há mais de dez anos, o Twitter ainda é mal utilizado por muita gente por pura falta de entendimento da ferramenta – por quem escreve, por quem lê e por quem se dá o direito de julgar.

Filtro ligado é fundamental. Não fosse por ele, e o Borja já poderia começar a pensar em jogar no SCCP ou no Flamengo. Que tal?

Este Palmeiras não tem queixo de vidro

Thiago Santos
César Greco / Ag.Palmeiras

A estreia na Libertadores, como não poderia deixar de ser, foi bastante nervosa e…

Peraí! Como assim “não poderia deixar de ser”? O jogo não se mostrou nervoso; quem estava nervoso, muito em razão da ansiedade, foi o Palmeiras. E essa ansiedade certamente é resultado da pressão colocada pela imprensa e de nossa própria torcida, diante dos investimentos e da expectativa. Mesmo um time experiente e “cascudo” como o nosso sente a estreia. Infelizmente, custou caro; Vitor Hugo teve uma pane mental, acabou expulso e prejudicou todo o plano de jogo.

Pior: o Palmeiras tomou um gol logo em seguida e um jogo que estava controlado quase se tornou um pesadelo. Nosso time viu-se como um boxeador encurralado no corner, tomando uma saraivada de golpes, tentando resistir até o gongo soar.

Pois o Palmeiras resistiu por uns bons cinco minutos. Os duros golpes foram assimilados e o time colocou a bola no chão. Mesmo diante de um estádio inflamado pela expulsão e pelo gol, o time teve personalidade para não sucumbir, se reorganizou e buscou o empate ainda no primeiro tempo. E ainda teve mais chances claras de marcar gols, todas com Borja, que mostrou que também é humano e erra.

Escolhas erradas e excesso de respeito

O Palmeiras esperava um Tucumán agressivo e se preparou para isso. Quando a bola rolou, encontrou um time extremamente respeitoso e demorou mais de 15 minutos para entender que deveria tomar a iniciativa do jogo. Na verdade, os dois times se respeitaram demais.

Eduardo fez a leitura errada de como iniciar a partida, mas convenhamos: a maioria absoluta de nós também imaginava que os argentinos viriam para o abafa. Enxergávamos o Tucumán como uma espécie de Paysandu, mas na verdade, era menor ainda; algo como um Comercial do Piauí, aquele que o Adriano Michael Jackson fez 4 gols no Pacaembu. Para eles, a glória não era ganhar o jogo: ela já havia sido alcançada só de entrar em campo para jogar contra el poderoso Palmeiras de Brasil.

A mexida

A substituição-chave é controversa. Eduardo poderia ter simplesmente recuado Thiago Santos para a zaga. Tanto poderia ter ganho, quanto exposto demais o time e perdido. Assim como uma bola marota poderia ter dado a vitória ao time da casa – por exemplo, a espanada de Antônio Carlos que foi a escanteio. Muitos “ses”, muitos detalhes definiram o resultado de ontem – e definiriam o placar também no caso da escolha ter sido outra. De forma alguma se pode enxovalhar o treinador pela decisão tomada, num espaço de tempo tão curto. Seria o caso, se o Palmeiras tivesse tomado um baile de bola. Definitivamente não foi o que aconteceu.

É bem mais saudável enxergar os pontos positivos. Já vimos o Palmeiras entrar em parafuso ao tomar um gol e sofrer goleadas dolorosas. Ontem a situação ficou propícia para mais um daqueles desastres, mas esse time mostrou que não tem queixo de vidro e não vai à lona logo no primeiro golpe. Isso deve ser muito valorizado. A ansiedade da estreia já passou e o time vai se encaixando – talvez mais lentamente do que gostaríamos, mas segue em evolução. A impressão segue positiva e, apesar de uma minoria barulhenta e corneteira, a maioria silenciosa segue confiante e apoiando. VAMOS PALMEIRAS!

Palmeiras define lista dos 30 da Libertadores com dois atletas da base

Vitão e Léo Passos
César Greco / Ag.Palmeiras

O Palmeiras definiu ontem os 30 inscritos para a primeira fase da Libertadores. Dos 31 atletas do elenco principal do Palmeiras, três atletas ficaram de fora: Daniel Fuzato, o quarto goleiro, e Thiago Martins e Moisés, ambos em recuperação de lesões pelo menos até agosto.

Nos lugares dos lesionados, foram inscritos dois jogadores da base: Vitão, zagueiro que está com a seleção sub-17 no Sul-Americano, ficou com a camisa 13, e a camisa 10 de Moisés está sendo guardada por Léo Passos, um dos destaques do Palmeiras na Copinha.

A fase de grupos se estenderá até o dia 24 de maio, e a partir daí o Palmeiras poderá trocar até três jogadores. O calendário da Libertadores prevê as oitavas-de-finais para o mês de julho.   As quartas, entretanto, estão agendadas apenas para setembro. Isso significa que, para a reta final da competição, se tudo correr bem, poderemos contar com os dois atletas.

