O ano de 2024 na História do Palmeiras
A temporada de 2024 começou com a apresentação dos novos reforços: Lázaro, Bruno Rodrigues, Caio Paulista e o argentino Aníbal Moreno. Mas a grande esperança estava em Estêvão, que com 16 anos assombrava o mundo do futebol com sua incrível habilidade e capacidade de definição, além de uma maturidade incomum para a idade. “Melhor que Endrick!”, muitos diziam.
O primeiro desafio da temporada foi manter o título paulista, algo que o Verdão conseguiu quase em ritmo de treino. Enquanto esperava pela recuperação total de Dudu, gravemente lesionado no joelho no ano anterior, Abel Ferreira encaixava o time com os novos reforços e vencia os jogos sem maiores problemas, apesar de alguma dificuldade nos clássicos. O tricampeonato veio com apenas uma derrota, na partida de ida das finais contra o Santos. O título veio com uma vitória sobre o freguês praiano por 2 a 0 no Allianz Parque, sem sustos.
No início de abril começaram as disputas do Brasileirão e da Libertadores. Como de costume, a primeira fase da competição continental transcorreu sem sustos para o Verdão, que liderou o grupo que ainda tinha o Liverpool-URU, Independiente Del Valle e San Lorenzo – único time a arrancar pontos do Palmeiras, com dois empates.
No Brasileirão, o Verdão teve dois tropeços cujos pontos fariam muita falta mais tarde: impedido de jogar no Allianz Parque por conta da realização de shows musicais, o Palmeiras mandou dois jogos em Barueri, contra Inter e Athletico-PR, e perdeu os dois. A escolha do local contrariou muito Abel Ferreira, que preferia outras alternativas, mas teve que aceitar a preferência da presidente Leila Pereira, que também era a controladora do estádio.
O elenco sofreu alterações significativas no meio do ano, com as saídas de Luis Guilherme, Luan, Breno Lopes e principalmente de Endrick, vendido ao Real Madrid. As reposições foram o argentino Giay, promessa do San Lorenzo; Rômulo, destaque do Novorizontino no estadual; Mauricio, do Inter; e Felipe Anderson, ídolo da Lazio, que queria voltar ao Brasil. Além deles, o zagueiro Vitor Reis, destaque absoluto da base, foi promovido.
Dudu finalmente se recuperou e seu retorno foi muito comemorado pela torcida. Mas o ídolo não conseguiu voltar à forma anterior, com claros problemas para manter a intensidade. Suas arrancadas e explosões jamais foram vistas novamente.
Abel enfrentou dificuldades para estabelecer um bom encaixe tático com as novas peças, que viviam diferentes momentos físicos do resto do time. Estêvão tomou conta do lado direito, o que obrigou Felipe Anderson a aceitar um lugar do lado esquerdo, que não era onde se sentia mais à vontade. Raphael Veiga teve oscilações técnicas. E o time perdeu Piquerez, seriamente lesionado, fazendo com que o lado esquerdo sofresse muito, já que nem Vanderlan, nem Caio Paulista, substituíram o uruguaio a contento.
O resultado foi sentido nos jogos decisivos dos mata-matas. Os sorteios foram duros com o Palmeiras, tanto na Copa do Brasil, quanto na Libertadores: nas fases de oitavas-de-finais de ambas as competições, cruzou com os times que viriam a ser os campeões: Flamengo e Botafogo. Ambos os duelos foram disputados até os últimos lances e tiveram interferências diretas das arbitragens. No final, o Palmeiras não teve forças para eliminar os cariocas.
No fim de agosto, o Palmeiras tinha só o Brasileirão para disputar, o que dava uma boa perspectiva de conquista, já que os principais concorrentes ainda tinham outras competições para conciliar e o Verdão teria mais tempo para encaixar os reforços taticamente.
Infelizmente isso não aconteceu. Mesmo com Estêvão voando em campo, o time tinha dificuldades para se impor ofensivamente, sobretudo por deficiências nas finalizações. O volume de jogo era suficiente para arrancar vitórias contra os times mais fracos, mas o Verdão emperrou quando precisou enfrentar os adversários mais qualificados, deixando mais pontos importantes sobre a mesa.
Isso foi tristemente confirmado na rodada 36: depois de perseguir ferozmente o Botafogo por quase toda a campanha, o Palmeiras finalmente aproveitou um tropeço dos cariocas e assumiu a liderança do campeonato ao fim da rodada 35; o jogo seguinte seria no Allianz Parque contra o próprio Botafogo e uma vitória praticamente selaria o destino do campeonato – até um empate ficaria de bom tamanho, já que restariam apenas duas partidas para garantir o título com duas vitórias simples. Mas o jogo foi uma sucessão de lances aleatórios em que sempre prevaleceu o Botafogo, numa combinação de competência, sorte e erros de arbitragem, que determinaram a derrota por 3 a 1.
O título do Brasileiro ficou mesmo com o Botafogo, que também ficou com a Libertadores. O Palmeiras falhou em conquistar o tri brasileiro e teve que se contentar em fechar o ano com apenas a conquista do estadual – algo abaixo das expectativas da torcida, acostumada a anos de fartura.