O Palmeiras foi eliminado ontem da Libertadores da América pelo Athletico-PR, e a forma como tudo aconteceu machucou bastante a torcida. Ainda dentro do prazo de 24 horas para lamentar, o que não falta entre nós é a busca por culpados.
Antes de apontar o dedo em qualquer direção, precisamos reconhecer a atitude de nosso adversário, que soube jogar uma semifinal de Libertadores. Isso é o que acontece com quem tem no banco uma lenda como Luiz Felipe Scolari.
Apesar de todos os nossos erros, que enumeraremos a seguir, os paranaenses fizeram a parte deles. O Palmeiras nunca joga sozinho, sempre há um adversário pela frente.
Enfim, vamos à lista:
Arbitragem – houve erros graves, claros e indiscutíveis; houve diferença na utilização de critérios, e houve erros pequenos, quase imperceptíveis, que denotam como o apito do senhor Esteban Ostojich tinha um lado bem definido. E sabemos como o Palmeiras tem sido vítima constante dos erros dos árbitros mesmo com toda a tecnologia do VAR à disposição.
Montagem do elenco – Faltou no elenco um jogador com característica mais forte de marcação, para ajudar a proteger melhor a zaga e não dar espaços como o que Fernandinho encontrou para criar o primeiro gol. Jailson se machucou e o elenco não tem ninguém com características semelhantes. A montagem de elenco, por política financeira, segue padrões de time médio e a diferença nos níveis de Palmeiras e Athletico hoje é a espinha dorsal montada até 2020 pelo diretor anterior, que coincidentemente, hoje, está no adversário. Essa diferença já não foi suficiente para nos garantir uma classificação. O Palmeiras vai perder Scarpa no fim do ano; mais dia, menos dia, perderá Gómez, Veiga e Dudu, e se as reposições seguirem o padrão de 2021 para cá, o Palmeiras vai trocar de lugar com o Athletico no cenário do futebol brasileiro.
Diretoria – Além da política financeira questionável que vem estrangulando o trabalho da montagem do elenco, parece claro que estamos nas mãos de uma presidente que não domina o terreno. O Palmeiras não tem bastidor, e é por isso que as arbitragens deitam e rolam em cima de nosso time. O vídeo desastrado de Leila Pereira divulgado minutos depois da eliminação só evidencia, no pior momento possível, o quanto estamos nas mãos de pessoas que não sentem na carne nem 1% do que nós sentimos.
Time inocente – este ponto envolve uma discussão filosófica. Como esportistas, repudiamos antijogo, a cera e a pressão nos juízes (o famoso “bolinho”). O próprio Abel disse que isto, para ele, é um valor inegociável. Felipão, por sua vez, atira ele mesmo bolas no campo de jogo se for necessário. Enquanto tivermos o comportamento perfeito e os outros times fizerem isso contra nós, estaremos sempre em desvantagem, seremos sempre a virgem do prostíbulo. Existe alguma forma de neutralizar estas artimanhas sem nos igualarmos a eles? Qual é o limite entre a catimba aceitável e a falta de esportividade?
Murilo – foi mal nos dois jogos contra o Athletico e cometeu uma falha boba, que gerou sua expulsão e mudou o rumo do jogo. Ironicamente, vinha deixando a torcida muito satisfeita por ter entrado no lugar de Luan, tido como um ótimo zagueiro, mas com falta de sorte, que falha em decisões. Murilo, pelo desempenho em dois jogos, não serve? E Gustavo Gómez, que cometeu um pênalti em Jô aos 50 do segundo tempo na final do Paulista de 2020, só serve porque o Patrick acertou o pênalti? Afinal, qual seria a zaga ideal para o Palmeiras?
Abel Ferreira – é um comandante notável, com todas as características de um grande líder. Ele tem um plano, que quase sempre funciona. Mas já é possível notar um certo padrão nos planos que falham: damos muito espaço para os adversários, que vêm conseguindo gols em chutes de fora, que com alguma sorte acabam desviados e entrando em nosso gol. A bola desviada é um fator aleatório, mas nem tanto, já que os chutes poderiam não ter acontecido. Não seria este um ponto em que Abel, que refutou a fragilidade na entrevista pós-jogo dizendo que “o time estava fechado”, ainda poderia evoluir?
Torcida – demos show em Montevideo, em Abu Dhabi e em tantos estádios pelo Brasil. A atmosfera criada no duelo contra o Galo foi inesquecível. Nossa torcida parecia ter atingido o estado da arte das arquibancadas. Mas algo não funcionou contra o Athletico-PR. O estádio sentiu demais o gol do Pablo e virou um velório – e obviamente piorou com o gol do Terans, a cinco minutos o fim. O que deu errado?
Diante de uma lista tão grande, podemos concluir que não há exatamente nenhum grande culpado. Como quase sempre no futebol, o resultado acaba sendo uma somatória de fatores. Apontar o dedo apenas para uma direção seria uma enorme injustiça.
Se você veio até este texto buscando munição para a prática de linchamento virtual, é provável que esteja frustrado. Vai chamar isto de “passada de pano”. Se este é o caso, lamentamos o inconveniente, mas nossa proposta nunca foi essa.
Vamos tentar desenvolver cada ponto da lista acima numa série de lives nos próximos dias. Cada ponto terá a presença da equipe do Verdazzo, mais convidados da mídia palestrina e talvez até da mídia tradicional, mais os padrinhos do nosso projeto – afinal, é através das discussões de alto nível em nossos grupos que chegamos a esses temas.
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