Confira a lista inscrita junto à Conmebol:

  1. Fernando Prass
  2. Jean
  3. Edu Dracena
  4. Vitor Hugo
  5. Arouca
  6. Egídio
  7. Dudu
  8. Tchê Tchê
  9. Alecsandro
  10. Léo Passos
  11. Zé Roberto
  12. Borja
  13. Vitão
  14. Jailson
  15. Michel Bastos
  16. Vitinho
  17. Erik
  18. Guerra
  19. Rafael Marques
  20. Raphael Veiga
  21. Thiago Santos
  22. Fabiano
  23. Roger Guedes
  24. Vinicius Silvestre
  25. Antônio Carlos
  26. Mina
  27. Keno
  28. Hyoran
  29. Willian
  30. Felipe Melo

Conselho

Leila Pereira em campanha
Sergio Barzaghi/Gazeta Press

O Conselho Deliberativo do Palmeiras ratificou ontem a eleição de Leila Pereira, cuja candidatura teve pedido de impugnação impetrado por vários sócios do clube. Mesmo sem documento comprobatório de seu título de sócia benemérita com data de 1996, os conselheiros rejeitaram, por aclamação, o pedido.

O método de aclamação é uma velha artimanha usada no Conselho do Palmeiras quando não se quer comprometer os votantes. O Presidente do Conselho tem a prerrogativa de conduzir os ritos das reuniões e de definir o método de cada votação. Antônio Augusto Pompeu de Toledo quebrou o galho dos colegas e permitiu que o delicado assunto fosse definido no “senta-levanta”. Como o número de conselheiros contrários à impugnação era muito grande, ficou fácil legitimar a recusa sem dedurar ninguém, como aconteceu na votação que absolveu Arnaldo Tirone de má gestão.

Em seguida, os conselheiros elegeram os novos presidentes e vice do Conselho. Conforme esperado, Seraphim Del Grande e Carlos Faedo foram eleitos, com o apoio de Mustafá Contursi.

Foi mais uma noite muito triste na História do Palmeiras.

Thiago Martins sofre séria lesão e é mais um aos cuidados do “novo” departamento médico do Palmeiras

Thiago Martins
César Greco / Ag.Palmeiras / Divulgação

O zagueiro Thiago Martins sofreu uma séria lesão no joelho esquerdo e deve ficar de fora das atividades com bola por até seis meses. No jogo-treino contra o Jabaquara, realizado no sábado, o zagueiro teve o ligamento cruzado anterior rompido. Ele se junta a Moisés, também com uma lesão grave de joelho, nas sessões de tratamento e fisioterapia que devem começar após a necessária intervenção cirúrgica.

As duas ocorrências colocam à prova os médicos promovidos das divisões de base no início do ano, após as demissões de Rubens Sampaio, Vinicius Martins e Otávio Vilhena. O departamento hoje é coordenado pelo dr. Gustavo Magliocca, que comanda uma equipe de médicos e fisioterapeutas bastante jovens – o mais experiente tem 37 anos de idade.

Sem qualquer conhecimento na área médica, não temos a menor condição de julgar seu trabalho. A única forma de criarmos qualquer juízo é pelos resultados e pelo tempo de recuperação – e mesmo assim, continua sendo mero palpite, pois não temos elementos para avaliar se determinada recuperação foi rápida ou lenta. Cada caso é um caso.

Resta, à distância, torcer para que as escolhas do presidente Maurício Galiotte, tanto na demissão quanto na promoção, tenham sido acertadas, e que a jovem equipe dê conta da responsabilidade de recuperar os atletas do Palmeiras o mais rápido possível, dando-lhes plena condição de performar em alto nível sem risco de reincidência.

“Elenco inchado”

A perda de Thiago Martins traz mais uma vez à tona as críticas da imprensa ao elenco supostamente inchado do Palmeiras. Com cinco zagueiros no elenco, o clube se vê num dilema entre ir ao mercado para repor a perda ou apostar em Augusto, um dos destaques do time sub-20 nas últimas temporadas e que completa 20 anos no próximo mês.

No ano passado,  o time contou com cinco zagueiros. Roger Carvalho, o quinto zagueiro, jogou apenas sete partidas, todas no início da temporada, enquanto Marcelo Oliveira estava ainda testando o elenco para definir os titulares.

Com quatro zagueiros, sendo três de nível comprovadamente superior (Mina, Vitor Hugo e Dracena), os riscos de desfalque são aceitáveis num primeiro momento. Antônio Carlos tem um excelente porte físico e fez uma boa temporada na Ponte Preta em 2016, e em princípio merece nossa confiança. E em caso de necessidade, caso Augusto não conquiste a confiança do treinador, tanto Fabiano quanto Thiago Santos podem quebrar o galho no decorrer de um jogo.

Alexandre Mattos, no entanto, certamente está com o radar ligado. No caso de uma infeliz coincidência de perdermos mais um zagueiro por um longo período, a busca por um reforço será inevitável.

