Estreia da produção pela Conmebol aconteceu no dia em que marcou um ano da conquista do Palmeiras sobre o Flamengo
No domingo, completou-se um ano da conquista do tricampeonato da Libertadores do Palmeiras, sobre o Flamengo. Em celebração à data, a Conmebol lançou o documentário ‘Cabeça Fria e Coração Quente’, que mostra imagens, bastidores e entrevistas dos principais personagens da conquista palmeirense.
“Como é que se define um ídolo? Eu me pergunto isso. Pelas conquistas, pelo que faz em campo? Às vezes, a gente tem um jogador que não conquistou nada e é ídolo. Mas por quê? Porque ele foi raçudo, representou a torcida”, disse o goleiro Weverton, logo nos primeiros minutos.
A produção conta com a participação de Weverton, Gustavo Gómez, Dudu, entre outros jogadores do atual elenco; além do técnico Abel Ferreira, de torcedores que estavam presentes ao estádio Centenário e do atacante Deyverson, herói da final.
Toda a trajetória do clube até a conquista do título é recontada, com declarações dos atletas e da comissão técnica.
Assista ao documentário produzido pela Conmebol sobre o título do Palmeiras:
Ovacionado pelo público presente, Abel Ferreira falou sobre o Palmeiras, família e do livro “Cabeça Fria, Coração Quente”
A Arena Cultural Pólen, maior estande da 26ª edição da Bienal do Livro de São Paulo, transformou-se em arquibancada do Allianz Parque no final da tarde de quinta-feira, quando o técnico Abel Ferreira apareceu para palestrar. Ovacionado, o treinador era aplaudido e ouvia gritos de apoio a cada frase finalizada.
O mediador do bate-papo foi Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal no Brasil, que utilizou o livro “Cabeça Fria, Coração Quente” como guia para a conversa.
Abel iniciou o bate-papo agradecendo a todos que compareceram ao evento. “Estou muito nervoso”, disse. “Queria cumprimentar todos, independentemente do clube de vocês. Estou aqui como ser humano, como pessoa que gosta de ler, crescer e de aprender”, complementou.
O treinador, que separou algumas horas de seu dia de folga para atender os torcedores, discursou sobre sua trajetória no Palmeiras e foi além do futebol; houve momentos de reflexão sobre educação e de emoção ao falar sobre a família, além de descontração, como o gosto por novelas brasileiras e a revelação do exame de sangue alterado por causa do vício em doces.
“Sou formado em educação física e queria partilhar com vocês que são jovens: por favor, não cometam o erro de deixar de estudar. Se vossos pais trabalham para dar esta facilidade, agarrem com unhas e dentes. Os conselhos que posso dar neste evento tem a ver com estudo, literatura e educação”, declarou.
Por fim, Abel falou da conexão que sente com o Palmeiras e os torcedores e sobre o respeito. Confira:
A vez de Tiago Costa, auxiliar de Abel Ferreira
No período da manhã, outro membro da comissão técnica de Abel Ferreira foi à Bienal do Livro para palestrar: Tiago Costa. Auxiliar técnico responsável pela análise de desempenho, Costa esteve presente no Estande de Portugal.
O assistente falou da sua trajetória no futebol, desde o início no futsal até a escolha para ser treinador de campo; dos desafios para redigir o livro “Cabeça Fria Coração Quente” e de realizar sua função no Brasil, devido às dificuldades impostas pelo calendário; além dos valores inegociáveis da comissão técnica.
“O que o jogador de futebol precisa é de alguém que seja direto. Essas questões humanas, que pra mim valem muito, é um dos traços do trabalho do Abel. Entendemos a importância da saúde mental. Nós não treinamos jogadores de futebol, e sim homens. Temos a felicidade de estar em clube que também possui esses valores humanos. É um casamento perfeito”, disse.
“O vestiário saudável é mais importante para nós do que a tática. Quem chuta a bola ou dá o passe, nós pensamos que é o atleta, mas podemos pensar que é o homem”, acrescentou.
Ao final do bate-papo, Tiago Costa ainda atendeu aos torcedores presentes, autografando o livro, tirando fotos e separando alguns minutos para conversar.
O evento, transmitido pela TV Palmeiras/FAM, ocorreu na sede da Faculdade das Américas, na noite de segunda-feira, e foi restrito a 78 sócios Avanti sorteados. A quantidade de convidados faz referência ao ano de nascimento do treinador (1978).
Ao lado de seus auxiliares, Abel respondeu algumas perguntas realizadas pela própria TV do clube. O comandante revelou que a obra terá edições extras, com novas abordagens.
“Vamos fazer 1978 livros, com capa especial, que terão dois capítulos extras: sobre o Mundial e a Recopa. Sei que a primeira edição esgotou, vai haver uma nova. Fico contente por isso. Vamos ter uma segunda edição, sim. É o complemento, mas com as mesmas vertentes: solidário, com experiências, metodológico e fotográfico”, contou o treinador.
O livro tem 405 páginas e 78 capítulos. O treinador afirmou ter recebido ofertas de editoras grandes, mas preferiu publicar o trabalho na Garoa Livros, do editor Celso de Campos Júnior, como forma de incentivo. Os valores arrecadados pela venda da obra serão revertidos para duas ONGs: Fundação Ayrton Senna e Amigos do Bem.
“Esse livro é 50% de vitórias e 50% de derrotas, com conteúdo didático e fotográfico. O escritor foi o Tiago [Costa, analista de desempenho], e com certeza ele foi o que mais perdeu noites de sono, o que mais trabalhou. Mas todos nós participamos. Fizemos o livro como se fosse um ‘trabalho de grupo’, que ocorre nas escolas e nas faculdades. O livro surge também como forma de gratidão por tudo que o futebol tem dado a nós e às nossas famílias, é uma forma de retribuir com nossas experiências”, disse.
“Eu costumo dizer aos meus jogadores que, no Brasil, a cultura da leitura está crescendo aos pouquinhos. Para mim, a leitura é uma ferramenta poderosa, na qual você aprende sobre muitas coisas. Para mim, um livro é um amigo. Estou aqui sem minha família e os livros são minha companhia”, completou.
Abel Ferreira revela que a ideia era lançar o livro após a conquista da Libertadores de 2020
Ao comentar sobre o processo de elaboração do livro, o treinador disse que a previsão inicial de lançamento era após a conquista da Libertadores de 2020, sobre o Santos. Entretanto, o calendário do futebol brasileiro impediu que a obra fosse lançada naquele momento.
“Houve a ideia de lançar o livro em Portugal. Mas eu disse que não, o livro será lançado onde foram nossas experiências. No Brasil e por uma editora brasileira. De um ano para o outro, não houve férias e não houve tempo para fechar os processos e já estávamos jogando outra Libertadores. Tínhamos uma capa completamente diferente desta. Reformulamos a capa e, na final da Libertadores [contra o Flamengo], o livro estava praticamente finalizado e foi aí que demos o ‘xeque-mate’”, falou.
Abel Ferreira e a delegação palmeirense se reapresentam nesta terça-feira na Academia de Futebol para darem início à preparação para o Derby, que acontecerá na quinta-feira, pelo Campeonato Paulista, às 20h30.