“Acaso” exagerando contra nós

Depois de duas perdas por lesão grave de joelho, temos que torcer para que o “acaso” nos dê uma folga. A se verificar a forma como se deu a lesão de Thiago Martins; a perda será mais fácil de engolir em caso de uma torção por obra do acaso, por uma infelicidade na movimentação. Será inaceitável que tenha sido causada por uma entrada estabanada por um jogador do Jabaquara num mero jogo treino.

Criticamos os estaduais por expor nossos jogadores a esse tipo de situação, e será inadmissível que haja uma ocorrência dessa gravidade numa atividade interna por ocasião de um choque.

Conselho deve escrever amanhã mais uma página vergonhosa na História do Palmeiras

Lamacchia, Mustafá e Leila PereiraO Conselho Deliberativo escreverá na noite desta segunda-feira mais uma página que tem tudo para ser vergonhosa na História do clube.  Se as projeções se confirmarem, a candidatura de Leila Pereira, autorizada após uma canetada que se baseou numa memória obscura do ex-presidente Mustafá Contursi, não será impugnada e a dona da Crefisa, patrocinadora do futebol profissional, poderá seguir sua caminhada rumo à presidência do clube.

Como é sabido, Leila Pereira admitiu em entrevista ao jornal Diário de São Paulo, em 2015, que havia ficado sócia há poucos anos e negou ter planos políticos no clube. Repentinamente, lançou sua candidatura, na chapa de Mustafá. Investiu bastante na campanha, com montagem de comitê na rua Palestra e jantares com Uber pago para quem quisesse. Diante de tanta popularidade, recebeu uma votação expressiva, a maior da História, e carregou consigo mais oito ou dez conselheiros que não se elegeriam não fosse o quociente eleitoral que a chapa conseguiu graças ao peso de sua eleição. O chamado efeito Tiririca.

Para que sua candidatura obedecesse ao que determina o estatuto do clube, o tempo de associação de Leila ao clube foi acrescido de quase 20 anos – segundo uma lembrança de Mustafá, ele havia concedido o título de sócia benemérita a Leila em 1996, quando era presidente, embora não haja nenhum documento atestando o fato.

Com o patrocínio sem a certeza de renovação e precisando do apoio de Mustafá para conseguir governabilidade, o presidente Maurício Galiotte ficou com a faca no pescoço e autorizou a candidatura mesmo sem a documentação apropriada. Dias depois da homologação, a Crefisa anunciou a permanência do patrocínio.

Vários associados, entretanto, entraram com o pedido de impugnação da candidatura, o que será julgado na noite desta segunda-feira. A principal batalha deve ser pela forma de votação: voto aberto no microfone, ou na urna. Por transparência, a comunidade palmeirense exige voto aberto. Se os conselheiros tiverem mesmo a coragem de compactuar com essa mácula a nosso estatuto, que tenham também a hombridade de terem seus nomes expostos pela eternidade.

Presidência do Conselho

Na sequência acontecerá uma nova reunião, já com os novos conselheiros eleitos exercendo seus direitos de voto pela primeira vez, com a missão de eleger o presidente do Conselho Deliberativo. O favorito é Seraphim Del Grande, fundador da UVB, aliada de Mustafá.

Vice-presidente do clube na década de 90, Seraphim foi traído por Mustafá, que não permitiu que ele fosse o candidato a presidente após seus dois primeiros mandatos, permanecendo no cargo após uma sequência de manobras políticas e de alterações no estatuto. Seraphim então fundou a UVB, cuja bandeira principal sempre foi fazer oposição a Mustafá. Hoje, o grupo se curva ao velho cardeal.

Concorrem com Seraphim dois candidatos: José Apparecido, da Confraria Palestrina, e Sylvio Mukai, da UVB. Mukai é inexpressivo e sua candidatura serve apenas para escamotear a subserviência da UVB a Mustafá. Como Seraphim não precisará dos votos da legenda para se eleger, Mukai foi lançado. Já Apparecido, do grupo Confraria Palestrina, representa os anseios de renovação no Conselho, que precisa de alguém livre de amarras para comandar os ritos das reuniões.

Também será escolhido o vice-presidente: Concorrem o mustafista Carlos Faedo, o UVBista Tarso Gouveia e Guilherme Pereira, da Chapa Palestra. Este último, pelos mesmos motivos que o Verdazzo declara apoio a José Apparecido à presidência, é merecedor de toda nossa torcida – e ao contrário da eleição principal, as cartas para o vice-presidente não estão tão marcadas e pode haver surpresa.

Acordões

Acordos feitos entre as principais lideranças políticas do clube indicam que o mandato de Leila Pereira não corre perigo algum e que a chapa de Mustafá manterá todos os seus recém-eleitos. Seraphim Del Grande deve ser facilmente eleito. A noite desta segunda-feira tem tudo para ser uma das mais vergonhosas da História do clube.

Resta a esperança de que os votos sejam abertos, e que quem optar por subscrever a vergonhosa candidatura, forjada por uma conveniente lembrança, tenha seu nome exposto a toda a comunidade palmeirense.